Enquanto as emoções se voltavam para a pretensa nova política encarnada pela aliança Eduardo Campos-Marina Silva, gente de todos os partidos - incluindo a dupla recém-formada – insistia, repetia e promovia as piores práticas.
Ninguém se salvou. Retaliações, o velho toma-lá-dá-cá, vinganças explicitas, como a aprovação célere do projeto de lei que restringe aos novos partidos acesso ao fundo partidário e ao tempo de televisão. Com isso, a Rede de Marina terá percalços pelo menos até 2018, quando, se já tiver conseguido registro, poderá eleger bancada federal própria.
Por trás dessa maldade estava o PT da presidente Dilma Rousseff, abaladíssimo com a desarrumação do quadro sucessório que pretendia definido a seu favor um ano antes de o eleitor depositar o voto na urna.
Conforme o prometido, Dilma e sua turma estão mesmo fazendo o diabo: Mais Médicos, Mais Educação, mais dinheiro no caixa da Prefeitura de São Paulo para tentar vencer em um estado dominado por tucanos há 18 anos.
Na quinta-feira, em pleno horário de trabalho, a presidente se reuniu por três horas no Alvorada com o marqueteiro João Santana, o ex-ministro Franklin Martins, o ministro Aloizio Mercadante e o presidente do PT, Rui Falcão. Ali, sob a batuta de Lula, a ordem foi socar o fígado do PSB de Campos, retirando-lhe apoio em palanques estaduais, e reforçar a turma aliada com mais cargos. Reforma ministerial técnica, como Dilma mentiu pretender, nem pensar.
Lula, ex-presidente
O ódio (e o medo) é tamanho que Lula cogita até em retardar a anunciada aposentadoria de José Sarney para garantir palanque a Dilma no Amapá, estado com 450 mil eleitores.
Na sexta-feira, em Mossoró, onde a pré-campanha do governador pernambucano o colocou na boca do povo como candidato imbatível, “o JK do Nordeste”, o PT mostrou suas garras na faixa “Traidor do PT e do Brasil”.
Igualando-se aos que em nada inovam, Campos fez política como o avô e, entre promessas, um e outro afago programado, faltou com a verdade ao dizer que o PSB teria abdicado da candidatura própria em 2010 a pedido de Lula.
De olho no passado que havia renegado, o PSDB anda trôpego. Nada é mais démodé do que a rixa entre serristas e aecistas. Algo improdutivo para a legenda - que há tempos se afunda em seus dramas existenciais - e para o País, carente de uma oposição.
Já Marina, pregadora da nova política, do fim da dicotomia PT x PSDB, também escolheu se vestir com panos velhos. Ao desancar com o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), apontou o quadro em que aposta: “nós”, os puros, versus “eles”, os demônios.
Os defeitos de Lula continuam a fazer escola.
Mary Zaidan é jornalista. Trabalhou nos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo, em Brasília. Foi assessora de imprensa do governador Mario Covas em duas campanhas e ao longo de todo o seu período no Palácio dos Bandeirantes. Há cinco anos coordena o atendimento da área pública da agência 'Lu Fernandes Comunicação e Imprensa'. Escreve aqui aos domingos. @maryzaidan
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