terça-feira, 30 de abril de 2013

Bom casamento!

Pra nao perder a msg, fica salvo aqui os "Parabens" enviados pra Lorena, na vespera do gde dia!!

Bruno:

"Voce ja percebeu que a sua mae sempre me apresenta como seu "amigo-irmao"? Entao, acho que eh um pouco disso msm. E como seu meio irmao, acho que tenho que te deixar uma mensagenzinha (mil?), nessa vespera de dia tao especial (ja q amanha vc vai estar na correria, estressada e preocupada! Tente relaxar, estaremos bebendo whisky com o Luiz hahhahah)

Parabens! Nao sei se usa falar isso, mas eh o que eu tenho pra te falar. Parabens por ser uma menina mulher e uma mulher menina. Parabens por ser uma pessoa tao meiga, esforçada e verdadeira! Voce merece toda a felicidade do mundo. Que deus continue a te proteger, e abençoe sua nova familia! Que voces sejam felizes e tenham mta paz. Que nossos filhos (daqui um tempo), aprendam o toque dos loiros com a gente!
Voce eh mto especial pra mim! O LRMG tb eh! Fico imensamente grato por participar da vida de voces e do casamento."
Vc eh uma das pessoas mais especiais da minha vida! Loira, 87, guarana, qual eh a musica, ginastica da cemig, carnavais e pseudo entrevistas de emprego! A menina de moleton azul piscina, tranças e aparelhos nos dentes da faculdade! Minha amiga e irma! Minha afilhada de casamento!
Um super beijo e procure relaxar no dia de amanha! Nos vemos a noite (e prepare a maquina que levo roupas sujas!!!)

Lorena:

"Loirooooo! Nao vale me fazer chorar agora!!! Nossa... Fiquei muito emocionada! Obrigada por tudo.
Vc sabe que eh sim meu amigo irmão!
E nao eh por eu te falar isso sempre que estamos bêbados!
Eh pq acho que da pra sentir que fico mais feliz quando vc está perto
Acho que esse momento nao seria tão especial se vc, a Ana e o Igor (por cotas) nao estivessem na minha vida"

Bode III

Esquecer os livros e nao ter nada pra ler no aviao!!

Bendito iphone (carregado) salvador!!



Bode II

Odeio jogos do iPhone, mas to viciado no Flow!!! Pena que nao saio de uma fase!

Igor, ajudaaaaaa!



Bode!

E sempre depois de um fds perfeito, vem uma semana puxada e, logicamente, o BODE

:/

Padrinhos mais bonitos!

Sim, nos somos os mais lindos e animados!!!

Ps: será que alguem gravou o Gangnam Style bombante????





Casamento de Lorena e Luiz

Enfim, o primeiro casamento do G6!!

O pessoal de Sao Paulo fala que é engraçado, que nós namoramos todos juntos: LeL, AeB e JeC. Acho que as vezes é meio verdade: saimos juntos, brigamos juntos, fazemos (quase) td juntos!

E o primeiro casamento é tb uma parte nossa! Ainda mais de Lorena e Luiz, que passamos tantas coisa juntos! Viver o namoro e, mais que isso, os momentos do casamento (noivado, casa, presentes, despedidas de solteiro, cha de panela etc) foi bem legal!

Felicidade ao casal do coraçao!!



Vinho na serra

Amigos, vinhos, comidinha gostosas e o frio da serra! Nao tem erro o sabado com essa combinacao!

Ok, a serra as vezes é meio tensa e o frio tava matando! Mas as companhias valem qqr "sacrificio"!!!!





A ocasiao faz o ladrao

Sempre que eu vou Uberlandia, fico olhando as planataçoes de cima, os pivos e tal. Acho mto bonito e, graças ao sentimento de Produzir Mais, Conservar Mais e Melhorar Vidas (araaam), eu acho que trabalho em algo legal.
Fornecendo produtividade, alimentos e saude.

Dai fiquei pensando o que um Faficheiro (com td respeito, eu tb ja fui hahha), tipo o Liszt deve pensar ao ver isso: absurdo, monopolio, latifundio, exploraçao...

Será que alguem ta certo????

terça-feira, 23 de abril de 2013

Eu e Voce

Leitura de CNF > CGH, sussa



sexta-feira, 19 de abril de 2013

Os economistas que disputam 2014

Por Maria Cristina Fernandes, do Valor


Aécio Neves e Eduardo Campos formaram-se em economia na década da hiperinflação.
Aécio entrou para o curso de Economia da Pontifícia Universidade Católica do Rio aos 19 anos. Transferiu-o para a PUC de Minas onde se formaria em 1984, aos 24 anos.
Eduardo Campos entrou para o curso de economia da Universidade Federal de Pernambuco em 1982, aos 16 anos e se formaria quatro anos depois.
Onde cortar para a conta fechar vai ficar para 2015
Aécio dividiu-se entre a faculdade e o governo do avô, eleito em Minas em 1982.
No último ano do curso, Campos presidiu o Diretório Acadêmico da Faculdade de Economia. O brasilianista Werner Baer percorria escolas brasileiras e oferecia bolsas de pós-graduação na Universidade de Illinois. Tentado, Eduardo optaria por ficar em Pernambuco para assessorar o avô.
Tivesse aceito, seria colega de outro economista brasileiro formado naquela atribulada década de 1980, Alexandre Tombini. Depois de concluir economia na Universidade de Brasília em 1984, Tombini foi levado por Baer no ano seguinte para Illinois de onde sairia PhD.
Quando os três economistas da mesma geração deixavam a universidade, Dilma Rousseff, outra economista, assumia a Secretaria de Finanças da Prefeitura de Porto Alegre.
Daquela atribulada década de 1980 até hoje, dois momentos passaram à história como aqueles em que o adiamento de medidas econômicas pelo calendário eleitoral mais impacto tiveram sobre a política e a economia.
Os três economistas que devem se encontrar em 2014 assistiram àqueles momentos em postos distintos.
A história é conhecida. Em 1986 José Sarney via o Plano Cruzado vazar por todos os lados com o fracasso do congelamento. Seis dias depois da eleição que deu ao PMDB de Sarney 22 dos 23 governos estaduais e mais da metade das cadeiras da Câmara dos Deputados, veio o Plano Cruzado II, que liberou a inflação represada e afundou os anos finais do sarneísmo.
Aécio foi um dos 260 deputados eleitos na esteira do Plano Cruzado. No meio do mandato constituinte entraria como fundador no partido que até hoje tem no combate à inflação seu mais importante ativo eleitoral.
A mesma eleição levaria Miguel Arraes de volta ao governo do Estado e, com ele, o neto se tornaria chefe de gabinete. A crise aberta com o fracasso do Plano Cruzado faria sangrar o PMDB. Arraes deixaria o partido em direção ao PSB levando o neto.
O fracasso do Plano Cruzado II também precipitaria a candidatura de Leonel Brizola à Presidência na qual Dilma se engajaria, aproximando-se dos petistas gaúchos no segundo turno com o apoio a Luiz Inácio Lula da Silva.
Doze anos e muitos planos depois o Brasil mais uma vez via coincidirem calendário eleitoral e a premência de medidas econômicas impopulares.
Fernando Henrique Cardoso disputou a reeleição em 1998 com sinais evidentes de deterioração do Real. Seus efeitos só chegariam à população dois meses depois da reeleição quando o governo se decidiu pela desvalorização da moeda.
Naquele ano Aécio seria reeleito à Câmara dos Deputados com a maior votação nominal do país e, neste mandato, chegaria à Presidência da Casa.
Em 1998, depois de passar quatro anos em oposição a FHC e enfrentar o desgaste da operação capitaneada pelo neto na emissão de precatórios judiciais, Arraes perderia a reeleição.
Naquela eleição o PT conquistaria o governo gaúcho e convidaria a então doutoranda em economia na Unicamp, Dilma Rousseff, para a secretaria de Minas e Energia, cargo que exercia ao conhecer Lula.
Um economista que gere uma das maiores carteiras de investimento do país e não frequenta a Casa das Garças diz que desde a chegada do PT ao poder este é o momento que mais se assemelha àqueles vividos em 1986 e 1998.
Não vê como o que chama de desalinhamento de juros, câmbio e salários possa chegar até o fim deste governo sem cobrar um preço exageradamente alto em 2015.
Desta vez, a encruzilhada de calendário eleitoral e política monetária atingem mais definitivamente Aécio e Campos. Os dois contendores de Dilma distinguiram-se em suas reações ao Copom.
Talvez protegido pelo colchão de segurança de seu partido no mercado, Aécio classificou de 'lamentável' os 0,25% do Copom, associando a alta à falta de compromisso da presidente com os pilares da economia estabelecidos no governo tucano.
Um economista foi contratado para encontrar-se semanalmente com Aécio. Ainda não se conhecem suas ideias de política econômica mas sabe-se que, no governo, o senador mineiro seria mais próximo dos pais do Real do que o candidato tucano que o antecedeu, José Serra.
Campos não goza das mesmas referências de seu provável adversário de 2014. Os encontros já havidos entre o governador e economistas da Casa das Garças foram negados por estes últimos. Talvez por isso precise ser mais claro sobre o que pensa.
Depois de tergiversar nos últimos tempos sobre o tema, o governador deu uma sinalização que não o distancia da atual condução ao dizer que um aumento na taxa básica de juros não seria um desastre.
"A política monetária tem que funcionar na direção de preservar uma conquista brasileira, que foi a contenção da inflação". A frase é de Campos, mas poderia ser de Dilma.
Se a política monetária for capaz de segurar a inflação, a presidente ganha tempo para não colocar a questão fiscal em jogo. Daqui até a eleição de 2014 a curiosidade dos investidores em saber onde e como os gastos públicos serão cortados aumentará tanto quanto a disposição dos postulantes em não se pronunciar sobre o tema.
Se o Copom continuar nessa toada os extraordinários 96,5% de reajustes salariais acima da inflação em 2012 (Dieese) podem não se repetir este ano. Mais difícil é conter a pressão de gastos públicos atrelados ao salário mínimo.
O contrato social em vigor prevê carga tributária elevada para financiar a expansão do consumo e dos investimentos, mas apenas o primeiro quesito foi alcançado. Não se espere que os candidatos economistas respondam se será possível fazê-lo sem revogar a lei que indexa o salário mínimo.
Maria Cristina Fernandes é editora de Política. Escreve às sextas-feiras
E-mail: mcristina.fernandes@valor.com.br


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quarta-feira, 17 de abril de 2013

Nós, incompletos

Por Ivan Martins, da Época On-line


Gente perfeita não precisa dos outros. São tipos como você e eu que necessitam das qualidades dos parceiros. Eles nos emprestam organização, paciência e disciplina, em troca de humor, espontaneidade e imaginação. Eles nos dão coragem quando somos covardes, nos acalmam se estamos em fúria e elucidam, com a sua inteligência, tramas que nós seriamos incapazes de enxergar. Eles não são melhores do que nós, mas são diferentes – e isso, boa parte das vezes, é essencial. 

Enfatizo tamanha obviedade porque estamos sufocados pela ideia de perfeição. Para garantir a nossa posição no relacionamento (e no mundo) temos de ser bonitos, inteligentes e bem-sucedidos. Além de totalmente independentes, claro: estou com você porque eu quero, não porque preciso, entendeu? Precisar do amor e da atenção do outro é feio. 
Tenho um amigo que há pouco menos de um mês quebrou o braço direito. Nas primeiras semanas depois da queda – e da cirurgia que se seguiu – ele virou um dependente físico. Precisava da namorada para amarrar o seu sapato, ajudá-lo a tomar banho, vestir a camiseta e cortar o bife. Vendo os dois naquela cena de enfermagem, num almoço de domingo, me ocorreu que, sem ela, ele estaria frito. Iria se virar de algum jeito, claro, mas sem a sensação gostosa de ser cuidado e querido, que deve ter feito diferença enorme durante a chatice da recuperação. 
Acho que esse caso encerra uma metáfora sobre os nossos relacionamentos. 
Nós todos nascemos com algo quebrado dentro de nós. Essa fratura primordial impede a auto-suficiência e exige a presença do outro. Uma pessoa amada, querida ou apenas desejada mitiga a nossa dor original e provê, com a sua presença, algumas sensações essenciais. Ela nos dá o prazer do contato corporal, ela garante a segurança de não estarmos sós, ela oferece, com seus olhares e seus gestos, a admiração e o carinho sem o qual a nossa personalidade murcha. 
Todos precisam de atenção, mas nem todos são capazes de aceitá-la calmamente. Ao sentir-se dependente – isto é, ligado ao outro – muita gente pira. Arruma razões fúteis para brigar, enlouquece de ciúme, sente-se sufocar pela presença do outro. Ao final, dá um jeito de chutar o pau da barraca e acabar com aquilo, para enlouquecer de dor logo em seguida. É um paradoxo triste e comum. As pessoas sofrem sozinhas, mas não conseguem permitir que alguém chegue tão perto a ponto de comovê-las - e ameaçá-las com a possibilidade de uma dor ainda maior. 
Isso tem a ver também com o espírito do tempo que vivemos. 
As pessoas tornaram-se vigorosamente individualistas. As virtudes do século XXI são aquelas do sujeito solitário e decidido que se impõe a um mundo amorfo. Pense nos heróis da nossa época: Steve Jobs, Neymar e até a presidente Dilma. Eles fazem tudo sozinhos, não fazem? O resto da empresa, do time, do governo, existe apenas para executar sua vontade onisciente ou para permitir que ele ou ela exerça o seu gênio autoritário. 
Esse mito – da pessoa que não precisa de ninguém - é uma falsidade que invadiu o nosso modo de pensar. E até a nossa intimidade. Agora, todos seremos gênios solitários. Ou pelo menos burros independentes. Bonito é não precisar emocionalmente de ninguém. 
Acho isso tudo uma babaquice, claro. Nós precisamos dos outros. Sempre. Do cara que nos vende o bilhete de metrô à mulher que nos abraça no meio da noite, somos profundamente dependentes das pessoas que nos cercam. Sem as ideias e os sentimentos alheios o nosso próprio mundo não avança – e não há nada de errado em admitir isso. 
Se for o caso, claro, a gente se aguenta sozinho. Todos já passamos por isso e é bom saber que resistimos. Estar só, afinal, pode ser inevitável - mas não precisamos fingir que é a melhor maneira de viver. Na qualidade de pessoas imperfeitas e dependentes, florescemos na presença de outros como nós, para quem a nossa presença também é essencial. Entender isso ajuda a ter paciência com quem está ao lado. E a desfrutar melhor da sua presença. A nossa humanidade requer o outro. Sejamos humildes. Sejamos modestos. Quanto mais desarmados estivermos na presença do outro, melhor. 
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)  

A fila da jaca

Por Nuno Manna, da Piauí


São seis da manhã de uma terça-feira de março, e os primeiros visitantes começam a circular pelas aleias do Parque Municipal Américo Renné Giannetti – uma grande área verde em pleno Centro de Belo Horizonte. No prédio administrativo, um funcionário recebe um senhor e o conduz até o depósito onde há equipamentos de jardinagem e quatro grandes barris de plástico verde. Ele pergunta o nome do visitante e confere se está na lista. Em seguida destampa um dos barris, de onde exala um cheiro forte, e tira dali um fruto esverdea-do de casca grossa, do tamanho de um leitão. É tempo de jaca, e é chegada a vez daquele cidadão.
Um a um, outros visitantes se apresentam à administração. Ao encarar o porte da fruta que lhe foi reservada, um jovem, despreparado, se assusta. “Levar isso no ônibus vai ser fogo.” Mas o assistente administrativo Wallace Barbosa vem em seu socorro. Escolhe uma jaca mais modesta e entrega ao rapaz, que sai dali equilibrando a fruta nas duas mãos. Aos 24 anos, o baiano Barbosa é uma peça central na gestão das jacas do Parque Municipal. Não fosse pela sua diligência, a fila não andaria.
Barbosa faz funcionar o procedimento criado pela administração do parque para regular a cobiça irrefreável dos visitantes pelos frutos de suas dez jaqueiras. A fim de garantir o acesso democrático ao patrimônio público, foi instituído há mais de vinte anos um cadastro de pretendentes. Quem quisesse jaca que se inscrevesse e aguardasse a vez de colocar as mãos na graúda. No dia da sorte grande, o telefo-ne traria a boa-nova: uma jaca madura aguardava o felizardo na administração, pronta para ser levada para casa.
Ultimamente, porém, o sistema não vinha funcionando bem. Como a temporada de jacas só vai de janeiro a março e o número de inscritos era grande, as jaqueiras não estavam dando conta de atender à demanda crescente. A espera entre o cadastro e a entrega da fruta podia chegar a anos. No fim de 2011, havia mais de mil sem-jaca registrados no livro de cadastros.
Naquele ano, numa tentativa de colocar ordem na casa, a administração decretou a moratória de inscrições. As jacas das últimas temporadas se destinariam a honrar os pedidos já protocolados. Muitos tinham se inscrito há tanto tempo que não apareceram para buscar o prêmio. “Às vezes a pessoa já tinha morrido, mudado”, disse Barbosa.
Quando chegou a temporada de jacas deste ano, a administração decidiu adotar uma medida extrema. Zerou a lista de espera e estabeleceu um novo método de entrega. Agora, o nome dos interessados é recolhido ao longo da semana. Na segunda-feira, quando o parque fecha para o público, as jacas maduras são colhidas. A terça é o dia que os inscritos têm para buscá-las, por ordem de chegada. O precipitado que aparecer sem ter feito cadastro é convidado a se inscrever na lista da semana seguinte, para não prejudicar quem já aguardava a vez. O ciclo é retomado a cada semana, enquanto houver frutas no pé.

jaqueira é natural da Índia e foi trazida ao Brasil durante a colonização portuguesa. É uma árvore de até 20 metros de altura que dá frutos de sabor pronunciado e textura viscosa que não deixam ninguém indiferente. Uma jaca caprichada pode chegar a 15 quilos. Temerariamente, ficam suspensas a muitos metros de altura. Em lugares públicos, convém que sejam colhidas antes que se espatifem sobre a cabeça de um desavisado.
No Parque Municipal, os jardineiros que colhem as frutas maduras estão sempre alertas, manejando uma vara de bambu de mais de 6 metros para alcançar as mais altas. Para colher uma jaca, eles cutucam a dita com uma vara a-fiada na ponta (uma chacoalhada no galho ajuda a desprender as mais renitentes). No solo, uma espécie de tapete de lona apara as frutas, que costumam resistir incólumes à queda.
Todo o cuidado não impede que, vez ou outra, um fruto caia espontaneamente (não há registro recente de vítimas no parque). Quando o inevitável acontece, as regras do cadastro deixam de valer. “Se estiver no chão, pode levar”, explicou Barbosa. Mas os guardas municipais que circulam pelo Parque Municipal não têm tolerância com quem tentar furar a fila e cutucar as jaqueiras com seu próprio bambu.A administração teme especialmente os moradores de rua que habitam o parque – um total de 215 pessoas, segundo o úl-timo censo feito pela Guarda. Como o cadastro dispensa comprovante de endereço, Barbosa lembrou que nada impede que eles sigam os requerimentos formais para postular legitimamente uma fruta.
Enquanto caminhava lentamente à sombra das jaqueiras, Barbosa metralhou a explicação dos procedimentos necessários para o cadastro sem tropeçar em nenhuma sílaba, com um sotaque baiano residual atenuado por dez anos vivendo em Minas. O assistente contou que de vinte a trinta jacas foram distribuídas por semana na temporada 2013. “Pela quantidade que ainda resta, vai ter jaca até as primeiras semanas de abril”, sentenciou.
Quando aparece uma jaca muito volumosa, Barbosa pode se oferecer para parti-la ao meio. “Facilita o transporte e assim mais gente leva jaca para casa.” O funcionário disse ainda que, às vezes, a administração dá prioridade a pedidos emergenciais de idosos ou gestantes, mesmo que não seja terça-feira. “Grávida, né? Tem que atender.” A generosidade já lhe rendeu potes de doce de jaca e outros mimos em retribuição.
Quando a procura não está alta, os funcionários do parque aproveitam para se incluir na partilha. Para Barbosa, porém, trabalhar com o nariz nas jacas não é uma tentação. O baiano contou que na casa de sua avó há muito mais que dez jaqueiras, e que ele já comeu sua cota. Mas chamou a atenção para uma virtude pouco lembrada da fruta: laçar o coração de uma mulher. “Na próxima coleta, vou levar para a namorada. Estou só esperando aparecer uma bem madurinha.”

terça-feira, 9 de abril de 2013

Tão longe, tão perto


Por Ivan Martins, da Época On-line
Uma vez, faz tempo, tive uma namorada em outra cidade. A cada quinze dias eu subia no avião e a visitava. Era delicioso aquilo tudo – pegar o avião, ser esperado na chegada, matar a saudades e trocar novidades, que sempre eram muitas. Além da relação com ela, havia o contato com a cidade dela, os amigos dela, os lugares que ela preferia. Eu gostava. Quando acabou o namoro, como as coisas boas às vezes acabam, senti falta de tudo. Da mulher, do avião, da cidade. Sobretudo, me fez falta o hiato romântico dos fins de semana intercalados. A vida com ele era mais rica.
Em tempos de internet e passagens baratas, estão se tornando alegremente comuns as relações à distância como a que eu tive. Um dos meus amigos namorou recentemente uma moça de Brasília. No trabalho, um colega tinha namorada no Rio. Faz tempo que não sei de ninguém à minha volta que esteja namorando no exterior, mas deve ser pura coincidência - isso se tornou quase banal nos últimos anos. Ela em Paris, você em São Paulo. Ele em Estocolmo, você por aqui – em Goiânia, Porto Alegre ou Salvador. Geografia não é mais destino. 

Tem gente que, mesmo casada, passa longos períodos longe do marido ou da mulher. Meses. Nessas temporadas de sublimação, a relação vai de carnal a virtual. Desmaterializa-se, mas segue - pelo Skype, pelo Facebook, pelo email. Casais que vivem assim aprendem a esticar os laços sem rompê-los. Descobrem que sentimentos e compromissos são mais elásticos do que a gente imagina. Assim como a tolerância mútua.
O manual dos cínicos sugere, em sua infinita indelicadeza, que morar longe um do outro – bem longe - é a melhor maneira de manter uma relação duradoura. Quanto menos as pessoas se virem, quanto mais curtos os períodos de extrema convivência, (mesma casa, mesmo banheiro, mesmo cama), maior as chances de que continuem a gostar uma da outra. O arranjo perfeito, desse ponto de vista, seria viver em Ipanema e ter a cara metade morando em Dubai, a 14 horas e 55 minutos de distância num voo sem escalas. Não haveria sequer a possibilidade de entediar o outro com as reclamações diárias sobre o trabalho, via internet. Quando você chegasse em casa, às 8 da noite, seriam quatro da manhã por lá. 
Os cínicos são engraçados, mas mesmo eles sabem que ninguém escolhe viver uma paixão à distância. Isso simplesmente acontece. Uma hora você teve de vir e a pessoa não pôde ou não quis acompanhar. Ou foi o contrário? As amarras práticas da vida são muitas e frequentemente incontornáveis, ao menos de forma instantânea. Conheço gente que fez loucuras para juntar-se de uma hora para outra ao parceiro no exterior, mas são notáveis exceções. E todas tinham menos de 30 anos. Mais anos significam mais laços, e maior dificuldade em desvencilhar-se deles. Tem de ter muito desapego para jogar uma vida pronta para o alto e começar outra do zero, por amor. Em geral as pessoas levam meses ou anos construindo pontes que permitam fazer a travessia. 
Enquanto não se juntam, os amantes distantes têm experiências notáveis. Encontrar-se a cada par de semanas ou de meses, mesmo uma vez por ano, propicia momentos de enorme romantismo. Um dia você pode se achar parado numa plataforma de trem em Paris, com um buquê de flores na mão. Ou namorando num quarto de hotel suíço, enquanto a neve se acumula na janela. E não se trata apenas de viajar. Quase tudo ganha outro significado. Trocar emails cheios de saudades, manter longas conversas na noite de domingo, mandar presentes pelo correio. Isso tudo é dolorosamente bom. A distância faz crescer a presença do outro dentro de nós, num paradoxo de inspiração newtoniana. Quanto mais longe, mais perto. Quanto menos visível, mais presente. Não é o tipo de coisa que funciona indefinidamente, mas enquanto estamos apaixonados é divino. 
Isso pode soar meio antiquado, mas a contenção dos sentidos, a impossibilidade do uso do corpo, produz na gente uns refinamentos sentimentais que eu acho bonitos.  
À distância, em vez de lidar com um ser humano de carne e osso, a gente se relaciona com uma versão imaterial da outra pessoa. O parceiro passa a ser feito de palavras, lembranças e emoções. Nos dias de hoje, em que tudo ficou exageradamente material, isso é uma tremenda novidade. Obriga a perceber o outro de uma maneira que se preocupa mais com a essência do que com a aparência. Permite estimular sentidos e habilidades tão humanos quanto o olhar e o toque, mas que andam negligenciados pela cultura do instantâneo. O espírito prevalece temporariamente sobre a carne. Computadores, câmeras e microfones aproximam, mas eles não equivalem à presença física. Mesmo com vídeo, relações à distância continuam platônicas e idealizadas. É bom que seja assim, para variar um pouquinho. 
Mais de uma vez já me fizeram a pergunta, e a resposta me parece clara: esse tipo de situação não é para sempre. Nada é, mas os amores à distância sofrem de precariedade ainda maior. Eles são tão sublimes quanto frágeis, porque as leis da Física são fortes ao nosso redor. Os outros corpos nos atraem e tendemos a construir na nossa vizinhança. Emocionalmente, o espaço criado por relações imateriais trabalha contra elas. Não se trata de uma questão de chifres ou traições. Acho que as pessoas que se amam e vivem longe uma da outra aprendem a lidar com a fidelidade de outra maneira. O problema real é ser atraído a fazer a vida com quem está por perto. O problema é a vontade de transformar em realidade a expectativa de uma vida comum. O problema, enfim, é a brevidade da nossa existência e o desejo de fazer com ela aquilo que todo mundo faz: dormir junto, montar casa, fazer filhos, ter uma família. A existência humana em toda parte está baseada em convívio e rotina. No longo prazo a necessidade dessas coisas se impõe – ao menos enquanto a tecnologia (quem sabe?), não nos ajudar a fazer de outro jeito. 
Mesmo assim, ou talvez por causa de todos os problemas, eu recomendo. Da minha breve experiência de namorar na ponte aérea ficaram lembranças e percepções bonitas. Os amigos e amigas me contam experiências ainda mais tocantes, registradas em diferentes idiomas e paisagens. Eu gosto disso. É um dos privilégios de viver num mundo globalizado e num planeta cortado por aviões. Os meus avós (seus bisavós, provavelmente) se casavam com pessoas que viviam a menos de dois quilômetros de distância. E viviam sob regras morais e sociais que inibiam qualquer experimentação. As possibilidades de escolha eram reduzidas. Hoje temos acesso ao mundo inteiro, e a cultura nos permite fazer o que quisermos. Não é o caso de viver o tempo inteiro como se ainda estivéssemos no século XIX, não?  
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras) 


sexta-feira, 5 de abril de 2013

Vai que dá certo


Ser indie

Daí voce começa a curtir outro tipo de música, além de sertanejo. Baixa músicas, corta o cabelo e até aceita não usar camisa xadrez. Aí você tá escutando música e sua mãe: "Que tipo de música é esse que nunca tocou no seu celular???????????"