terça-feira, 31 de maio de 2011

Por que ajudar os vizinhos


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As discussões sobre a atuação da política externa brasileira nos países vizinhos revelam que não há uma visão madura, ainda, sobre o papel e tarefas de um país hegemônico, como o Brasil tende a ser na América do Sul. Há grande resistência a apoiar maior comprometimento orçamentário e político do país com a região. Uma resistência em parte justificada pela retórica simplista de autoridades brasileiras, que usam com alguma facilidade termos como "solidariedade", raramente retribuídos com ideias e atos equivalentes pelos vizinhos - que insistem em ver no Brasil uma espécie de ameaça subimperialista.
As vantagens comerciais da interação com os países sul-americanos são evidentes no comércio: responsável pela absorção de mais de 18% das exportações brasileiras, a América do Sul tem gerado saldos comerciais ao Brasil superiores a US$ 10 bilhões desde 2005. Entre 80% a 84% do que o continente compra do Brasil são mercadorias manufaturadas, de maior valor agregado, produtos para os quais é um mercado maior que o dos países desenvolvidos, segundo as estatísticas oficiais.
É lugar comum, também, lembrar que a expansão das empresas brasileiras encontra na América do Sul seu trampolim ideal, e os números de investimento do Brasil no exterior comprovam a tese. O Paraguai, por exemplo, com seu ambiente hostil aos negócios, viu os investimentos do Brasil em negócios locais aumentarem de pouco mais de US$ 80 milhões em 2005 para mais de US$ 140 milhões em 2006, segundo o Banco Central, e ultrapassarem US$ 400 milhões em 2009, segundo estimativas locais.
Brasil investiu mais de US$ 400 milhões no Paraguai em 2009
A cifra tende a subir com a construção de uma linha de transmissão que regularizará o fornecimento de energia à capital Assunção. O aumento dos investimentos, que se dirigem em grande quantidade para a agropecuária, metalurgia e confecções, mas também crescem em ramos como hotelaria, calçados, cimento e frigoríficos, faz com que o desempenho econômico do país cada vez mais tenha reflexos sobre o setor privado brasileiro. Previsões como a de que o Paraguai será o quarto exportador mundial de carne até 2014, são notícia de ganhos para empresários do Brasil.
Passada a época em que se imaginava que o governante venezuelano, Hugo Chávez, seria capaz de disputar influência com o governante brasileiro, as eleições no entorno sul-americano mostram que, para além da influência econômica, o modelo democrático e inclusivo adotado no Brasil cativa os eleitores da região, a ponto de candidatos antes radicais buscarem apresentar-se aos seus países como seguidores da experiência brasileira - como é o caso, agora, de Ollanta Humala, no Peru.
A expansão dos interesses empresariais brasileiros e da influência política do país ocorre, porém, sem um esforço explícito de exportação de modelos políticos ou econômicos (pelo contrário, demonstra-se no Brasil até certa aversão em influenciar explicitamente os vizinhos, contrariamente aos Estados Unidos, que fazem da internacionalização de seus valores fio condutor ideológico da política externa).
Brasileiros, em geral, parecem crer na vocação natural do país para a liderança e confiar que ela virá por gravidade, pelo reconhecimento espontâneo dos países na esfera de influência brasileira. Não será assim. Continente em crescimento, a América do Sul é alvo de investidores internacionais e já é o maior destino dos investimentos chineses no exterior, e absorveu cerca de US$ 29,5 bilhões, metade dos quais nos países vizinhos do Brasil. Grande parceiro comercial e gigante no cenário global, a China tende a ganhar influência crescente no entorno regional, onde já desloca exportações brasileiras.
É comum, para desqualificar programas de ajuda brasileiros aos vizinhos, lembrar que há regiões pobres no Brasil necessitando também de ajuda. Argumento capenga, que só prospera entre os que ignoram que os laços econômicos e de ajuda internacional são instrumento poderoso de influência e pressão sobre governos estrangeiros. O apoio a economias mais frágeis também traz benefícios ao doador, como bem percebe a Alemanha, maior contribuinte dos fundos de auxílio e coesão da União Europeia e principal beneficiário da dinâmica econômica criada no bloco.
A experiência europeia, aliás, ao ilustrar o valor da ajuda regional para as economias que a financiam, indica também atitudes que o governo brasileiro, em seus impulsos de solidariedade regional, deveria copiar.
A ênfase, na Europa, não é na concessão de recursos a fundo perdido para uso discricionário dos governos. Fundos, inclusive os destinados a minimizar catástrofes naturais, são concedidos com base em planos detalhados e em compromissos assumidos pelos beneficiários. Algo parecido se tenta, no Mercosul, com o Focem, o fundo de "convergência estrutural" do bloco. O Brasil precisa ir além, e discutir abertamente métodos e modalidades de aproveitar o impulso do país para construir um ambiente econômico e institucional favorável na vizinhança.
Na semana passada, esta coluna trocou unidades, por engano, e grafou erradamente valores que serão pagos a mais pela cessão de energia do Paraguai em Itaipu ao Brasil. O correto é dizer que, em 2008, o adicional por cessão de energia foi de US$ 120 milhões, valor que caiu, em 2010, para US$ 104 milhões e seguirá caindo. Isso significa que o acordo com o Paraguai recém-aprovado pelo Congresso custa cerca de US$ 208 milhões a mais por ano, ou menos, ao país.
Não é uma quantia absurda para buscar a pacificação diplomática das relações com o vizinho. Nem por isso o Brasil deve se desobrigar de exercer maior influência e pressão para que Itaipu não sirva apenas como caixa para gastos decididos arbitrariamente no país ao lado.
Sergio Leo é repórter especial em Brasília e escreve às segundas-feiras

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Frio

Que bode!

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Transformação demográfica já afeta a competitividade?

O Brasil está passando por substancial transformação demográfica. A taxa de crescimento populacional passou de 1,8%, em 1990, para apenas 0,9%, em 2010. Em 1990, a taxa de fecundidade era de 2,8 filhos por mulher; mas, em 2010, essa taxa já havia caído para apenas 1,9, número bem abaixo da taxa de reposição populacional de 2,1. Em 1990, 35% da população estava na faixa de 0 a 14 anos. Essa parcela caiu para 25% em 2010 e deverá ser de apenas 17% em 2023. Já a parcela da população na faixa de 60 anos ou mais era de 7% em 1990, passou para 10% em 2010 e deverá superar a parcela da população jovem ainda antes de 2023.
Essa significativa mudança demográfica está afetando a competitividade da economia brasileira e o canal de transmissão é o mercado de trabalho, por meio da população em idade ativa (PIA, pessoas entre 15 e 60 anos). Quando a taxa de crescimento da PIA aumenta rapidamente, a oferta de trabalho também aumenta bastante. Quando a taxa de crescimento da PIA aumenta lentamente, a oferta de trabalho cresce pouco. Mas quando a taxa de crescimento da PIA é negativa, a oferta de trabalho diminui. Como a PIA é o principal fator determinante da oferta de trabalho, mudanças no seu nível e composição têm impactos substanciais na taxa de desemprego e na formação dos salários.
Embora a PIA ainda esteja crescendo, sua taxa de crescimento vem diminuindo rapidamente, o que ajuda a explicar, juntamente com a mais rápido expansão da economia, a trajetória de queda do desemprego e o aumento dos salários reais. Nossas estimações sugerem que a queda de um ponto percentual na taxa de crescimento da PIA implica num aumento de R$ 216 nos salários médios reais do setor privado. De fato, a taxa média de desemprego passou de 11,3%, em 2001, para 6,7%, em 2010, enquanto que o salário médio real do setor privado passou de R$ 971 para R$ 1.387 no mesmo período. A redução da taxa de crescimento da PIA ao longo dos próximos anos será acompanhada por maior pressão no mercado de trabalho. Essa pressão será ainda mais aguda a partir da década de 2020, quando a taxa de crescimento da PIA tornar-se-á negativa.
Queda de um ponto percentual na taxa de crescimento da PIA implica aumento no salário médio de R$ 216
O problema é que a aceleração dos salários reais pode afetar a competitividade internacional por elevar os custos de produção. O impacto será tanto maior nos setores mais expostos à competição internacional e com maior parcela dos custos do trabalho nos custos finais.
Esse é o caso da indústria manufatureira em geral, em contraste com os setores produtores de commodities, em que os custos do trabalho tendem a ser uma parcela bem mais modesta dos preços ao produtor. O aquecimento do mercado de trabalho beneficia os trabalhadores, devido a salários mais elevados, mas ameaça os empregos, especialmente os da manufatura.
O indicador câmbio efetivo/salário, indicador comumente utilizado para examinar a competitividade das exportações, mostrou forte valorização ao longo da década passada, o que implicou na perda de competitividade dos produtos industrializados. A valorização do indicador resultou da substancial valorização do real, mas, também, do aumento dos salários.
A figura mostra a relação câmbio efetivo/salário e a participação da indústria manufatureira no PIB. A correlação entre os indicadores é de 0,79 e sugere que a queda da competitividade internacional da indústria foi acompanhada muito de perto pela perda da sua participação no PIB. A perda de competitividade é danosa para o país, mas é especialmente problemática para o setor industrial, que concorre diretamente com países cujos custos do trabalho vêm aumentando mais lentamente e/ou em que os salários médios são bem menores que no Brasil, e em que políticas vigorosas são implementadas para proteger os interesses de suas indústrias. Esses são os casos da China e Índia. Tudo o mais constante, as mudanças demográficas contribuirão para que o setor primário ganhe participação na economia e a indústria manufatureira perca participação.
Para que se mitigue essa tendência, será preciso que o país responda e se adapte às mudanças demográficas. As principais respostas são aumentar significativamente a produtividade do trabalho e expandir a população trabalhadora.
O aumento da produtividade do trabalho requer investimentos que levem educação de qualidade para todos e investimentos em infraestrutura, capital fixo, tecnologia e inovação. Requer, também, encorajar investimentos em setores de mais alta produtividade e valor adicionado. Será preciso, ainda, estimular o treinamento continuado dos trabalhadores, requalificar os trabalhadores maduros que retornam ao mercado de trabalho, aumentar a produtividade do setor informal, fomentar o aumento da produtividade das micro e pequenas empresas e incentivar a meritocracia, de forma a valorizar a acumulação de capital humano e o bom desempenho no trabalho. O aumento da produtividade do trabalho é o requisito mais importante para a manutenção do poder de compra dos salários reais e para a criação de empregos.
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No que tange à expansão da população trabalhadora, será preciso introduzir reformas trabalhistas e previdenciárias. A flexibilização da legislação trabalhista será importante para encorajar mais pessoas a participarem do mercado de trabalho, incluindo os jovens, mulheres e os já aposentados que queiram voltar a trabalhar. A reforma da legislação previdenciária será importante para inibir as pessoas de se aposentarem tão prematuramente no Brasil.

Jorge Arbache é assessor da presidência do BNDES e professor de economia da UnB.:jarbache@gmail.com

Uma defesa do "erro" de português

O pessoal pegaram pesado. Da esquerda à direita, passando por vários amigos meus, a imprensa foi unânime em atacar o livro didático "Por uma Vida Melhor", de Heloísa Ramos. O suposto pecado da obra, que é distribuída pelo Programa do Livro Didático, do Ministério da Educação, é afirmar que construções do tipo "nós pega o peixe" ou "os livro ilustrado mais interessante estão emprestado" não constituem exatamente erros, sendo mais bem descritas como "inadequadas" em determinados "contextos".
Os mais espevitados já viram aí um plano maligno do governo do PT para pespegar a anarquia linguística e destruir a educação, pondo todas as crianças do Brasil para falar igualzinho ao Lula. Outros, mais comedidos, apontaram a temeridade pedagógica de dizer a um aluno que ignorar a concordância não constitui erro.
Eu mesmo faria coro aos moderados, não fosse o fato de que, do ponto de vista da linguística --e não o da pedagogia ou da gramática normativa--, a posição da professora Heloísa Ramos é corretíssima, ainda que a autora possa ter sido inábil ao expô-la.
Acredito mesmo que, excluídos os ataques politicamente motivados, tudo não passa de um grande mal-entendido. Para tentar compreender melhor o que está por trás dessa confusão, é importante ressaltar a diferença entre a perspectiva da linguística, ciência que tem por objeto a linguagem humana em seus múltiplos aspectos, e a da gramática normativa, que arrola as regras estilísticas abonadas por um determinado grupo de usuários do idioma numa determinada época (as elites brancas de olhos azuis, se é lícito utilizar a imagem consagrada pelo ex-governador de São Paulo Claúdio Lembo). Podemos dizer que a segunda está para a primeira assim como a pesquisa da etiqueta da corte bizantina está para o estudo da História. Daí não decorre, é claro, que devamos deixar de examinar a etiqueta ou ignorar suas prescrições, em especial se frequentarmos a corte do "basileus", mas é importante ter em mente que a diferença de escopo impõe duas lógicas muito diferentes.
Se, na visão da gramática normativa, deixar de fazer uma flexão plural ou apor uma vírgula entre o sujeito e o predicado constituem crimes inafiançáveis, na perspectiva da linguística nada disso faz muito sentido. Mas prossigamos com um pouco mais de vagar. Se os linguistas não lidam com concordâncias e ortografia o que eles fazem? Seria temerário responder por todo um ramo do saber que ainda por cima se divide em várias escolas rivais. Mas, assumindo o ônus de favorecer uma dessas correntes, eu diria que a linguística está preocupada em apontar os princípios gramaticais comuns a todos os idiomas. Essa ideia não é exatamente nova. Ela existe pelo menos desde Roger Bacon (c. 1214 - 1294), o "pai" do empirismo e "avô" do método científico, mas foi modernamente desenvolvida e popularizada pelo linguista norte-americano Noam Chomsky (1928 - ).
Há de fato boas evidências em favor da tese. A mais forte delas é o fato de que a linguagem é um universal humano. Não há povo sobre a terra que não tenha desenvolvido uma, diferentemente da escrita, que foi "criada" de forma independente não mais do que meia dúzia de vezes em toda a história da humanidade. Também diferentemente da escrita, que precisa ser ensinada, basta colocar uma criança em contato com um idioma para que ela o adquira quase sozinha. Mais até, o fenômeno das línguas crioulas mostra que pessoas expostas a pídgins (jargões comerciais normalmente falados em portos e que misturam vários idiomas) acabam desenvolvendo, no espaço de uma geração, uma gramática completa para essa nova linguagem. Outra prova curiosa é a constatação de que bebês surdos-mudos "balbuciam" com as mãos exatamente como o fazem com a voz as crianças falantes.
O principal argumento lógico usado por Chomsky em favor do inatismo linguístico é o chamado Pots, sigla inglesa para "pobreza do estímulo" ("poverty of the stimulus"). Em grandes linhas, ele reza que as línguas naturais apresentam padrões que não poderiam ser aprendidos apenas por exemplos positivos, isto é, pelas sentenças "corretas" às quais as crianças são expostas. Para adquirir o domínio sobre o idioma elas teriam também de ser apresentadas a contraexemplos, ou seja, a frases sem sentido gramatical, o que raramente ocorre. Como é fato que os pequeninos desenvolvem a fala praticamente sozinhos, Chomsky conclui que já nascem com uma capacidade inata para o aprendizado linguístico. É a tal da Gramática Universal.
O cientista cognitivo Steven Pinker, ele próprio um ferrenho defensor do inatismo, extrai algumas consequências interessantes da teoria. Para começar, ele afirma que o instinto da linguagem é uma capacidade única dos seres humanos. Todas as tentativas de colocar outros animais, em especial os grandes primatas, para "falar" seja através de sinais ou de teclados de computador fracassaram. Os bichos não desenvolveram competência para, a partir de um número limitado de regras, gerar uma quantidade em princípio infinita de sentenças. Para Pinker, a linguagem (definida nos termos acima) é uma resposta única da evolução para o problema específico da comunicação entre caçadores-coletores humanos.
Outro ponto importante e que é o que nos interessa aqui diz respeito ao domínio da gramática. Se ela é inata e todos a possuímos como um item de fábrica, não faz muito sentido classificar como "pobre" a sintaxe alheia. Na verdade, aquilo que nos habituamos a chamar de gramática, isto é, as prescrições estilísticas que aprendemos na escola são o que há de menos essencial, para não dizer aborrecido, no complexo fenômeno da linguagem. Não me parece exagero afirmar que sua função é precipuamente social, isto é, distinguir dentre aqueles que dominam ou não um conjunto de normas mais ou menos arbitrárias que se convencionou chamar de culta. Nada contra o registro formal, do qual, aliás, tiro meu ganha-pão. Mas, sob esse prisma, não faz mesmo tanta diferença dizer "nós vai" ou "nós vamos". Se a linguagem é a resposta evolucionária à necessidade de comunicação entre humanos, o único critério possível para julgar entre o linguisticamente certo e o errado é a compreensão ou não da mensagem transmitida. Uma frase ambígua seria mais "errada" do que uma ferisse as caprichosas regras de colocação pronominal, por exemplo.
Podemos ir ainda mais longe e, como o linguista Derek Bickerton (1925 - ), postular que existem situações em que é a gramática normativa que está "errada". Isso ocorre quando as regras estilísticas contrariam as normas inatas que nos são acessíveis através das gramáticas das línguas crioulas. No final acabamos nos acostumando e seguimos os prescricionistas, mas penamos um pouco na hora de aprender. Estruturas em que as crianças "erram" com maior frequência (verbos irregulares, dupla negação etc.) são muito provavelmente pontos em que estilo e conexões neuronais estão em desacordo.
Mais ainda, elidir flexões, substituindo-as por outros marcadores, como artigos, posição na frase etc., é um fenômeno arquiconhecido da evolução linguística. Foi, aliás, através dele que os cidadãos romanos das províncias foram deixando de dizer as declinações do latim clássico, num processo que acabou resultando no português e em todas as demais línguas românicas.
A depender do zelo idiomático de meus colegas da imprensa, ainda estaríamos todos falando o mais castiço protoindo-europeu.
Não sei se algum professor da rede pública aproveita o livro de Heloísa Ramos para levar os alunos a refletir sobre a linguagem, mas me parece uma covardia privá-los dessa possibilidade apenas para preservar nossas arbitrárias categorias de certo e errado.

Hélio Schwartsman
Hélio Schwartsman, 44 anos, é articulista da Folha. Bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001.Escreve para a Folha.com.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Ismália - Alphonsus de Guimaraens

Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Ta usando...

ver Ratinho??? :D