segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Traduza-se black bloc para português: bandido

Josias de Souza



Centro de São Paulo, noite de sexta-feira (25/10): mais depredação e muito mais violência
Em junho, quando as ruas ferveram, eles eram chamados de “minoria de vândalos”. Infiltravam-se nos protestos e, do meio para o final, transformavam pacíficas manifestações em surtos de desordem. Eles eram poucos. Mas foram ganhando a adesão de uma legião de desocupados. Gente que enxergou na algazarra uma oportunidade para realizar saques e pequenos furtos.
A violência foi ganhando ares de rotina. Eles investiam contra policiais e jornalistas, incendiavam ônibus, depredavam estações de metrô, atacavam agências bancárias, destruíam caixas eletrônicos, estilhaçavam vitrines de lojas, lançavam coqueteis molotov em prédios públicos… Aos pouquinhos, foram migrando dos rodapés de página para as manchetes.
Com o passar dos dias, verificou-se que eles macaqueavam ativistas europeus e americanos. Imitavam-nos nas vestes, no gestual e nos métodos. Ganharam apelido chique: black blocs. E a destruição passou a ser justificada como “protesto consciente de inspiração anarquista”. Supremo paradoxo: disfarçados de inimigos do capitalismo, estudantes bem-nascidos tornaram-se um estorvo para a gente simples das cidades.
Exaltados pela imprensa dita alternativa, do tipo Ninja, eles ganharam a cena. Intimidada, a polícia assistiu, por vezes passivamente, ao recrudescimento da violência. Amedrontada, a rapaziada pacífica voltou para casa. O ronco do asfalto virou lamúria. Numa visita às ruas de São Paulo, os pesquisares do Datafolha acabam de verificar que 95% dos paulistanos não suporta mais a anarquia.
Já passou da hora de definir melhor as coisas. Está nas ruas uma estudantada corpulenta, de cara coberta e violenta. Esse grupelho adquiriu o vício orgânico de tramar contra o sossego alheio. Vândalos? É muito pouco! Black Blocs? O escambau! Traduza-se para o português: bandidos, eis o que são.
Num instante em que a sociedade se escandaliza com os PMs que torturaram e mataram Amarildo numa unidade pseudopacificadora da favela do Rio, convém abrir os olhos para as atrocidades cometidas pela bandidagem que faz Bakunin revirar no túmulo. Repare nas duas cenas que se seguem:
Cena 1: A selvageria
“Pega, peeega, peeeeeega!” Estamos no centro de São Paulo, no meio de mais uma manifestação promovida pelo Movimento Passe Livre, cujo objetivo declarado é o de zerar as tarifas de ônibus, metrô e trem. É sexta-feira (25/10), 20h20.
Selvagens com os rostos cobertos cercam o coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi. Passam a agredi-lo com pauladas e pontapés. Imprensado contra uma pilastra, o soldado cai.
“Eu me recordo que eu fui projetado ao solo a partir de uma pancada na cabeça que eu levei”, Reynaldo contaria depois. No solo, ele ainda tenta proteger a cabeça com as mãos. Inútil. Intensificam-se os golpes.
Zonzo, Reynaldo se levanta. É empurrado pelas costas. À sua direita, um dos agressores o atinge com uma chapa metálica bem na cabeça. Ele corre. Os algozes o perseguem. “Na segunda onda de agressões, eu já estava perdendo um pouco a lucidez”, diria depois da surra. Foi então que, empunhando o revólver, um soldado metido em roupas civis resgata o coronel Reynaldo, livrando-o dos seus torturadores.
Cena 2: A sensatez
Já sob a proteção de seus soldados, o coronel Reynaldo faz cara de dor. Antes de se enfiar no banco traseiro da viatura policial que o levaria para o hospital, ele pronuncia uma derradeira ordem. Em meio à insensatez, o coronel diz algo sensato: “Não deixa a tropa perder a cabeça!”
Reynaldo passou a noite no hospital. No dia seguinte, com um dos braços na tipóia, ele contabilizou os prejuízos: “Eu tenho os dois omoplatas fraturados: um, integralmente; outro, parcialmente. Tenho lesões na perna, no abdômen, e tenho duas lesões na cabeça.”
Tardiamente, as polícias do Rio e de São Paulo começam a lidar com a tribo dos sem-rosto de maneira mais profissionalizada. Para evitar o moto-contínuo das prisões que duram menos de uma noite, reúnem provas que permitirão aos juízes impor aos criminosos penas compatíveis com os seus crimes.

Até Dilma Rousseff já acordou: “Agredir e depredar não fazem parte da liberdade de manifestação. Pelo contrário”, ela escreveu no Twitter. “Presto minha solidariedade ao coronel da PM Reynaldo Simões Rossi, agredido covardemente por um grupo de black blocs em SP”, acrescentou. Alvíssaras!

http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br/2013/10/27/traduza-se-black-bloc-para-portugues-bandido/

Meu filho me bloqueou no Facebook

ISABEL CLEMENTE
27/10/2013 10h26

Isso não aconteceu comigo. Minhas filhas são pequenas demais para fazer parte de rede social. Mas sei que esse fenômeno de ser bloqueado pelos filhos tem atingido as melhores famílias. Conheço várias vítimas. Uma delas, Larissa, compartilhou seu espanto no próprio Facebook. "Que golpe!", reclamou minha amiga, conseguindo de volta reações que foram da gargalhada histérica (KKKKKKK) ao riso contido (rsrs). Apareceram também ótimas teses e inspiradas consolações. Compartilho algumas.
"É assim mesmo".
"Menina crescendo".
"Depois de uma certa idade ela te aceita de volta".
"Eu já fui aceita de volta".
"Pede pro Obama vigiar".
"Corta a mesada".
Houve também os pais solidários com a preocupação silenciosa por trás da denúncia da mãe injustiçada.
"Deixa que eu tomo conta! Sempre olho o Face dos filhos dos amigos".
Essa atitude dos filhos, muito comum ali entre a adolescência e a juventude, tem várias explicações, mas a tese de que os jovens querem se precaver contra "micos" imperou no debate.
"Fiz um acordo com o meu filho. Estou entre os amigos mas proibida de fazer qualquer comentário, postar fotos ou qualquer coisa que possa ser considerada mico. Coisas da vida", disse uma das debatedoras no post da Larissa.
Outra deixou uma dica interessante: "evite postar coisas sobre ela usando o termo "filhotinha" porque é mico".
Pais são pagadores de mico em potencial sob a impiedosa ótica adolescente. Fato. Para além das gracinhas, a exposição de nossos filhos nas redes sociais é um tema preocupante. Ser amiga ou seguidora deles é uma forma de vigiar para saber se estão fazendo bom uso da rede. Larissa me deu um depoimento bem honesto sobre o sentimento que essa situação gerou.
"Quando vi que minha filha recém-entrada na adolescência não era mais minha amiga no Facebook, fiquei desconcertada. Como assim não me quer? O que ela não quer que eu saiba? Comentei a história na minha timeline e ouvi os conselhos mais variados. Uns diziam pra eu deixar pra lá, que era normal, outros que eu não podia aceitar a situação, houve quem levantasse a hipótese dela estar namorando. Fiquei lendo e pensando, pensando e lendo, e resolvi mandar novo pedido de amizade. Meu primeiro impulso tinha sido impor meu retorno na marra, mas depois de deixar a poeira baixar resolvi pegar leve na abordagem. Quando ela chegou em casa, reclamei sem muito estardalhaço para ver o que ela ia dizer: “poxa, filha, por que você me excluiu?”. Então ela disse que foi sem querer, que estava mexendo numas configurações (provavelmente para evitar que eu visse alguma coisa...), mas deve ter se sensibilizado com minha cara de mãe ferida e prometeu me adicionar de novo. Eu ia puxar papo sério e dizer que ela ainda é muito nova, que eu não podia deixá-la solta, que a internet é cheia de perigos etc. e tal, mas senti que ela já sabia de tudo o que eu ia dizer (tudo já dito outras tantas vezes) e talvez até concordasse. Então ficamos assim: ela pediu desculpas e eu aceitei. Ela disse que foi sem querer e eu quis acreditar. Agora que somos amigas novamente, confesso que ando evitando curtir e comentar o que ela posta, para ela se esquecer que tô por ali. Foi conselho de amigos do Face, um ótimo divã desses novos tempos". 
Para quem nasceu nesse ambiente onde tudo acontece online, festas são combinadas e informações trocadas, pode parecer deslocado nosso excesso de zelo. Só que não.
Diálogos numa rede social são coletivos e o julgamento, imediato. Há mal entendidos. Situações de menor importância são amplificadas. Você pode ter um ótimo português e dominar a pontuação como ninguém e não estará livre de ser mal interpretado em episódios que podem ser devastadores para uma pessoa em formação. Mesmo gente com personalidade estabelecida perde a linha e a chance de ficar calada em 140 caracteres. Impropérios e outras reações descontroladas povoam para sempre o Twitter de celebridades, autoridades e anônimos. Nem todo mundo se dá conta de apagar a tempo a besteira que postou. Você tampouco controla o que as pessoas dizem sobre você em frases que ficam por aí para todo o sempre. Fotos são marcadas e até o que não era sua intenção revelar, às vezes, vaza.
No caso de crianças, sou radical. Rede social não é lugar para elas, mas todos sabemos que essa regra não pegou. Alguém já viu o filho de outro alguém na rede e não teve coragem de denunciar, como prega a política interna do Facebook. Além do mais, a criança cresce rapidinho e tudo complica. E aí, como faz então se proibir é a menos plausível das estratégias?
Larissa tem razão sobre explicar, falar dos riscos e é mais sensata ainda ao reconhecer que ficar repetindo a ladainha toda hora pode ser tiro n`água.
"Costumo defender muito o ponto de vista dos adolescentes, mas o brasileiro é muito deslumbrado com internet. Fala demais na rede. Mas não tem essa de bloquear pai e mãe", diz o escritor João Pedro Roriz, 31 anos, autor de Como educar sua mãe (Editora Wak). "Só que os pais têm que entender que o filho está na rede com seu grupo de amigos. Ficar curtindo tudo e elogiando o tempo todo é algo que não funciona na vida real, nem na vida online. O filho fica danado da vida", afirma Roriz. Senha e loguin não podem ser propriedade privada e exclusiva dos adolescentes e das crianças, defende Roriz.
No caminho rumo ao amadurecimento, nosso filhos não precisarão mais de todos os escudos que colocamos em torno deles. São etapas a serem conquistadas. Entendo que essa privacidade da senha numa rede social faça parte desse processo. A minha tese é a seguinte: rede social é vida pública. E há um momento da vida pública dos nossos filhos que nos dizem respeito quase 100%. E não se rompe socialmente com pai e mãe, a não ser que haja um motivo forte para isso. Não é uma atitude inofensiva como combinar um cinema com os amigos e pedir para os pais pegarem duas quadras longe da vista da galera, embora para os filhos possa parecer o mesmo.
Além do mais, o que está ali não é sigiloso. Seja qual for o motivo que leva os filhos a excluírem os pais, não custa lembrá-los que rede social não é lugar para segredos. Estes devem ser bem guardados e revelados numa velha e boa conversa olho-no-olho com poucos escolhidos. Fica a dica.
Não participar de redes sociais é uma decisão cada vez mais difícil de tomar. Diria até inviável. Dizer que basta mandar o filho sair e pronto é apelar para uma daquelas falsas soluções que encurtam o debate e não ajudam em nada, sobretudo os pais adeptos da rede social. As comunidades online são um pequeno filamento dessa teia maior chamada internet, uma invenção que o futuro nos deixou.
Quando você pensa em abandonar alguma rede à qual aderiu, se dá conta de que montou com a ajuda desse instrumento uma poderosa agenda de contatos. Está recebendo mensagens importantes via inbox porque o email, se não caiu em desuso ainda, foi condenado ao ostracismo por muita gente, ainda mais se estiver na casa dos 20 anos. Seu filho se sente da mesma forma, e não nos cabe julgar que mensagens são ou não importantes para ele. Viramos um pouco reféns dessa história, embora eu conheça várias pessoas que continuam fora da rede muito bem, obrigado. Mas também sei de incríveis experiências viabilizadas pelo contato online. Eu tenho uma dessas incríveis histórias. Recuperei parte importante da família que estava perdida e não se encontrava havia mais de 25 anos. Primos bem próximos se tornaram amigos para sempre. Guardarei lá no fundo da alma uma certa gratidão pelo que a tecnologia (e nossa iniciativa, claro) nos proporcionou.
Então se somos adeptos, vale o exemplo. O que dizemos, postamos e revelamos na rede vai ser um dos parâmetros para o discernimento dos nossos filhos, por mais empenhados que eles pareçam em não nos copiar. Como tudo na vida. Estamos todos navegando sem bússola nesse novo mar. Não há etiquetas claras. Regras são elásticas e caem em descrédito com a mesma rapidez com que os filhos crescem. Lemos aqui e ali opiniões que tentam aprofundar a questão da segurança e da exposição, mas sempre fica uma lacuna. É cada família por si, não é? Negocie regras para serem seguidas por todos na família. Faça um grande acordo. Não postaremos fotos? Não marcaremos outras pessoas em fotos? Não revelaremos onde passamos nossas férias? Não desmereceremos uns aos outros? Não mandaremos indiretas pela rede? Proponha um debate: para que usamos uma rede social? Os motivos podem até ser diferentes, mas o padrão de comportamento pode ser o mesmo. Vai da consciência, da necessidade, da experiência e do receio de cada um.

Era Dia das Crianças e houve festa no prédio com brincadeiras e churrasco. Estava previsto também lanche para as crianças. Me aproximei da minha filha mais velha querendo saber onde seria o lanche, para onde elas iriam e o que comeriam (mãe sempre quer saber demais). Com um sorriso acolhedor e um olhar que implorava compreensão, a garotinha de 7 anos me respondeu o seguinte:
"Vai ser no salão de festas mas...não precisa ir lá não. Pode deixar que eu levo a minha irmã".
Eu disse que nunca tinha sido bloqueada? Oi?  

As chances de Dilma Rousseff

Por Renato Janine Ribeiro
Dilma Rousseff tem chances. Não, não estou falando de se reeleger em 2014; ela hoje é favorita. O que me pergunto é se tem chances de, ao fim de quatro ou oito anos na presidência, ter efetivado mudanças de que o Brasil precisa. Falo em mudanças sociais. Muitos, quando falam em mudanças, destacam reformas econômicas, que facilitem o ambiente para os negócios. Estas são importantes, mas são meios para realizar fins. Num país como o Brasil, cuja população finalmente exige, e cada vez mais, os serviços públicos de que deveria gozar faz muitos anos, a questão é quem vai realizar esse desejo.
Não estou convencido de que haja só uma rota para uma democracia que funcione. Há países que o conseguiram com uma intervenção maior do Estado na economia; outros, com a desregulamentação da atividade econômica. O sucesso de um caminho ou outro depende de vários fatores. Destaco dois. Primeiro, a cultura do povo. Aqui, não faço juízo de valor. Apenas observo que os Estados Unidos e alguns outros países têm uma tradição do empreendimento individual, que resulta em ganhos sociais. Na França e na Europa continental, vigora uma cultura diferente. Ambas deram resultados muito bons.
O segundo fator é a conjuntura. Mesmo os Estados Unidos tiveram seu tempo de forte intervenção do Estado - e foi uma das épocas decisivas de sua história, sob Franklin Roosevelt, que tirou o país da recessão iniciada em 1929 e o conduziu na guerra contra o nazismo. No Reino Unido, que desde Thatcher segue uma relação mais norte-americana entre o poder político e o mercado, a grande mudança se deu no imediato pós-Segunda Guerra Mundial, quando os trabalhistas fizeram da estatização das decisões econômicas, necessidade imposta por Churchill durante a guerra, virtude.
O que decidirá seu governo é a melhora dos serviços públicos
Não bastam a cultura de um povo, seus valores, o modo como ele dá o melhor de si, e que pode ser individualista ou coletivo, atuando mais na economia ou na política. Há também o momento histórico. Articular a linhagem cultural que vem de longe e o instante em que se dá a política é o desafio do líder.
Não dou por resolvida a eleição do ano que vem. Mas cabe perguntar: pode Dilma ser uma grande presidente?
Ela teve a sorte e o azar de suceder a dois presidentes que estão entre os melhores que tivemos, numa lista de quatro que inclui Getúlio e Juscelino. Com FHC e Lula, consolidou-se a democracia. Um golpe militar é fora de questão. Essa, a sorte de Dilma, sua herança bendita.
O seu azar: eles são grandes líderes políticos, enquanto o mérito dela sempre esteve na gestão. FHC é um grande comunicador. Líder no Senado, dizia-se que ganhava as questões "no gogó", na fala. Presidente, ele persuadia. Conquistou a classe média, ao passo que Lula, que além disso é um líder carismático, estendeu a comunicação política aos mais pobres. FHC pela razão ("mas uma razão no nível do senso comum", como ouvi dele há três anos), Lula pelas metáforas e a emoção, ganharam apoio político para projetos difíceis e necessários - a estabilização monetária, a escolha entre privatização e estatismo, a inclusão social. Seus ministros, Sergio Mota e Dilma Rousseff à frente, executaram.
Dilma passou de gerente ou gestora a presidente. É uma transição difícil. Mas é mais normal termos um presidente normal do que um gênio na comunicação. Faz parte de nosso amadurecimento não precisarmos, cada quatro anos, eleger um presidente que sabe vender, à sociedade, os valores. Uma das tarefas dela é efetuar essa passagem do tempo de exceção para o tempo da normalidade.
O que o Brasil agora quer, aquilo de que precisa, é um Estado que funcione, garantindo que os serviços que ele presta ou fiscaliza tenham qualidade. Conseguimos o restante. Nossas eleições são limpas - mais até que as norte-americanas, pois lá, em 2000, deram posse a um candidato eleito pela fraude. A miséria está baixando. Quando mais pessoas se sentem integradas na sociedade, elas sentem que têm algo a perder, e valorizam o que existe. Mas por que isso não se expressa na consciência das pessoas? Por que é mais fácil tantos se dizerem "contra tudo o que está aí" do que reconhecerem o quanto foi conquistado, e construir a nova etapa de nossa democracia?
Paradoxalmente, um dos êxitos de nossa democracia é que ela liberou a exigência. Antes, direitos eram uma questão mais teórica. Quando tantos eram privados de tanto, eles sequer se sentiam com "direito a ter direitos", tema central dos direitos humanos, entre nós desenvolvido por Celso Lafer. Por isso, é natural que tantas pessoas exijam, pacifica ou mesmo violentamente, educação, saúde, transporte e segurança públicos de qualidade. Aqui entra a gestão. Dilma Rousseff tem um histórico de gestora. Atender essas novas demandas não é fácil. A primeira resposta de qualquer gestor, seja o prefeito Haddad do PT, seja o governador Alckmin do PSDB, é que falta orçamento. Acredito. Mas terão de fazer milagres.
A bola da vez está com Dilma. Ela tem um ano para mostrar alguns resultados visíveis. É pouco tempo, mas desta vez parece que, mais do que a comunicação ao estilo FHC ou Lula, o que se quer é algo bem tangível no dia a dia dos serviços de responsabilidade do Estado. Será reeleita mais facilmente se demonstrar alguma melhora. Em 2018, suponho que a conta será mais alta. A sociedade, melhor dizendo, o eleitorado de maioria pobre vai querer resultados bem superiores. É um jogo em dois tempos. O aviso foi dado. Seja quem for eleito em 2014, precisará ir longe nessa questão.
Renato Janine Ribeiro é professor titular de ética e filosofia política na Universidade de São Paulo. Escreve às segundas-feiras.
E-mail: rjanine@usp.br


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domingo, 27 de outubro de 2013

Ciumentos

Meus amigos são os mais ciumentos qdo nao saio com eles!


sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Periguete destruidora de lares

Cauã Reymond e Grazi Massafera, atores da Globo, se separaram. Segundo boatos, "o pivô da separação" foi a também atriz Ísis Valverde.
Nos comentários, lê-se que Ísis destruiu a santidade do casamento. Um casamento tão feliz, tão fofo, tão perfeito! E daí veio umazinha qualquer e acabou com tudo. Arruinou a linda história de amor, de príncipe e princesa, se oferecendo com o corpo irresistível ao pobre príncipe que não conseguiu enfrentar os encantos da periguete.
Claro que estou sendo irônica, mas é só olhar a participação dos leitores no meu post sobre o vazamento do vídeo íntimo em Goiânia. Como o homem era casado, a moça que aparece no vídeo logo foi julgada: "quem mandou se meter com um cara comprometido?". A pena a que ela deve ser submetida é a exposição pública. Afinal, ela - de novo - destruiu da santidade do casamento. Ué? Mas quem deve fidelidade não é aquele que fez a promessa?
Cada casal tem um tipo de arranjo nos relacionamentos. A maioria adota a monogamia, mesmo sem considerar a fundo porque escolheu este modelo. No Brasil, é comum, muito comum, a monogamia só servir para o lado da mulher. O homem, ah, o homem pode fazer tudo, até porque ele é constantemente atentado por essas vadiazinhas que se jogam nos braços dele. Ele não estaria sendo um homem de verdade se deixasse passar as oportunidades!
Outros têm relacionamento aberto; e aí os arranjos diferem de casal para outro. Uns nem querem saber com quem o parceiro anda saindo, outros vão junto. À primeira vista, a maioria desses casais não dá nenhum sinal de que o sexo não é exclusivo entre eles. Casal de comercial de margarina, iguais aos demais.
Em quaisquer dos casos, monogâmicos ou abertos, relacionamentos acabam. As razões são infinitas e, entre elas, está o surgimento de uma terceira pessoa com quem se quer ficar mais do que o atual parceiro. E aqui entra o duplo padrão moral. Se num relacionamento heterossexual o cara resolver se separar para ficar com outra, ele fez bem, não tinha mesmo que ficar preso a um casamento falido... Mas a mulher que se envolveu com ele, a ela sobram as pedras, os julgamentos, os rótulos que confundem sua vida sexual com seu caráter, como o periguete do título deste post.
Se, ao contrário, for a mulher a romper, o "amante" é o Ricardão, o galanteador, e os julgamentos recaem sobre a recém-separada.
Quer dizer: a culpa é sempre da mulher. Nenhuma de nós pode viver a sexualidade livremente. Quer ser livre? Aguente as porradas que te darão, as pedras que te jogarão, os xingamentos que lhe oferecerão. Não precisa ser casal queridinho da novela. Basta ser mulher.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Ser professor?

E quando sua coaching externa te diz que você deveria investir em ser profesdor tb?

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

13/fev

Além de pensar igual em várias coisas, eu e Marcel tb escrevemos coisas juntas no Communicator!
Sem contar no bode de certas pessoas tb!!


Dar é um verbo bonito

IVAN MARTINS
23/10/2013 07h53 - Atualizado em 23/10/2013 07h53

Eu teria uns seis anos de idade quando tive contato, pela primeira vez, com o significado misterioso do verbo “dar”. A casa cheia, escuto uma discussão em voz alta na sala e me aproximo. Uma das moças afirma, em tom de desafio: “Dou para ele, sim, e você não tem nada a ver com isso”! A mãe grita escandalizada, o pai manda que a filha cale a boca. No breve silêncio que se segue, eu pergunto a todos e a ninguém: “O que ela deu que está todo mundo bravo?” Grande erro. Os adultos se voltam para mim com ar de fúria e berram para que eu saia dali. Cai a cortina.

Nem gosto de pensar quão velha é essa cena, mas, desde então, ficou claro para mim que “dar” não era um verbo corriqueiro. Havia nele um significado latente, carregado de censura e de silêncio, que o tornava irresistível. Mesmo hoje, tanto tempo depois, quando a compreensão e o uso banalizaram o sentido erótico de “dar”, a palavra ainda me parece fascinante. Há tantas maneiras de falar do ato sexual quanto são as línguas humanas, mas eu sinto que nós achamos um verbo bonito para tratar do assunto.

Pensem comigo: dar indica um ato autônomo de vontade. Quem dá não é roubado, quem dá não é forçado, que dá escolhe dar. Oferece ou atende a um pedido. A mim parece bonito que numa sociedade machista e historicamente repressora como a nossa tenhamos escolhido este verbo delicado para explicar o que faz a mulher que consente no sexo. Ela dá - como se desse um presente, um beijo ou um conselho. Entrega algo que é dela. Entrega-se. Há despojamento nesse verbo, doação. Quem dá, afinal, não vende nem troca. Transfere ou partilha graciosamente. Como um gesto de amor ou de luxúria, mas essencialmente dadivoso.

Não quero esticar demais o argumento, mas me parece que, neste caso, existe uma conexão entre o que se fala e o que se faz.
Há na cultura feminina brasileira uma doçura que se reflete no sexo, assim como na palavra que se usa para descrevê-lo. Outras culturas são mais encanadas, problematizam, complicam. Ao final, dificultam. Na nossa ainda é simples. As mulheres dão por paixão, ou por tesão, até por pena. Dão por interesse também, claro. Mas, em qualquer circunstância, o fazem com um grau de entrega que não se acha facilmente por aí. É um fenômeno emocional e cultural, não uma habilidade física. A moça se põe de joelhos para agradar o parceiro porque isso a faz feliz – sem culpa, sem ressentimento, talvez com alguma vergonha, que logo passa.

Sempre que penso nessas coisas, lembro da história que um amigo me contou.

O americano que morou uma década no Brasil volta à cidade dele com a linda mulher brasileira. Quando ela aparece na piscina do clube é um escândalo, pelas curvas e pelo biquíni minimalista. Superado o choque mútuo, num dia de churrasco os amigos dele, meio altos, se atrevem a perguntar se, afinal, as brasileiras são na cama isso tudo que dizem. O gringo abrasileirado respira fundo e responde: “Depois de transar com uma brasileira, vocês vão querer atirar pedras nas mulheres de vocês”.

É claro que há nessa história um bocado de ironia, mas quanto?

Para escrever esta coluna, andei conversando com amigas estrangeiras que vivem ou viveram no Brasil, tentando comparar os diferentes verbos que se usam para o sexo. Não há nada parecido com esse “dar” brasileiro em italiano, francês ou inglês. Em espanhol tampouco. Mais do que isso, não há a mesma mentalidade. Uma das moças com quem eu conversei, já de volta ao país dela, me contou que o verbo “dar” a incomodava. Achava pejorativo. Se eu entendi bem, ela sentia que a palavra transferia toda a responsabilidade do sexo para a mulher. Ela preferia “transar”, que lhe parecia uma expressão mais igualitária. Tipo assim: eu não dou, a gente transa. Faz sentido, mas ela mesma acha que isso “é coisa de francesa”. Talvez seja.

Da minha parte, acho que as palavras raramente são acidentais. Sobretudo em áreas essenciais da experiência humana. De alguma forma, elas traduzem o que as pessoas sentem – ou, pelo uso, nos fazem sentir as coisas de certa maneira. No longo prazo, dá na mesma. Por isso eu gosto do verbo “dar”. Acho que ele reflete a generosidade e a simplicidade de certos sentimentos como eles são vividos no Brasil. É um verbo feminista, ademais. Ele dá poder às mulheres. Coloca-as como sujeito do sexo. Elas não são catadas, derrubadas ou pegas passivamente. Os homens “comem” (vejam que verbozinho egoísta...), mas apenas o que as mulheres lhe dão. Tem poder nisso aí, além de alguma rude poesia.
 
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

The world meets in Brazil

Viagem (viajem?)

Sério, não sei se é o momento de vida, o blog que descobri nessa semana, o bode ou o começo do horário de verão que fode, mas to com uma ideia genial! 

Igor, precisamos conversar!

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Por que o voto impresso da urna eletrônica é importante?

Após um ano em compasso de espera, entrou na pauta da mais alta corte da Justiça do país o tema da impressão do voto na urna eletrônica. O Congresso Nacional aprovou o registro em papel da escolha digitada pelo eleitor, algo previsto a vigorar nas eleições do ano que vem. Mas o Ministério Público Federal viu a questão de forma diferente e ajuizou a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4543, que resultou em uma decisão temporária pela suspensão do voto impresso. A ação entra agora nos temas a serem analisados pelos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para que haja uma decisão final sobre o assunto.
A Câmara dos Deputados já se posicionou: além da aprovação do voto impresso, dois projetos que tentavam sua revogação foram derrubados e arquivados. Logo, os parlamentares mantiveram o entendimento de que a impressão é constitucional e necessária para as eleições. No Senado, um projeto com o mesmo intuito ainda tramita.
Os deputados estão corretos.
A impressão do voto, para aqueles que são contrários à proposta, é desnecessária. O registro em papel, dizem eles, não contribui para a segurança das eleições, além de criar custos com equipamento e papel, o que também prejudica o meio ambiente. O sigilo do voto também fica comprometido, uma vez que pessoas cegas podem ser obrigadas a solicitar auxílio para votar, o que permitirá que um terceiro veja em quem eles votaram.
Os argumentos relacionados a custos e problemas técnicos (“atolamento de papel” foi citado como justificativa em um dos projetos para revogar a medida) podem ser descartados sem dificuldade. As mesmas dificuldades e custos existem quando se realiza uma compra ou qualquer pagamento com cartões de crédito ou débito. Milhões de comprovantes são impressos diariamente para coisas muito menos importantes que defender a democracia plena.
Dito isso, qual a necessidade de imprimir o voto? O voto impresso não é como o cupom fiscal que levamos para casa após uma compra no mercado. O voto impresso fica na seção eleitoral e é depositado em uma urna, da mesma forma que ocorria quando o voto era feito totalmente em papel, devendo ter as mesmas garantias de sigilo.
O voto impresso cumpre a importante função de permitir que o leitor possa verificar, por si mesmo, qual foi o voto registrado pela urna eletrônica. Isso é importante porque sistemas eletrônicos não obedecem ao operador, e sim ao software instalado. Não faz diferença alguma o candidato escolhido pelo eleitor se a urna estiver programada para registrar o voto para outra pessoa.
Com o papel, o próprio eleitor lê o nome de seus candidatos, sabendo que, pelo menos ali, o voto foi registrado corretamente. Sem o papel, o voto é sigiloso até para o eleitor.
Existe um conjunto de regras populares na engenharia, conhecidas como “As Leis de Akin para a Criação de Espaçonaves”. A segunda lei é: “projetar uma espaçonave correta necessita de empenho infinito. É por isso que é mais fácil criá-las de modo a operarem mesmo que algumas coisas saiam erradas”. O mesmo vale para a urna: não se pode criar uma urna perfeita e inviolável, mas pode-se criar uma urna que nos permita perceber quando as coisas não funcionam como deveriam. E o voto impresso é essa garantia – e por isso tem sido adotado em outros países do mundo.
A mais recente decisão ocorreu este mês, na Índia, onde a Justiça obrigou a impressão do voto. Na Alemanha, urnas exclusivamente eletrônicas como a brasileira são proibidas por serem consideradas inadequadas. A Argentina também já adota um sistema com impressão.
E como ficam os cegos que não podem ver seus votos? Não é justo argumentar que, como algumas pessoas não poderão ver seus votos, que ninguém tem o direito de vê-lo, desconsiderando qualquer medida alternativa para que eles tenham esse direito. Sem a impressão do voto, cegos somos todos nós.

Fiat s2 Forever

Como não amar essa propaganda!!!!

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Em nota, comunidade científica reitera importância de animais para pesquisas

Do UOL, em São Paulo

Após a invasão do Instituto Royal, em São Roque (SP), na madrugada desta sexta-feira (18), por cerca de 80 ativistas que alegavam que o local maltratava animais, a comunidade científica divulgou nota em que reitera a importância "da utilização de animais para o desenvolvimento de novos medicamentos e tratamentos para o ser humano bem como de outras espécies animais".


"A comunidade científica gostaria ainda de deixar claro que os estudos e pesquisas desenvolvidos nas dependências do instituto são elaborados por profissionais capacitados de renome internacional, e contam, inclusive, com acompanhamento de representantes de entidades protetoras dos animais", completa o comunicado.A SBPC (Socidade Brasileira Para o Progresso da Ciência) fala em desconhecimento desses fatores por parte dos invasores e ainda acrescenta que o instituto "já realizou vários pesquisas que contribuíram para o desenvolvimento de novos medicamentos e biofármacos para a indústria farmacêutica nacional e que já foram depositados na Anvisa, para os procedimentos regulatórios exigidos pela agência, colaborando assim ativamente para o desenvolvimento da ciência e da inovação nacional".
"Todos os estudos envolvendo animais são previamente submetidos ao Comitê de Ética para o Uso em Experimentação Animal, respeitando os preceitos éticos de experimentação estabelecidos pelo Concea. As atividades do instituto vão desde o planejamento experimental até a execução de estudos pré-clínicos destinados a diferentes tipos de setores produtivos (produtos farmacêuticos, produtos para a saúde, dispositivos médicos, agrotóxicos, produtos químicos e veterinários, aditivos para rações e alimentos, entre outros) do mercado brasileiro e internacional, dentro do mais alto padrão técnico-científico".
O diretor científico do Instituto Royal defendeu os testes farmacêuticos e cosméticos feitos pela empresa em animais.

Você é a favor do uso de animais em pesquisas?

Resultado parcial
"Nós estamos fazendo um bem para a saúde", disse João Antônio Peigas Henriques, em entrevista ao SBT. "Temos respeito e carinho por eles [os animais] pelo bem que fazem para a segurança da saúde", acrescentou.
Na noite desta sexta-feira, a Justiça proibiu a entrada de ativistas no Instituto Royal, em São Roque (SP). O juiz Fábio Calheiros do Nascimento, da 1ª Vara Cível do Fórum de São Roque, concedeu liminar de "interdito proibitório" solicitada pela empresa.

Investigação policial

Além das investigações, a polícia tenta localizar os animais. "É por questão de saúde. Não se sabe se os testes realizados neles podem afetar pessoas ou outros animais", informou a SSP.
Os animais são usados em pesquisas de medicamentos que serão lançados. O objetivo é verificar a existência de possíveis reações adversas, como vômito, diarreia, perda de coordenação e até convulsões.
De acordo com ativistas, os beagles são utilizados "por serem de médio porte, dóceis e considerados de raça pura, teoricamente com menos variações genéticas, o que torna os resultados dos testes mais exatos".

Protesto

No início da tarde de hoje, alguns manifestantes voltaram a se concentrar na frente do portão do instituto. A ativista Rosana Aparecida da Silva anunciou que as ações não vão parar. "Não basta tirar os animais, é preciso ir além para fechar essa organização."
Por meio das redes sociais, um novo protesto está sendo convocado para a manhã deste sábado (19), às 10h, no km 56 da rodovia Raposo Tavares, em São Roque (SP). (Com Estadão conteúdo)

Casal brasileiro que 'largou tudo' dá dicas em 6 países da América do Sul

Uma região próxima, barata e pouco desvendada -  é assim que Leonardo Spencer, de 29 anos, e Rachel Paganotto, de 27, definem a América do Sul. Os dois brasileiros largaram bons empregos no mercado financeiro para viajar o mundo. O casal encerrou no último fim de semana um roteiro por seis países sul-americanos, depois de cinco meses e meio de viagem, e 30 mil quilômetros rodados de carro.
Agora, os dois seguem para o Panamá e, de lá, vão percorrer mais cinco países da América Central, até chegar ao México e aos EUA. Fazendo um balanço dos trajetos percorridos entre Argentina, Uruguai, Chile, Peru, Equador e Colômbia, o casal dá dicas para os turistas mais aventureiros e também para quem gosta de conhecer o "lado B" de cada lugar.
De vulcões no Chile à alta (e barata) gastronomia peruana, passando pelas grandes semelhanças entre Brasil e Colômbia, Leonardo e Rachel fazem sugestões para mochileiros, amantes da natureza e para quem gosta de história. Segundo eles, tudo no Brasil é mais caro: aluguel de carro, combustível, hospedagem, comida. Por isso, vale tanto a pena visitar os vizinhos – ou melhor, los vecinos.
"Além disso, como viajante, a gente se expõe a coisas que não costuma fazer na terra natal", destaca Leonardo.
El Calafate (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo/Divulgação)Estrada em El Calafate, no sul da Argentina
(Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
El Calafate e Perito Moreno (Argentina)
A pequena cidade de El Calafate, no sul da Argentina, já perto da fronteira com o Chile, é a primeira dica do casal brasileiro, que foi ao local pela segunda vez – a primeira foi em 2011 – e desta vez ficou cinco dias, em maio.
"Se você vai para a Patagônia, a referência é El Calafate. É uma cidade com todos os serviços, onde há desde hostels baratos (de US$ 5) até hotéis cinco estrelas com tudo incluído", destaca Leonardo.
Rachel acrescenta que, ao contrário de Bariloche, esse é um lugar pequeno, que lembra Campos do Jordão e de onde é possível ir até o glaciar Perito Moreno, a 90 km. A estrada já é um atrativo à parte, com lagunas e montanhas ao fundo. Chegando ao glaciar, descrita pelos brasileiros como a "cereja do bolo" de El Calafate, há a opção de fazer trekking na geleira. Desta vez, os dois não se aventuraram porque o passeio estava fechado – muitas opções na região fecham principalmente entre junho e setembro, considerada baixa temporada.
El Chatén (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)El Chatén, a 3h de El Calafate, atrai os mochileiros
(Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
"A gente foi no frio, mas no verão dá até para usar camiseta. Como já conhecíamos a região, ficamos mais tranquilos, caminhamos pela cidade, vimos uma lagoa com flamingos. No inverno, amanhece às 9h e escurece às 17h, então tem que aproveitar bem o tempo", explica Leonardo. Já no verão, o dia é mais longo: vai das 7h às 22h, em média.
Além desses passeios, o casal recomenda visitar o museu de gelo Glaciarium, a 7km de El Calafate, que tem uma estrutura de alumínio moderna, custa menos de US$ 10 para entrar e conta a história do gelo no mundo. Outra dica é conhecer a cidade de El Chatén, a 3h de viagem. O local agrada aos mochileiros e a quem gosta de montanha, pois tem várias trilhas.
Rua em Colônia do Sacramento, Uruguai (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Rua em Colônia do Sacramento, Uruguai
(Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
Colônia do Sacramento (Uruguai)
A viagem passou também pelo Uruguai, onde os brasileiros destacam a cidade de Colônia do Sacramento, 180 km a oeste da capital Montevidéu. Dá para chegar até lá de barco saindo de Buenos Aires, num percurso de 2 horas. Muitas pessoas acabam passando o dia e voltando para o lado argentino.
"O local é Patrimônio da Humanidade pela Unesco. Tem um bairro velho com colonização portuguesa e espanhola, tudo meio misturado. A cidade é um pouco parecida com Paraty (RJ), tem ruas de pedra, restaurantes pequenos, uma pracinha", conta Leonardo.
Barco em Colônia (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Barco em dia de sol em Colônia do Sacramento
(Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
Segundo ele e a mulher, Colônia também tem um farol de onde é possível ver toda a região. É um roteiro ideal para quem quer tranquilidade e um passeio mais bucólico e nostálgico.
"Fora do bairro velho, há vários restaurantes e serviços, campings e hotéis sofisticados", diz Leonardo. Rachel completa: "Se você for a Buenos Aires e estiver com dias sobrando, vale a pena acordar, pegar uma lancha e conhecer um país diferente. E o preço da travessia é acessível".
Torres del Paine e Pucón (Chile)
Torres del Paine (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Torres del Paine, no Chile (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
Quando os brasileiros estavam em El Calafate, na Argentina, acabaram cruzando a fronteira chilena, em direção a Torres del Paine, numa viagem de 6h para o sul. Lá, há um parque nacional considerado Reserva da Biosfera pela Unesco, onde existem camping e alguns hotéis de luxo, que custam a partir de US$ 500 a diária.
"Há várias estradinhas, e cada curva tem um visual maravilhoso. O nome Torres del Paine faz referência a um conjunto de montanhas de granito avermelhadas", revela Leonardo.
Pucón, no Chile (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Vulcão em Pucón, 780 km ao sul de Santiago, no
Chile (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
O segundo destino chileno recomendado por ele e a mulher é a cidade de Pucón, 780 km ao sul de Santiago. Essa é a porta de acesso para um vulcão inativo chamado Villarrica, que pode ser escalado dentro de um parque nacional. O casal optou por não se arriscar porque achou que o passeio poderia ser perigoso para quem não tem experiência.
"A cidade em si é pequena, charmosa, dá para fazer tudo a pé, pois o local gira em torno de dois ou três quarteirões. Há, ainda, opções de termas, piscinas, cachoeiras e mirantes. Também existe um lago gigante que parece praia, onde as pessoas ficam tomando sol e bebendo chimarrão. É um passeio bom para jovens e mochileiros", diz Leonardo.
Cusco (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Cusco (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
Cusco (Peru)
Ao contrário da maioria dos turistas, que dá dicas de Lima ou Machu Picchu, Leonardo e Rachel escolheram destacar Cusco. Considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, a cidade dá acesso a Machu Picchu – 90% das pessoas que chegam ali estão de passagem para as ruínas incas.
"É um lugar lindo, relativamente grande, mas o centro histórico tem ruas pequenas, igrejas bonitas e bem conservadas", afirma Leonardo.
Outra dica é visitar o museu do chocolate de Cusco, onde é possível ter aulas sobre como torrar o cacau e fazer barras, que podem ser comidas ali mesmo ou levadas para casa.
Cusco (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Igreja de Cusco, perto de Machu Picchu, no Peru
(Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
"Também dá para comprar um ticket na cidade que permite o acesso a todos os museus, durante três dias. É mais vantajoso", destaca Rachel.
Em Cusco, o casal também recomenda uma passada pelo Vale Sagrado, onde há ruínas incas, salinas com várias "piscinas" brancas, montanhas e um anfiteatro parecido com um Coliseu dentro da terra onde antigamente se faziam experimentos de agricultura.
"Machu Picchu é tão grandioso, que os outros lugares depois parecem pequenos. Mas indico desvendar mais Cusco", diz Rachel. A alta temporada na região vai de junho a outubro, pois nos outros meses chove muito.
De Quito a Cuenca (Equador)
Riobamba, Equador (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)O casal em Riobamba, no Equador (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
No Equador, por onde o casal passou em setembro, a dica é ir de carro da capital Quito até Cuenca, num percurso de cerca de 430 km rumo ao sul. Para fazer todo o trajeto, é necessário ter de cinco a sete dias disponíveis, segundo Leonardo.
Baños, Equador (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Baños, no Equador
(Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
O primeiro ponto de parada sugerido é Baños, um lugar que lembra Brotas (SP), com opções de ecoturismo. No local, ficam o vulcão mais ativo do mundo, o Tungurahua, e uma casa na árvore de onde é possível admirar as erupções – quando os brasileiros chegaram, porém, não conseguiram ver lava, mas aproveitaram o visual mesmo assim.
"De Baños, fomos até Riobamba, que fica a 80 km – o que leva até 2 horas e meia, por causa da condição das estradas. Lá, fica o vulcão inativo Chimborazo, numa região de vários vulcões. Dá para ir de carro a 4.800 metros e andar mais 200 metros até o topo do vulcão. Subimos bem devagar, com o pulmão já na boca. Mas o visual é lindo, o parque está bem conservado e há animais selvagens, como guanacos", conta Leonardo.
Chegando a Cuenca, que também é considerada Patrimônio da Humanidade pela Unesco, há dezenas de igrejas enormes, muito comércio, bons restaurantes e música na praça principal para relaxar.
Cuenca, Equador (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)A cidade de Cuenca, com uma de suas dezenas de
igrejas (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
"Essa cidade charmosa é onde mais americanos aposentados moram fora dos EUA. O combustível lá custa ¼ do valor no Brasil. É onde se fabricam os chapéus-panamá: há pessoas tecendo, lojas especializadas. A exportação é que é feita pelo canal, que acabou levando a fama", diz Rachel.
Medellín (Colômbia)
O último roteiro recomendado pelos brasileiros na América do Sul é Medellín, na Colômbia, onde eles se hospedaram na casa de uma brasileira que conheceram pela internet – ao todo, o casal diz que já tem "uns 30 convites de hospedagem pelo mundo". A cidade de 3 milhões de habitantes fica a 400 km de Bogotá, a quase 2 mil metros de altitude e atualmente está na época de chuva, que dura até fevereiro.
A Colômbia não estava no roteiro inicial dos dois, por uma "questão de segurança", pois havia um receio de sequestros e de ações das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Eles, porém, encontraram vários turistas ao longo da viagem que disseram que o país estava seguro, que as pessoas eram amáveis e não havia insegurança. Eles, então, seguiram para lá.
Medellín, Colômbia (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)Medellín, na Colômbia, lembra a cidade de São
Paulo (Foto: Leonardo Spencer/Viajo Logo Existo)
Segundo Leonardo e Rachel, Medellín se parece muito com São Paulo, com regiões desenvolvidas, bonitas, shoppings e carros por todo lado. Também há uma espécie de "Praça da Sé", com pessoas vendendo bugigangas ou frutas e idosos sentados. Além disso, há as favelas, uma região de bares como a Vila Madalena e lojas como as da Rua Oscar Freire.
"A Colômbia é o país mais próximo do Brasil em termos de pessoas, as mulheres são muito bonitas, há mais negros, que nos outros países, não vimos, e a natureza é parecida, com florestas e bastante umidade", compara Leonardo.
Segundo Rachel, Medellín é uma cidade limpa, bonita, e vale a pena visitar o Museu El Castillo, o Jardim Botânico e o Metrocable, um teleférico suspenso sobre uma favela.
Gastronomia
Além de manter um blog atualizado sobre a viagem, incluindo as estatísticas do percurso(dias de trajeto, países visitados, quilômetros rodados, dinheiro gasto e até as barras de cereal e pastas de dente consumidas), o casal criou um blog com dicas de gastronomia em cada lugar.
Entre os pratos típicos que eles destacam, estão o cordeiro patagônico na Argentina; o "chivito" no Uruguai, um prato com carne, ovo e bacon; a "centolla" no Chile, que é um caranguejo gigante; o "lomo saltado" no Peru, um prato com carne e batatas; o camarão no Equador, que é um dos maiores produtores do mundo; e a "bandeja paisa" na Colômbia, que é nosso PF com arroz, feijão, banana frita, carne, ovo, toucinho, abacate, "bem exagerado".
Sobre os preços, os brasileiros destacam o Peru, onde o melhor restaurante com chef de cozinha renomado sai por US$ 30 por pessoa. "Em São Paulo, gastaríamos até R$ 400 pela mesma refeição", compara Leonardo, que junto com a mulher tem se mantido abaixo da meta de gastar US$ 100 por dia – hoje está em US$ 84, contando as despesas com combustível, comida, eventuais hospedagens, troca de pneu e manutenção do carro.