quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Meu agradecimento ao rei do Camarote

Comentei aqui ontem que o rei do Camarote não mereceria um comentário desta coluna. Mas a inesperada reação nas redes sociais ao esbanjador revelava um movimento que merecia reflexão.

De verdade, o insulto da ostentação teve um saldo positivo - e, nesse caso, o Rei do Camarote prestou um serviço involuntário. Positivo porque pedagógico.

A reação ontem pelas redes sociais --até se especulava intensamente se o tal sujeito não seria uma ficção-- deu uma lição nesse tipo de gente que revela o pior da desigualdade. É quando a desigualdade se transforma em esculhambação explícita e total falta de percepção dos dramas de uma nação.

Ser rico não é um problema, quando se ganha dinheiro honestamente. Ser rico pode significar gente que trabalhou duro e gerou riqueza coletiva, ao criar empregos.
Ricos podem ser admirados (e muito admirados), quando, além de terem negócios produtivos, usam sua influência para melhorar as condições de vida um país, investindo em causas sociais.

É isso o que explica, em parte, a pujança dos Estados Unidos, onde um Bill Gates gasta agora sua energia e dinheiro para resolver não os problemas de empresa. Mas a miséria mundial. E, assim, ganha um respeito planetário e, podem apostar, eterno.
Se rico quiser ser, de fato, celebridade duradoura vai ter de ficar mais próximo das ruas do que dos camarotes.

Essa é a lição que foi involuntariamente ajudada pelo tal esbanjador das baladas.


Gilberto Dimenstein
Gilberto Dimenstein ganhou os principais prêmios destinados a jornalistas e escritores. Integra uma incubadora de projetos de Harvard (Advanced Leadership Initiative). Desenvolve o Catraca Livre, eleito o melhor blog de cidadania em língua portuguesa pela Deutsche Welle. É morador da Vila Madalena.

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