Por Cosme Rimoli: http://esportes.r7.com/blogs/cosme-rimoli/atletico-mineiro-e-cruzeiro-frustram-globo-esvaziam-o-interesse-do-mercado-que-mais-importa-o-do-eixo-rio-sao-paulo-os-mineiros-estragaram-a-festa-talvez-em-2016-seja-diferente-30092013/
O eixo Rio-São Paulo é o que interessa para a Globo.
O eixo Rio-São Paulo é o que interessa para a Globo.
As maiores torcidas do Brasil pertencem aos dois estados. Corinthians e Flamengo recebem mais dinheiro pelo Brasileiro. A relação é absurda, cruel, sem pudor. Flamenguistas e corintianos embolsam R$ 120 milhões. São Paulo, Palmeiras, Vasco R$ 80 milhões. Aí, os clubes do terceiro escalão na visão global. Atlético Mineiro, Cruzeiro, Inter, Grêmio...Fluminense e Botafogo. Esses seis clubes embolsam R$ 45 milhões por ano. Os demais muito menos. Mas esse universo já serve para demonstrar não só a injustiça.
Tudo ficará pior em 2016. A Globo ofereceu uma prorrogação de contrato. O acordo não terminará mais em 2015. Passou até 2017. A emissora deu bônus de até R$ 30 milhões aos clubes. Só que a maioria deles não percebeu que a divisão será ainda pior.
Corinthians e Flamengo passarão a ganhar R$ 170 milhões. São Paulo, Vasco e Palmeiras, R$ 100 milhões.
R$ 70 milhões a menos. Atlético Mineiro, Cruzeiro, Inter... Grêmio, Fluminense e Botafogo R$ 60 milhões.
Nada menos do que R$ 110 milhões.
Não interessa apenas esse dinheiro. Ele é o início da bola de neve. A Globo se compromete a mostrar mais jogos do Corinthians e Flamengo. Isso atrai patrocinadores mais fortes. Faz com que esses clubes exijam mais dinheiro, já que estarão mais no ar.
Com mais dinheiro, melhores elencos serão montados.
E maior a audiência da tevê.
O que aconteceu neste ano foi um caos para a Globo. O interesse no mercado mineiro é muito menor.
Atlético Mineiro campeão da Libertadores já não foi a conquista dos sonhos. Um eventual bicampeonato do Corinthians iria parar o país de novo. Isso na avaliação dos executivos globais.
Mas não aconteceu. A emissora não fará uma super-cobertura do Mundial no Marrocos. Ficará mais local, voltado à população de Minas Gerais. Nem de perto lembrará o que foi feito com o Corinthians no Japão. Com direito a transmissão intensiva. E para todo o País.
A Globo não fez nada por acaso.
A final da Libertadores havia quebrado recordes. O jogo entre Corinthians e Boca chegou a 48 pontos. Na final do Mundial, contra o Chelsea, 38 pontos. Excepcional resultado. A média no começo da manhã na emissora no domingo é de 11 pontos em média. Mais significativo foi a eliminação na Libertadores. O clube caiu nas oitavas-de-final diante do Boca. A eliminação deu 32 pontos. Meio ponto a mais que a vitória do Brasil contra a Espanha. A final da Copa das Confederações chegou a 31,5 pontos.
O que norteia a emissora é a transmissão de São Paulo. O estado mais rico da União e dono dos maiores patrocinadores. A expectativa da transmissão do Mundial deste ano é muito menor. Até porque a final da Libertadores já foi assim. De pouco adiantaram os 41 pontos conseguidos em Minas Gerais. Nem os 25 conseguidos no Rio. Os paulistas deram apenas 28 pontos para Atlético e Olimpia.
O mesmo agora acontece com o fenômeno Cruzeiro. O ótimo time de Marcelo Oliveira está disparado na frente do Brasileiro. Se impôs diante do Internacional de Cuca no Rio Grande do Sul. Venceu de virada, com toda a justiça por 2 a 1. Atingiu 53 pontos incríveis 73,6% de aproveitamento. Está 11 pontos distantes do Grêmio. Nunca ninguém ficou a esta distância faltando 14 rodadas. Matemáticos apontam mais de 90% de chance de título.
Os executivos globais já estão prevendo o pior. O um final de campeonato sem graça. Com o Cruzeiro vencendo o Brasileiro antecipadamente. Sem qualquer disputa, emoção.
Por isso nas praças que mais interessam, o melhor time do País será desprezado. Nada de mostrar jogos do Cruzeiro. O foco será mantido nos times paulistas e cariocas. O último confronto com equipe de São Paulo será na 32ª rodada. Quando o Santos recebe o time celeste. A partir daí, a cidade de São Paulo não verá jogo ao vivo do Cruzeiro. Não pela tevê aberta.
O Rio de Janeiro não terá escapatória. A antepenúltima terá Vasco e Cruzeiro. E na última, no Maracanã, o Flamengo recebe os comandados de Marcelo Oliveira. Há uma sensação de zebra, de desinteresse na dona do futebol.
A arrancada do Cruzeiro é absolutamente segundo plano. O que interessa é a derrocada corintiana. O renascimento flamenguista. A chance de rebaixamento do São Paulo. A tensão vivida pelo Vasco. A subida do Fluminense. O Santos não mexe com a audiência, sem Neymar. E com o clube vivendo a perspectiva de ficar em uma situação intermediária.
A sensação na Globo é a mesma vivida pelas emissoras espanholas. Idênticas quando Real Madrid e Barcelona não duelam pelo título. Ou um time inesperado é campeão. Situação cada vez mais rara. O último deles foi o ótimo Valencia em 2004. Quando ganhou não só o Espanhol como a UEFA. Desde então já foram mais oito anos de domínio da tradicional dupla.
A disparidade provocada pelo dinheiro por lá aos dois é imitada aqui. Já se tem a certeza que a audiência não será a mesma.
Minas Gerais está indo além. Atlético e Cruzeiro fazem a Globo pagar os seus pecados. Resta esperar por 2014. Ou melhor ainda, por 2016. Quando Corinthians e Flamengo receberão R$ 170 milhões.
R$ 110 milhões a mais do que os times de Belo Horizonte.
Aí, quem sabe o título do Brasil e da Libertadores serão garantidos.
Em 2013, não.
Os mineiros não deixaram...
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