sexta-feira, 18 de março de 2016

Solução para a crise está no interior das instituições políticas

Leonardo Avritzer

Especial para o UOL

Des-institucionalização é um conceito importante para explicar crises políticas. O pressuposto dos que operam com esse conceito é que a canalização dos conflitos e da sua solução para o interior das instituições políticas é o que produz a estabilidade democrática. Esta por sua vez, exige um equilíbrio entre os Poderes, já que na democracia dois Poderes representam a soberania popular, e um outro, o estado de direito.
A democracia precisa de um equilíbrio entre os Poderes para operar simultaneamente nos dois marcos, o do direito e o da soberania democrática. Nesse jogo, cabe ao Poder Judiciário ser o ponto de equilíbrio. Nesta semana, estamos assistindo uma perigosa transferência do marco institucional para um campo desinstitucionalizado, no qual atuam as ruas, uma parte da mídia e um juiz de primeira instância, que já não respeito, à hierarquia do Judiciário.
Desde dezembro de 2014, nós vemos um jogo de institucionalização e desinstitucionalização em curso no país. Ele começa com as manifestações de 15 de março de 2015 –que pediram o impeachment da presidente, mas não conseguiram, a princípio, repercutir no sistema político. Ao longo do ano de 2015, essa situação foi se modificando com a oposição e Eduardo Cunha refletindo, cada vez mais, o questionamento do resultado eleitoral pelas ruas. No fim do ano, o presidente da Câmara dá voz a esses grupos e aceita o pedido de impeachment da presidente, fortalecendo as ruas.
Já em 2016, os três primeiros meses são marcados pela politização explícita da Lava Jato e sua tentativa de criminalizar o ex-presidente Lula e buscar nas ruas apoio para a operação. Até domingo, a oposição brincou perigosamente com as regras do jogo político. Julgou que era evidente que, uma vez impedida a presidente, ou anuladas as eleições, o poder naturalmente migraria na sua direção. O último final de semana mostrou o equívoco dessa interpretação, já que na incerteza que se abateu sobre o país evaporaram todas as certezas políticas.
As manifestações do último domingo começaram a mostrar os perigosos elementos de um processo acelerado de desinstitucionalização. De um lado, vimos uma evolução clara de um jogo parcialmente pautado pela oposição e seus aliados na internet para um jogo no qual o circuito passou a ser o juiz Moro, a Rede Globo e a rua. São diversas as evidências desta mudança: a hostilização de dois importantes líderes do PSDB nas manifestações; o forte protagonismo de Moro na manifestação de São Paulo no último domingo; e o pronunciamento do juiz anunciando a importância da voz das ruas.
Mas a principal evidência da falta de qualquer articulação entre as ruas e o sistema político ocorreu nas redes sociais, onde aqueles que se pronunciaram em relação à manifestação tornaram-se completamente independentes do sistema político.
Uma análise das redes sociais no último fim de semana, publicada pelo jornal "Valor Econômico", mostra um fenômeno interessante ao comparar o trânsito nas redes socais em março de 2015 e em março de 2016. Enquanto a manifestação das redes em 2015 se pauta claramente por uma disputa PT contra PSDB –com o campo azul mais forte, explicitando uma certa mudança de hegemonia–, vimos algo muito diferente no último final de semana.
De um lado, um forte isolamento do campo vermelho nas margens da internet. De outro, um isolamento da cor azul. Vimos emergir nos protestos do último domingo um campo amarelo completamente majoritário que, ao que parece, dominou as manifestações. Apesar do jornalista do Valor ter interpretado os dados da internet como despolarização do país, eu tenho uma outra interpretação para esses dados. Trata-se de um campo apolítico, sem nenhuma ancoragem partidária, que está surgindo no Brasil e que coloca todas as instituições do estado democrático de direito em risco.
Reprodução/Valor Econômico

A nomeação do ex-presidente Lula para a chefia da Casa Civil na última quarta-feira fez com que a operação Lava Jato, e a relação entre o juiz Moro e as ruas mudasse mais uma vez de patamar. A Lava Jato deixou o circuito judiciário, Procuradoria da República e Supremo Tribunal Federal e entrou em um outro circuito, absolutamente perigoso para o estado de direito: o circuito é Moro, Rede Globo (que não cobriu as ilegalidades envolvidas no grampo), rua. Esse é o circuito da desinstitucionalização da política.
Os atos do juiz Moro que precipitaram os acontecimentos de ontem, como o grampo na Presidência da República feito, segundo reportagem da Folha, após o vencimento temporal da autorização judicial, e divulgado ilegalmente, ferindo as prerrogativas constitucionais da Presidência da República, mudam a Lava Jato de patamar. Aqui estão questionados simultaneamente todas as instituições do país.
Em primeiro lugar, a própria presidência, já que existem dúvidas se a origem do grampo não foi no próprio Palácio do Planalto. Em segundo lugar, a dimensão de hierarquia do Poder Judiciário apresenta fortes indícios de contaminação política. O pior sinal de desinstitucionalização seria uma politização do Poder Judiciário, tal como ocorreu na semana passada com o Ministério Público paulista.
Resta saber neste momento de forte des-institucionalização se é possível uma reativação positiva do circuito institucional. O Supremo Tribunal Federal tem que se pronunciar imediatamente sobre a quebra das prerrogativas da Presidência e tem que chamar para si os questionamentos jurídicos sobre a nomeação do ex-presidente Lula que já levaram a liminares nas instâncias inferiores do Judiciário.

Ao mesmo tempo, é fundamental o Congresso Nacional sair da sombra –por pior que seja a sua imagem–, já que a saída da crise oferece oportunidades políticas de construir uma nova imagem. Apenas um amplo entendimento político –que passe por governo e oposição, Executivo, Judiciário e Legislativo– poderá, neste momento, relativizar o poder das ruas, restabelecer os mediadores reais –que são os partidos, e não as instituições midiáticas–, devolvendo a crise para onde ela pode encontrar uma solução favorável: o interior das instituições políticas.
http://noticias.uol.com.br/opiniao/coluna/2016/03/18/solucao-para-a-crise-esta-no-interior-das-instituicoes-politicas.htm 

quarta-feira, 16 de março de 2016

Pesquisa mostra Dinamarca como país mais feliz do mundo; Brasil é 17º

Da Reuters

O relatório, preparado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável (SDSN, na sigla em inglês) e o Instituto da Terra, da Universidade de Columbia, mostrou que Síria,Afeganistão e oito países subsaarianos são os 10 locais menos felizes do mundo para se viver.
Os 10 mais deste ano foram Dinamarca, Suíça, Islândia, Noruega, FinlândiaCanadáHolanda,Nova ZelândiaAustrália e Suécia. Os dinamarqueses haviam ficado em terceiro lugar no ano passado, atrás de suíços e islandeses.
O Brasil aparece em 17º lugar no ranking. Os Estados Unidos aparecem na 13ª colocação, a Grã-Bretanha na 23ª, a França na 32ª e a Itália na 50ª.
Burundi aparece em último, seguido de Síria, Togo, Afeganistão, BenimRuandaGuiné, LIbéria, Tanzânia e Madagascar.
"Há uma mensagem muito forte para o meu país, os EUA, que é muito rico e ficou muito mais rico nos últimos 50 anos, mas não ficou mais feliz", disse o professor Jeffrey Sachs, chefe do SDSN e conselheiro especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon.

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2016/03/pesquisa-mostra-dinamarca-como-pais-mais-feliz-do-mundo-brasil-e-17.html

Luan Santana - Promete

Ok, vamos ser amigos

IVAN MARTINS
16/03/2016 - 09h48 - Atualizado 16/03/2016 11h40

Me peguei ao telefone, faz uns dias, dizendo coisas em que eu não acredito. “Não se preocupe”, eu disse. “Sei exatamente qual botão apertar para transformar desejo em amizade”. Na verdade, não faço a menor ideia de onde fica esse botão, mas a situação exigia uma frase de efeito.
Mais tarde, pensando sozinho no sofá de casa, percebi que tinha dito meia verdade: nos últimos anos, depois de muitos mal-entendidos, aprendi a conviver com mulheres que acho atraentes sem extrapolar os limites da amizade. Não é simples como apertar um botão, mas tampouco é difícil. E os resultados são espetaculares.
O impulso de conquistar todo mundo nos leva a um mar de frustrações e nos coloca no mundo com o pé errado. A amizade entre homem e mulher, por outro lado, é densa e complementar, e raramente produz sentimentos negativos. Ninguém que eu conheço se arrependeu de ter feito um amigo ou uma amiga. Muita gente que eu conheço gostaria de apagar do currículo transas precipitadas.
Quando você conhece alguém, está no controle total de suas faculdades emocionais. Não existe paixão que cai como um raio, reduzindo a pessoa a uma sopa de sentimentos. Mesmo o sorriso mais cativante e os modos mais sensuais estão no terreno da superficialidade. Essas sensações instantâneas estão longe da rendição incondicional que acontece quando a gente se apaixona. Mas paixão exige algo mais do que aparência. Exige que o outro esteja instalado dentro de você, e isso requer tempo e permissão emocional.
É nos primeiros contatos que a gente define que tipo de relação terá. Podemos nos deixar levar pela atração do romance e do sexo, que é a forma de relação mais glamourizada do nosso tempo. Ou podemos optar pela amizade, pondo de lado, sem negar que exista, a atração sexual. Freud chamava isso de sublimação, e dizia que é a essência da civilização. Se fizéssemos tudo o que temos vontade de fazer, o tempo todo, seríamos pouco mais do que bichinhos brutos e sensuais.
A escolha entre romance e amizade acontece precocemente, mas não é uma coisa fria, racional. A gente escolhe de forma inteiramente emocional, sem perceber.
>> Outras colunas de Ivan Martins

Depois de algum tempo de convívio, aquela pessoa bonita e sensual já não afeta você da mesma forma. Existe ternura entre vocês, mas não há paixão. Você olha aquela mulher linda – ou aquele cara másculo - e sente principalmente carinho. O desejo inicial caiu para um plano secundário. Você gosta da presença dele ou dela, mas sem a agonia das pessoas que amam. Vê-la ou vê-lo na companhia de outra pessoa não lhe faz mal. Pelo contrário. Seu afeto é destituído de egoísmo.
Isso acontece inclusive entre pessoas que já foram amantes ou namorados. Quando o sentimento termina, a relação vai lentamente mudando de cor e de forma. Elas continuam atraentes uma para a outra, mas, estranhamente, ninguém mais está atraído. Poderia rolar sexo, mas isso deixou de ser o mais importante. O eixo da relação mudou. Agora, está em outro lugar. Quando se chega a esse ponto, é a hora de dizer “OK, vamos ser amigos”.
Às vezes, essa metamorfose de sentimentos ocorre apenas para uma das partes. Então dói.
Por causa do machismo, os homens têm mais dificuldade do que as mulheres em explorar as possibilidades emocionais da amizade. O machismo nos manda comer todas as mulheres do mundo, sobretudo aquelas que achamos atraentes. Qualquer outra coisa é plano B, desistência, derrota. Melhor uma foda ruim do que uma boa amizade, a gente diz, às gargalhadas. Mas isso é pura besteira. Sexo ruim - ou sexo sem sentimentos, o que às vezes é a mesma coisa – deixa traumas, provoca angústia e afasta as pessoas. A amizade cria sentimentos bons e aproxima.
Se a amizade for plano B, tampouco há problema.  A relação pode começar com alguém tentando uma cantada. Para muitas pessoas – homens, sobretudo – esse é o jeito natural de se aproximar. Mais tarde, diante da recusa do outro, diante da impossibilidade, o sedutor ou sedutora começa a notar que existe algo na relação além do sexo que não houve. Percebe que emana da outra pessoa um monte de sentimentos legais, e que ela, vestida e em pé, em vez de nua e deitada, pode ser uma parte importante da vida. Esse é um momento importante na biografia de pessoas adultas – quando a gente descobre que, ao contrário da lenda, existe amizade entre homens e mulheres.
No fundo, pessoas de todos os sexos precisam fazer as pazes com a ideia de que não é possível seduzir todo mundo. Uma vez que a agente assimile essa verdade inconveniente, tudo fica mais fácil. Inclusive perceber que a graça e a beleza das pessoas não desaparecem quando elas se tornam nossas amigas. Elas continuam lá, mas começam a se tornar visíveis outras qualidades, mais sutis, que a gente só nota quando os nossos olhos deixam de desejar e passam a observar fraternalmente, com carinho.

http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-martins/noticia/2016/03/ok-vamos-ser-amigos.html 

Aérea paga trem, bebida e “amigo” para passageiros com conexão em Amsterdã

Todos a Bordo

Uma promoção da companhia aérea KLM pretende transformar as longas (e tediosas) horas de espera entre um voo e outro em uma experiência bastante prazerosa. Bom, pelo menos para quem estiver fazendo escala em Amsterdã, na Holanda.
Funciona assim: passageiros que tenham mais de seis horas de conexão no aeroporto de Schiphol podem conhecer a cidade gratuitamente e na companhia de um morador de Amsterdã, que mostrará locais interessantes da cidade. De quebra, ainda ganham a primeira rodada de bebida.
Para participar, o cliente deve se cadastrar no aplicativo da promoção com até 36 horas de antecedência. Um morador é escalado para ser o anfitrião. Ao chegar em Amsterdã, o passageiro recebe o bilhete do trem que o levará até o centro da cidade, onde o passeio começa. A partir daí, é só torcer para que o anfitrião seja “bom de papo''.
A missão do morador local é levar o passageiro para conhecer pontos interessantes da cidade e acompanhá-lo em uma rodada de bebidas, caso ele queira. O passeio dura em média duas horas. O aplicativo ainda manda lembretes, avisando que já é hora de voltar.
Gostou da ideia? A má notícia é que a promoção é válida apenas para clientes cujo ponto de partida da viagem seja Canadá, Estados Unidos ou Itália, entre os dias 22 de março e 31 de maio, e com uma escala que dure mais de seis horas em Amsterdã. Para complicar um pouco mais, o aplicativo desenvolvido para a ação e que faz toda a comunicação entre o anfitrião, companhia aérea e passageiro só funciona em iPhones.
E o que o anfitrião ganha?
Para incentivar os moradores de Amsterdã a serem anfitriões, após a fase piloto da promoção, a companhia aérea vai sortear duas passagens para qualquer destino em Itália, Estados Unidos ou Canadá. Para isso, é preciso que ele se cadastre no aplicativo e tenha feito, no mínimo, um passeio com algum passageiro durante o período da ação.
A companhia garante que dados como telefone ou endereço nunca são passados tanto para o morador quanto para o passageiro. Toda a comunicação é feita pelo aplicativo.
Outras iniciativas

A KLM não é a primeira companhia aérea que incentiva os viajantes a sair do aeroporto e explorar a cidade. Em fevereiro, a Icelandair começou um programa de “stopover amigo'' que vai até 30 de abril em que empregados da companhia aérea são os responsáveis por mostrar a Islândia para os passageiros. A programação varia de acordo com os interesses do cliente, oferecendo programas relacionados ao turismo de aventura, cultura, gastronomia, saúde e natureza.

http://todosabordo.blogosfera.uol.com.br/2016/03/16/aerea-paga-trem-bebida-e-amigo-para-passageiros-com-conexao-em-amsterda/