Todos fogem da Série B, coisa que o São Paulo já conseguiu com sobras, mas que ainda preocupa o Corinthians e tira o sono tanto da Lusa quanto da Ponte Preta, mais dos campineiros que dos lusitanos.
Para os atuais campeões mundiais de clubes em vias de ensinar a má lição de que com 19 (já tem 15!) empates, a metade dos jogos no Brasileirão, é possível não cair a volta à Série B soaria, soará (?) como uma catástrofe inimiginável.
Inaugurar sua casa para receber visitantes menos nobres derrubaria todos os projetos.
Já para a Lusa e para a Ponte seria, será (?), apenas mais um tropeço na vida de quem vive de altos e baixos, mais baixos que altos.
O São Paulo e o Santos não fazem a menor ideia do que seja isso ou melhor, por apenas fazerem uma pálida ideia do que poderia ser, sempre trataram de fugir a tempo do pesadelo.
E o Palmeiras, bem, o Palmeiras sabe em dobro e é melhor não esquecer.
Ver um Fla-Flu com o campeão brasileiro enlouquecido para não ser o primeiro a cair no ano seguinte à conquista dá a medida do drama.
Mas vá explicar isso, por exemplo, para os torcedores do Santa Cruz, que acaba de voltar à segunda divisão depois de uma vitória dramática sobre o mineiro Betim, por 2 a 1, no Mundão do Arruda com 60 mil torcedores.
Mal tratado por sucessivas gestões criminosas, o Santinha festejará seu centenário na Série B, quem sabe até com a volta à primeira.
Um amigo torcedor do tricolor pernambucano um dia me disse que seu sonho era ver o Santinha sempre como campeão da segundona, mas sem subir de divisão. Porque preferia ser cabeça de formiga que rabo de elefante.
Dá perfeitamente para entender o sonho impossível, fruto das gestões nacional e estadual falidas de nosso futebol, incapazes de aproveitar o potencial que paixões como a dedicada ao Santa Cruz proporcionam.
Prova disso é que apenas uma vez, para valer, em mais de 4 décadas de Campeonato Brasileiro, um time do nordeste, o Bahia, foi campeão. Mesmo assim, no sistema de mata-mata, porque com pontos corridos parece impossível.
É claro que as disparidades da riqueza regional explicam o fato, um fenômeno mundial, embora o Napoli, do sul da Itália, seja a exceção para confirmar a regra, ainda mais porque tinha Diego Maradona numa época em que ainda era possível um clube mais pobre ter o melhor do mundo.
Ao ver, comovido, a festa do Santinha, que nem sequer ainda ganhou a Série C, apenas garantiu uma das quatro vagas na B, com o gol da vitória do amuleto Flávio Caça-Rato, bateu uma saudade romântica de outros tempos.
Tempos que gestões competentes poderiam manter vivos.
DIREITA, VOU VER!
Graaaaande Antonio Prata!!!
Não entendeu?
Pois leia a coluna dele de ontem, nesta Folha.
Juca Kfouri é formado em ciências sociais pela USP. Com mais de 40 anos de profissão, dirigiu as revistas "Placar" e "Playboy". Escreve às segundas, quintas e domingos na versão impressa de "Esporte".
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