segunda-feira, 31 de março de 2014

Ela estava pedindo

RUTH DE AQUINO
28/03/2014 22h31 - Atualizado em 28/03/2014 22h37

Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. É uma afirmação forte. Leia novamente, por outro ângulo. Homens que atacam mulheres com shorts, saias curtas ou decotes reveladores não têm culpa nenhuma. Eles não são agressores, apenas respondem a seu instinto humano e animal.

O homem, ao atacar, exerce o direito masculino de se apossar daqueles nacos de carne exibidos. Coxas, umbigo, linha dos seios, costas. Se ela mostrou na rua, em público, estava pedindo, não é mesmo? Nesse caso, se existe algum culpado de ataque sexual, claro, é ela. A fêmea que provoca o desejo do macho.

Se você acha que enlouqueci, saiba que faz parte de uma minoria no Brasil. Também sou minoria. Mesmo ciente do preconceito e do machismo entranhados em nossa sociedade, fiquei escandalizada com o resultado de umapesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizada entre maio e junho do ano passado, com 3.810 pessoas em todo o país.
>> A culpa é delas. É o que pensam os brasileiros sobre a violência contra a mulher

Segundo o levantamento, 65% dos entrevistados concordam parcial (22,4%)  ou totalmente (42,7%) com a afirmação “mulher que mostra o corpo merece ser atacada”. Não é só homem que acha isso. Muita mulher moralista, hipócrita e ciumenta acha o mesmo. Que queimem no inferno as mulheres fáceis e libertinas...ou apenas sensuais, bonitas e desejáveis que economizam no tecido.

Quinhentas e vinte e sete mil mulheres, adolescentes e crianças são estupradas por ano no Brasil. Isso significa que, a cada dia, ocorrem 1.443 estupros de seres do sexo feminino. São 60 estupros por hora. Um estupro por minuto. Não sei quanto tempo você leva para ler esta coluna. Marque no relógio e, no ponto final, saberá quantas mulheres, adolescentes e crianças terão sido atacadas sexualmente enquanto você pensa se faz parte dos 65% de brasileiros que culpam a vítima.

“Mulher ainda é vista como propriedade no país. Homem pode fazer o que quiser do corpo feminino.” Essa é a visão da socióloga Samira Bueno, diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Está no senso comum que a mulher provoca e, por isso, é estuprada, que ela apanha porque o marido estava nervoso, que ela deve tolerar as agressões para manter o núcleo familiar”, disse Samira ao jornal O Globo.

A pesquisa do Ipea revela um poço de preconceitos. Dá arrepio na alma. Mas prefiro me concentrar na parte mais atroz e cruel: a inversão da culpa nos ataques sexuais. Que explica também por que 58% dos entrevistados acham que, “se as mulheres soubessem se comportar, haveria menos estupros”. Eles culpam Eva e seus atributos físicos.

As famílias ajudam a perpetuar o preconceito. Pais e mães que se orgulham do filho “garanhão” e “comedor” e castigam a filha “namoradeira” e sexualmente livre contribuem para visões distorcidas dos gêneros. Ambas as atitudes – o orgulho e a rejeição – são equivocadas.

Escrevi uma coluna, “Os pegadores e as vagabundas”, que descreve exatamente essa dupla moral. O número alto ou baixo de parceiros sexuais não determina o caráter ou o real prazer de ninguém. A rotatividade na cama não deveria ser tachada de devassidão. Não sempre. A busca talvez? Mas o homem pode buscar, e a mulher não... ainda hoje, no ano 2014, ela é malvista.

Em cidades litorâneas e quentes onde se anda semidespido, como o Rio de Janeiro, fica claro, nos calçadões, o código do figurino diferenciado. Homens de todas as idades e corpos caminham de sunga, mas praticamente só as gringas caminham de biquíni, sem nada por cima. As cariocas têm receio de ser atacadas verbalmente ou fisicamente se andarem na calçada de biquíni.
>> Você é contra ou a favor de vagões só para mulheres?

Em São Paulo, passar a mão dentro do metrô e dos trens virou esporte de macho mal resolvido, que quer extravasar as frustrações. Homens foram presos em flagrante, sob acusação de abuso de passageiras jovens e bonitas. Alguns desses abusadores se gabam na internet de usar o transporte público para molestar as mulheres. Há os que se masturbam, que se encostam, que filmam as moças. Uma passageira disse ao Fantástico que anda no metrô com uma chave de fenda, por defesa pessoal. Outra pediu que a sociedade pare de julgar as mulheres pelas roupas. Mas esse dia parece estar longe. Sempre esteve.

Quando eu, garota de praia, estava perto de completar 11 anos, meu pai me proibiu de usar biquíni, porque tinha ficado “mocinha” – eufemismo para a primeira menstruação. Nem “duas peças” podia. Precisava ser maiô inteiro. Era uma ordem. Me senti confusa e humilhada, não protegida. Meu pai também destruiu uma minissaia a tesouradas, para eu não mostrar as coxas. Dizia que era para meu bem. Foi mesmo, porque ali, naquele apartamento de Copacabana, comecei a me rebelar. 

A recessão democrática

RODRIGO TURRER E FILLIPE MAURO
31/03/2014 08h00

democracia está numa encruzilhada. Por ela, clamam multidões mundo afora, e políticos pronunciam seu nome em vão, disperso em meio a palavras de ordem em inflamados discursos. Mesmo assim, sua capacidade de realizar os anseios dessas multidões está hoje em xeque. O desfecho de múltiplas crises institucionais e políticas comprova o paradoxo. Os milhares que foram às ruas para derrubar ditaduras na Primavera Árabe exigiam liberdade e o direito de ser justamente representados. Exceção feita à Tunísia, os demais países trocaram tiranias velhas por novas ou caíram em sangrentos conflitos. No Egito, governos sucederam-se em série até o aparecimento de uma nova ditadura. Na Síria, uma guerra civil completou três anos e matou mais de 100 mil pessoas. O receituário para o fracasso dessas revoluções parece ser o mesmo: o anseio por democracia inflama multidões, que tomam ruas e praças e derrubam regimes impopulares. As velhas ordens são substituídas por democracias populares, que metem os pés pelas mãos e enfrentam graves crises econômicas ou de legitimidade. Novos mandatários tornam-se impopulares, e seus governos entram em colapso.

Mesmo que 40% da população do mundo viva em países com eleições livres, a democracia não parece mais a unanimidade de outrora. A primeira onda democratizante do século XIX legou ao mundo apenas uma democracia sólida, os Estados Unidos. A segunda começou com a vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial. De 1945 a 1962, o mundo pulou de 11 países democráticos para 36. A terceira onda, dos anos 1970 aos 1990, transformou em democracias dezenas de ex-colônias na África e na Ásia e sucedeu a autocracias na América Latina e nas ex-repúblicas da União Soviética. Com a crise financeira de 2008, veio o retrocesso. O declínio nos rendimentos, a desigualdade de renda e a alta taxa de desemprego levaram a uma erosão na confiança da população em governos e instituições. Na Europa, isso se manifestou sob a forma de protestos contra a austeridade fiscal e a ascensão de partidos nacionalistas radicais. Nos EUA, veio na forma de uma apatia crescente em relação à política. Sondagens recentes mostram que 76% dos americanos confiavam no governo em 1964. Em 2010, o índice caiu para 19%. No ano passado, a mais longa democracia do mundo paralisou seus serviços públicos por mais de duas semanas, incapaz de resolver um dilema orçamentário trivial.
Para alguns, a exaustão da democracia parece repetir a cartilha da implosão de outros sistemas políticos. Em A guerra e a paz na história moderna, Philip Bobbitt, professor de Direito Constitucional na Universidade do Texas e ex-conselheiro de quase todos os presidentes americanos depois de 1970, afirma que um sistema começa a desmoronar quando não consegue prover as necessidades da população. Foi assim com o nazismo e o comunismo. Diante de ambos, vingou aquele que se provou capaz de sustentar o povo: a democracia liberal. Agora essa capacidade não é uma certeza. “O Estado nacional é incapaz de dar à sociedade o que ela almeja”, afirmou Bobbitt em entrevista a ÉPOCA, em 2011. “Os regimes, parlamentares ou presidenciais, se exaurem porque são incapazes de prover o bem-estar prometido.”

Por décadas, acreditou-se que o casamento entre democracia e capitalismo era perfeito: só as liberdades democráticas permitiam progresso material consistente. Essa relação fragilizou-se com a emergência de nações capitalistas não democráticas. Enquanto bastiões da democracia como Estados Unidos, Reino Unido e França sofriam perdas econômicas, a China exaltava o rígido controle do Partido Comunista como central para seu sucesso. Um estudo coordenado pelo economista Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos e hoje professor em Harvard, mostrou que, nos anos em que o PIB americano crescia com vigor, a cada 30 anos dobrava o padrão de vida dos americanos. A China dobrou o padrão de vida chinês a cada década nos últimos 30 anos. Uma pesquisa conduzida pelo instituto americano Pew Research Center mostrou o reflexo disso: enquanto 85% dos chineses estão “muitos satisfeitos” com suas vidas, apenas 31% dos americanos pensam assim.
>> 1964: O ano que não terminou

Um índice elaborado pela revista britânica The Economist mostra que menos da metade da população mundial vive em algum tipo de democracia. Apenas 11% (25 países) vivem numa “democracia completa”. O levantamento baseia-se em 60 indicadores, como processo eleitoral e pluralismo, liberdades civis, funcionamento do governo, participação política e cultura política. O índice mostra que a liberdade mundial caiu pelo oitavo ano consecutivo, por causa do crescimento do controle estatal, censura e formas de autoritarismo.

Esses números não mostram tudo. Importantes democracias do mundo aos poucos se tornaram autocracias, mantendo aparências eleitorais, mas amputando direitos e instituições. Na América Latina pululam exemplos. A Argentina tem eleições, mas a família Kirchner (Néstor e Cristina) aparelhou o Estado e faz de tudo para amordaçar a imprensa crítica. Na Venezuela, a situação é pior: o sucessor de Hugo Chávez, Nicolas Maduro, prende opositores envolvidos em protestos contra o governo. Na Europa, a Rússia de Vladimir Putin é um dos maiores reveses para a democracia, com a prisão de oponentes e perseguição à imprensa. “O mundo vive hoje uma recessão democrática”, afirma Larry Diamond, professor de ciência política da Universidade Stanford e diretor do Programa de Democracia do Instituto Hoover. “As grandes democracias só conseguirão alterar esse cenário com uma reconfiguração dolorosa do pacto social.”

Os prognósticos para a democracia parecem sombrios, mas já houve momentos iguais. Em meados dos anos 1970, o crescimento mundial estava estagnado, e a inflação no Ocidente era vertiginosa. Em 1975, acadêmicos de Estados Unidos, Europa e Japão elaboraram um relatório intitulado A crise da democracia. Eles argumentavam que os governos democráticos do mundo industrializado haviam perdido a capacidade de funcionar. Uma década e meia depois, a União Soviética e o comunismo desmoronaram. O que aconteceu? A democracia liberal mostrou sua capacidade de superar dificuldades por meio de seu mais importante valor: o livre debate de ideias. As discussões políticas abertas e o livre-arbítrio, por meio do voto, permitiram que sociedades democráticas identificassem soluções para seus problemas e rejuvenescessem suas economias. No lado de lá da Cortina de Ferro, o autoritarismo comunista não dava espaço à busca de alternativas – e foi derrotado. Por mais fragilizada que possa estar, a democracia é o único regime livre o suficiente para se recuperar de crises de forma satisfatória e duradoura.

O Brasil é um bom exemplo para o planeta. A conquista de liberdades democráticas, a partir de 1985, não resultou em avanços econômicos imediatos. Mas essas liberdades foram essenciais para conquistas futuras mais sólidas, como a estabilidade da moeda, uma melhor distribuição de renda e um arcabouço jurídico transparente aos cidadãos. Mais: nações democráticas são mais pacíficas, por ter em seus alicerces o mecanismo do diálogo. Paz e prosperidade, apenas a democracia pode oferecer.

Exército no poder foi instrumento da vontade popular

Jair Bolsonaro

Especial para o UOL

O Exército nunca foi intruso na política, mas sempre instrumento da vontade popular. 1964 foi exigência da sociedade. As mulheres nas ruas pediam o restabelecimento da ordem; os empresários não queriam seu patrimônio estatizado pelo golpe de esquerda que se avizinhava; a mídia clamava pelos militares, pois abominava a imprensa única; toda a Igreja Católica pedia a Deus para que os militares assumissem; a OAB e a ABI eram as mais exaltadas em prol das Forças Armadas.
Em 2 de abril de 1964, o Congresso Nacional – e não os militares – cassou o mandato de João Goulart. Em 9 de abril de 1964, esse mesmo Congresso elegeu Castello Branco para presidir o Brasil, inclusive com votos de Ulysses Guimarães, Juscelino Kubitschek, Franco Montoro, Chagas Freitas e Afonso Arinos. Poucos se abstiveram de votar.
Foram 20 anos de pleno emprego, segurança e respeito aos humanos direitos. Passamos da 49ª para 8ª economia do mundo, mesmo com duas crises do petróleo. Só no governo Médici foram construídas 15 hidrelétricas. Com Geisel e Figueiredo, veio a Itaipu Binacional e a Usina de Angra, só para ficarmos na geração de energia.

GOVERNOS MILITARES

Foram 20 anos de pleno emprego, segurança e respeito aos humanos direitos, e passamos da 49ª para 8ª economia do mundo, mesmo com duas crises do petróleo
Sem as obras dos militares o Brasil não existiria. Os ministros eram escolhidos entre administradores, e não entre políticos. O povo ia às ruas não para clamar por educação, já que era de qualidade e para todos; o professor tinha como exercer sua autoridade na sala de aula e era respeitado fora dela.
O povo não foi às ruas clamar por emprego, pois ele era pleno; não pedia por segurança, porque se vivia em paz; não exigia o fim da corrupção, porque era praticamente inexistente.
O povo foi às ruas só, e tão somente, para pedir voto direto para presidente da República. Hoje, o povo vota para presidente, mas não tem saúde, segurança, educação, emprego, paz e futuro.
A Constituição de 1946 atribuía às Forças Armadas a garantia da lei e da ordem, e antes de 1964 o governo Jango incitava a insubordinação e a desordem. A influência russa era tamanha que o jornal "Tribuna da Imprensa" estampou a seguinte manchete em 20 de fevereiro de 1964: "Kruschev apoia frente Goulart".  Ou se fazia a contrarrevolução ou todos nós hoje estaríamos cortando cana.
Aqueles 20 anos foram apelidados de ditadura, exatamente pelos que hoje estão no poder e que, dia após dia, dão sua demonstração de admiração às mais cruéis ditaduras - como a cubana -, e se entregam completamente à corrupção, aparelham o Judiciário e compram o Legislativo. Hoje, quem conhece um mínimo de política afirma que a verdade e a justiça passaram a ser filhas do PT.

AMEAÇA

Chegará o momento em que um novo 31 de março ou uma nova Operação Condor não serão suficientes para impedir o Brasil e a América Latina de serem lançados nos braços do comunismo
Novamente se asfalta o caminho para a exceção. O Governo se aparelha com leis que abolem a propriedade privada (PEC 438/2011), retiram as autoridades dos pais sobre os filhos (PL 7672/2010), desconstroem na tenra idade e a heteronormatividade (PNDH3), cria o ódio entre brancos e negros (PL 6738/2013), ricos e pobres (PLP 137/2004), privilegia homossexuais (PL 122/2006), estimula a violência ao querer transformar presídios em hotéis cinco estrelas (PL 2230/2011), responsabiliza o cidadão de bem pelos crimes que o Estado não combate (Lei 10.826/2003), premia o ócio com bolsas vitalícias (Lei 10.836/2004) etc.
Os currículos escolares de hoje, diariamente, envenenam 30 milhões de alunos do ensino fundamental com ideologias de países que nunca admitiram liberdade em seu solo. Com textos e gravuras os livros condenam o capitalismo, o livre mercado e a propriedade privada exaltando o socialismo como remédio para todos os males.
Chegará o momento em que um novo 31 de março ou uma nova Operação Condor não serão suficientes para impedir o Brasil e a América Latina de serem lançados nos braços do comunismo. Que o diga o Foro de São Paulo congregado pelo PT, pelas Farc e pelo que há de pior na América Latina.

Deus salve 31 de março de 1964!

Dez razões para não ter saudades da ditadura

Carlos Madeiro
Do UOL, em Maceió

1. Tortura e ausência de direitos humanos

As torturas e assassinatos foram a marca mais violenta do período da ditadura. Pensar em direitos humanos era apenas um sonho. Havia até um manual de como os militares deveriam  torturar para extrair confissões, com práticas como choques, afogamentos e sufocamentos.
Os direitos humanos não prosperavam, já que tudo ocorria nos porões das unidades do Exército.
"As restrições às liberdades e à participação política reduziram a capacidade cidadã de atuar na esfera pública e empobreceram a circulação de ideias no país", diz o diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque. 
Sem os direitos humanos, as torturas contra os opositores ao regime prosperaram. Até hoje a Comissão Nacional de Verdade busca dados e números exatos de vítimas do regime. 
"Os agentes da ditadura perpetraram crimes contra a humanidade --tortura, estupro, assassinato, desaparecimento-- que vitimaram opositores do regime e implantaram um clima de terror que marcou profundamente a geração que viveu o período mais duro do regime militar", afirma. 
Para Roque, o Brasil ainda convive com um legado de "violência e impunidade" deixado pela militarização. "Isso persiste em algumas esferas do Estado, muito especialmente nos campos da justiça e da segurança pública, onde tortura e execuções ainda fazem parte dos problemas graves que enfrentamos", complementa.
Acervo UH/Folhapress

2. Censura e ataque à imprensa

Uma das marcas mais conhecidas da ditadura foi a censura. Ela atingiu a produção artística e controlou com pulso firme a imprensa. 
Os militares criaram o "Conselho Superior de Censura", que fiscalizava e enviava ao Tribunal da Censura os jornalistas e meios de comunicação que burlassem as regras. Os que não seguissem as regras e ousassem fazer críticas ao país, sofriam retaliação --cunhou-se até o slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o." 
Não são raras histórias de jornalistas que viveram problemas no período. "Numa visita do presidente (Ernesto) Geisel a Alagoas, achamos de colocar as manchetes no jornalismo da TV: 'Geisel chega a Maceió; Ratos invadem a Pajuçara'. Telefonaram da polícia para o Pedro Collor [então diretor do grupo] e ele nos chamou na sala dele e tivemos que engolir o afastamento do jornalista Joaquim Alves, que havia feito a matéria dos ratos", conta o jornalista Iremar Marinho, citando que as redações eram visitadas quase que diariamente por policiais federais. 
Para cercear o direito dos jornalistas, foi criada, em 1967, a Lei de Imprensa. Ela previa multas pesadas e até fechamento de veículos e prisão para os profissionais. A lei só foi revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2009
Muitos jornalistas sofreram processos com base na lei mesmo após a redemocratização. "Fui processado em 1999 porque publiquei declaração de Fulano contra Beltrano. A Lei de Imprensa da Ditadura permitia isso: punir o mensageiro, que é o jornalista", conta o jornalista e blogueiro do UOLMário Magalhães

3. Amazônia e índios sob risco 

No governo militar, teve início um processo amplo de devastação da Amazônia. O general Castelo Branco disse, certa vez, que era preciso "integrar para não entregar" a Amazônia. A partir dali, começou o desmatamento e muitos dos que se opuseram morreram.
"Ribeirinhos, índios e quilombolas foram duramente reprimidos tanto ou mais que os moradores das grandes cidades", diz a jornalista paraense e pesquisadora do tema, Helena Palmquist.
A ideia dos militares era que Amazônia era "terra sem homens", e deveria ser ocupada por "homens sem terra do Nordeste." Obras como as usinas hidrelétricas de Tucuruí e Balbina também não tiveram impactos ambientais ou sociais previamente analisados, nem houve compensação aos moradores que deixaram as áreas alagadas. Até hoje, milhares que saíram para dar lugar às usinas não foram indenizados.
A luta pela terra foi sangrenta. "Os Panarás, conhecidos como índios gigantes, perderam dois terços de sua população com a construção da BR-163 --que liga Cuiabá a Santarém (PA). Dois mil Waimiri-Atroaris, do Amazonas, foram assassinados e desaparecidos pelo regime militar para as obras da BR-174. Nove aldeias desse povo desapareceram e há relatos de que pelo menos uma foi bombardeada com gás letal por homens do Exército", afirma.
Reprodução

4. Baixa representação política e sindical

Um dos primeiros direitos outorgados aos militares na ditadura foi a possibilidade do governo suspender os direitos políticos do cidadão. Em outubro de 1965, o Ato Institucional número 2 acabou com o multipartidarismo e autorizou a existência de apenas dois: a Arena, dos governistas, e o MDB, da oposição.
O problema é que existiam diversas siglas, que tiveram de ser aglutinadas em um único bloco, o que fragilizou a oposição. "Foi uma camisa-de-força que inibiu, proibiu e dificultou a expressão político-partidária. A oposição ficou muito mal acomodada, e as forças tiveram que conviver com grandes contradições", diz o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco, Michael Zaidan.
As representações sindicais também foram duramente atingidas por serem controladas com pulso forte pelo Ministério do Trabalho. Isso gerou um enfraquecimento dos sindicatos, especialmente na primeira metade do período de repressão. 
"Existiam as leis trabalhistas, mas para que elas sejam cumpridas, com os reajustes, é absolutamente necessário que os sindicatos judicializem, intervenham para que os patrões respeitem. Essas liberdades foram reprimidas à época. Os sindicatos eram compostos mais por agentes do governo que trabalhadores", lembra Zaidan.
Folhapress

5. Saúde pública fragilizada

Se a saúde pública hoje está longe do ideal, ela ainda era mais restrita no regime militar. O Inamps (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) era responsável pelo atendimento, com seus hospitais, mas era exclusivo aos trabalhadores formais. 
"A imensa maioria da população não tinha acesso", conta o cardiologista e sindicalista Mário Fernando Lins, que atuou na época da ditadura. Surgiu então a prestação de serviço pago, com hospitais e clínicas privadas.
"Somente após 1988 é que foi adotado o SUS (Sistema Único de Saúde), que hoje atende a uma parcela de 80% da população", diz Lins.
Em 1976, quase 98% das internações eram feitas em hospitais privados. Além disso, o modelo hospitalar adotado fez com a que a assistência primária fosse relegada a um segundo plano. Não existiam planos de saúde, e o saneamento básico chegava a poucas localidades. "As doenças infectocontagiosas, como tuberculose, eram fonte de constante preocupação dos médicos", afirma Lins. 
Segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), "entre 1965/1970 reduz-se significativamente a velocidade da queda [da mortalidade infantil], refletindo, por certo, a crise social econômica vivenciada pelo país". 

6. Linha dura na educação 

A educação brasileira passou por mudanças intensas na ditadura. "O grande problema foi o controle sobre informações e ideologia, com o engessamento do currículo e da pressão sobre o cotidiano da sala de aula", sintetiza o historiador e professor da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Sávio Almeida. 
As disciplinas de filosofia e sociologia foram substituídas pela de OSPB (Organização Social e Política Brasileira, caracterizada pela transmissão da ideologia do regime autoritário, exaltando o nacionalismo e o civismo dos alunos e, segundo especialistas, privilegiando o ensino de informações factuais em detrimento da reflexão e da análise) e Educação, Moral e Cívica. Ao mesmo tempo, com o baixo índice de investimento na escola pública, as unidades privadas prosperaram.
Na área de alfabetização, a grande aposta era o Mobral (Movimento Brasileiro para Alfabetização), uma resposta do regime militar ao método elaborado pelo educador Paulo Freire, que ajudou a erradicar o analfabetismo no mundo na mesma época em que foi considerado "subversivo" pelo governo e exilado. Segundo o estudo "Mapa do Analfabetismo no Brasil", do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação, o Mobral foi um "retumbante fracasso."
Os problemas também chegaram às universidades, com o afastamento delas dos centros urbanos e a introdução do sistema de crédito. "A intenção do regime era evitar aglomeração perto do centro, enquanto o sistema de crédito foi criado para dispersar os alunos e não criar grupos", diz  o historiador e vice-reitor do Fejal (Fundação Educacional Jayme de Altavila), Douglas Apratto.
Roberto Stuckert/Folha Imagem

7. Corrupção e falta de transparência 

No período da ditadura, era praticamente impossível imaginar a sociedade civil organizada atuando para controlar gastos ou denunciando corrupção. Não havia conselhos fiscalizatórios e, com a dissolução do Congresso Nacional, as contas públicas não eram analisadas, nem havia publicidade dos gastos públicos, como é hoje obrigatório.
"O maior antídoto da corrupção é a transparência. Durante a ditadura, tivemos o oposto disso. Os desvios foram muitos, mas acobertados pela força das baionetas", afirma o juiz e um dos autores da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis. 
Reis afirma que, ao contrário dos anos de chumbo, hoje existem órgãos fiscalizatórios, imprensa e oposição livres e maior publicidade dos casos. "Estamos muito melhor agora, pois podemos reagir", diz.
Outro ponto sempre questionado no período de ditadura foram os recursos investidos em obras de grande porte, cujos gastos eram mantidos em sigilo. 
"Obras faraônicas como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço, por exemplo, foram realizadas sem qualquer possibilidade de controle. Nunca saberemos o montante desviado", disse Reis. "Durante a ditadura, a corrupção não foi uma política de governo, mas de Estado, uma vez que seu principal escopo foi a defesa de interesses econômicos de grupos particulares."
Reprodução

8. Nordeste mais pobre e migração

A consolidação do Nordeste como região mais pobre do país teve grande participação do governo do militares. "Nenhuma região mudou tanto a economia como o Nordeste", diz o doutor em economia regional Cícero Péricles Carvalho, professor da Universidade Federal de Alagoas. 
Com as políticas adotadas, a região teve um crescimento da pobreza. "Terminada a ditadura, o Nordeste mantinha os piores indicadores nacionais de índices de esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil e alfabetização. Entre 1970 e 1990, o número de pobres no Nordeste aumentou de 19,4 milhões para 23,7 milhões, e sua participação no total de pobres do país subiu de 43% para 53%", afirma Péricles
O crescimento urbano registrado teve como efeito colateral a migração desregulada. "O modelo urbano-industrial reduziu as atividades agropecuárias, que eram determinantes na riqueza regional, com 41% do PIB, para apenas 14% do total em 1990", diz Péricles. 
Enquanto o campo era relegado, as atividades urbanas saltaram, na área industrial, de 12% para 28% e, na área do comércio e serviços, de 47% para 58%. 
"A migração gerou mais pobreza nas cidades, sem diminuir a miséria no campo. A população do campo reduziu-se a um terço entre 1960 e 1990", acrescenta Péricles. 
Folhapress

9. Desigualdade: bolo cresceu, mas não foi dividido

"É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo". A frase do então ministro da Fazenda Delfim Netto é, até hoje, uma das mais lembradas do regime militar. Mas o tempo mostrou que o bolo cresceu, sim, ficou conhecido como "milagre brasileiro", mas poucos comeram fatias dele.
A distribuição de renda entre os estratos sociais ficou mais polarizada durante o regime: os 10% dos mais ricos que tinham 38% da renda em 1960 e chegaram a 51% da renda em 1980. Já os mais pobres, que tinham 17% da renda nacional em 1960, decaíram para 12% duas décadas depois.
Assim, na ditadura houve um aumento das desigualdades sociais. "Isso levou o país ao topo desse ranking mundial", diz o professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles.
Entre 1968 e 1973, o Brasil cresceu acima de 10% ao ano. Mas, em contrapartida, o salário mínimo --que vinha recuperando o poder de compra nos anos 1960-- perdeu com o golpe. "Em 1974, em pleno 'milagre', o poder de compra dele representava a metade do que era em 1960", acrescenta Péricles. 
"As altas taxas de crescimento significavam mais oportunidades de lucros altos, renda e crédito para consumo de bens duráveis; para os mais pobres, assalariados ou informais, restava a manutenção de sua pobreza anterior", explica o economista. 
Divulgação / Pequi Filmes

10. Precarização do trabalho

Apesar de viver o "milagre brasileiro", a ditadura trouxe defasagem aos salários dos trabalhadores. "Nossa última ditadura cívico-militar foi, em certo ponto, economicamente exitosa porque permitiu a asfixia ao trabalho e, por consequência, a taxa salarial média", diz o doutor em ciências sociais e blogueiro do UOLLeonardo Sakamoto.
Na época da ditadura, a lei de greve, criada em 1964, sujeitava as paralisações de trabalhadores  à intervenção do Poder Executivo e do Ministério Público. "Ir à Justiça do Trabalho para reclamar direitos era possível, mas pouco usual e os pedidos eram minguados", explica Sakamoto.
"Nada é tão atrativo ao capital do que a possibilidade de exercício de um poder monolítico, sem questionamentos", diz Sakamoto, que cita a asfixia dos sindicatos, a falta de liberdade de imprensa e política foram "tão atraentes a investidores que isso transformou a ditadura brasileira e o atual regime político e econômico chinês em registros históricos de como crescimento econômico acelerado e a violência institucional podem caminhar lado a lado".

Marcha da Família: O dia em que encontrei os comentaristas deste blog

Do Blog do Sakamoto

Participei do jubileu de ouro da Marcha da Família com Deus pela Liberdade, nesta tarde de sábado (22), entre as Praças da República e da Sé, no Centro de São Paulo.
Agradeço, portanto, à organização do ato, pois ele foi histórico. Afinal de contas, nunca imaginei que os brasileiros teriam coragem de fazer isso de novo.
Devo confessar, contudo, que fui guiado não pelo nobre interesse jornalístico, mas sim por uma mórbida curiosidade. Qual seria a outra oportunidade que teria de conhecer a parte barulhenta dos comentaristas deste blog? A parte que acha que sou o demônio e transforma este espaço em algo divertidíssimo. A parte que não acredita em democracia.
Como esse naco social extremamente conservador vai para o céu quando morrer e eu, que não creio, habitarei o limbo pela eternidade, não poderia deixar de ver seus rostos, sentir seu cheiro, ouvir suas ideias, olho no olho, pelo menos uma vez na vida.
Primeiramente, fico feliz que eles – vencendo o preconceito e o medo – tenham saído do armário. Porque, apesar de sempre existirem, suas ideias eram sussurradas no âmbito privado e, portanto, estavam alheias à possibilidade de debate público. Viva, pois, a maldita democracia!
O tamanho da lista de pautas dos manifestantes rivalizava com demandas de sindicatos em greve ou estudantes em paralisação. Pedem ajuda para as FFAA (Forças Armadas) a fim de uma intervenção militar já. Querem Lula e Dilma na cadeia. Suplicam pelo fim da ameaça comunista e /ou socialista no país (antes fosse, gente… se o PT é comunista, eu sou mico de circo). E são contrários ao julgamento de militares por crimes contra os direitos humanos durante a ditadura. Louvaram, ainda, a polícia, criticando as propostas de sua desmilitarização.
Ah, e no carro de som, gritava-se algo como “se o Brasil não é comunista, por que querem a aprovação do Marco Civil da internet?''
Em determinado momento, um grupo que estava à frente da marcha também reivindicou uma parte querida do corpo deste blogueiro, entoando em uníssino: “Ei, Sakamoto, vai tomar no cu!'' Detalhe que havia, entre eles, uma imagem de Nossa Senhora.
Mas não posso me furtar a questionar: com base nas leituras reacionárias do livro sagrado do cristianismo, intepretações usadas para espancar gays, lésbicas, transexuais, pergunto se o pedido que me fizeram não seria – diante dos olhos de Deus que, segundo os organizadores, estava junto com a marcha - uma “abominação''.
Acho que se existe um Deus, ele estava curtindo a marcha antifascista, realizada simultaneamente a esta e que reuniu mais gente, caminhando entre a Praça da Sé e o antigo prédio do Departamento de Ordem Política e Social, local de torturas durante a ditadura, na região da Luz.
marcha
Provavelmente pelo fato de estarem pouco acostumados a irem às ruas e conviverem com a diferença, havia um clima de tensão no ar. De desconfiança com o ambiente, sabe? Um skinhead aqui e outro ali olhando torto, uma tentativa de calar alguém que discordava da natureza do ato, pressão para abaixar faixas que não estivessem de acordo com o coletivo e elogios à grande “imprensa comunista mentirosa'' ali presente.
E falando em imprensa, creio que havia em torno de 100 jornalistas trabalhando por lá, para algo em torno de 400 manifestantes (a grande maioria de homens e de uma faixa etária bem superior às das manifestações que se tornaram corriqueiras por aqui), além de uma quantidade enorme de policiais fazendo cordão para acompanhar o povo.
Um colega, jornalista das antigas, já tinha me sugerido que ir de “black bloc'' era mais seguro que ir de “Sakamoto''. E não é que ele estava certo! Fui procurar meus leitores, mas meus leitores me acharam primeiro.
De tempos em tempos, um grupo deles me reconhecia. Começa a gritar, chegava perto, apontava o dedo, gravava em vídeo, xingava, vociferava, me chamando de “comunista''. Será que eles não sabem que tenho um MacBook e gosto de caviar? Um manifestante passou por mim várias vezes, dando leves ombradas, no melhor estilo de provocações escolares, sempre que chegava perto. Logo no braço que a LER/Dort mais ataca. Podia ser no outro, não?
Agradeço aos colegas da imprensa que me tiraram de perto nas vezes em que a chapa esquentou (valeu, galera!).
Não é mérito nenhum meu, é claro. Sobrou para todo mundo. Incluindo um grupo de jovens, vestidos de preto, que estava indo provavelmente para o show do Metallica e foram xingados por manifestantes perto do metrô Anhangabaú.
Enfim, apesar de tudo isso, achei a manifestação pedagógica.
Porque todas as visões de mundo têm direito a se manifestar.
Porque o número de pessoas que bradam por uma intervenção militar é menor ainda do que eu esperava.
Porque muitos dos curiosos que paravam para ver e que tive a oportunidade de conversar, de vendedores ambulantes a engravatados, quando informados do conteúdo das reivindicações, franziam a testa e perguntavam: mas a gente não brigou tanto para não ter exército no poder?
E porque conversas e atitudes de muitos manifestantes mostravam que um desconhecimento grande da história do Brasil justificava uma visão de mundo totalitária. Ou seja, há esperança de que, com educação de qualidade e muito debate político, a gente chega lá. Ô se chega!

Dicas para se dar bem em Marchas da Família com Deus

Do Blog do Sakamoto

Jogo rápido: se estiver de saída para curtir uma das marchas pela volta da ditadura e da Santa Inquisição, marcadas para este sábado (22), em várias cidades, vá preparado. Este rápido guia, que é atualizado sempre que possível neste blog, vai mostrar como parecer antenado com a vanguarda. Fique por dentro e mostre que não é apenas um rostinho bonito que não conhece a história do seu país. Você também tem conteúdo.
E antes que alguém reclame: sim, o direito à manifestação é um direito fundamental. Mas o direito ao riso também.
Alguns argumentos, abaixo, tem cheiro de esquerdismo. Mas, entendam, é importante fazer concessões para partidos esquerdistas como o DEM para compor maioria. Afinal de contas, apesar de instigante, saiba que revogar a Lei Áurea não é uma possibilidade. Pelo menos, por enquanto…
Se o assunto é: Marco civil da internet, regulação da publicidade, classificação indicativa e democratização da comunicação
Seus argumentos devem ser:
“Qualquer regulamentação é ruim, o mercado regula”
“É um atentado à liberdade de imprensa”
“Querem acabar com o seu direito de escolha”
“Os anunciantes não podem dilapidar sua própria imagem revelando segredos industriais. Quem não quer, não compre''
“As teles não podem dilapidar seu patrimônio fazendo concessões populistas. Quem não quer, não assine''
“A classificação indicativa é censura. Os pais é que têm que regular o que seus filhos assistem”
“A internet já é livre, não precisa de lei protegendo-a''
Se o assunto é: Mortos e desaparecidos políticos, abertura de arquivos da ditadura, revisão da Lei de Anistia
Seus argumentos devem ser:
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
E se não convencer, use também:
“Não é hora de mexer nesse assunto”
“A Anistia foi para todos. Valeu para os militares; valeu para os terroristas”
Se o assunto é: Cotas nas universidades, ação afirmativa, Estatuto da Igualdade Racial.
Seus argumentos devem ser:
“Para a biologia, a raça humana é uma só. Logo, não faz sentido falar de preconceito”
“A política de cotas é perigosa. Irá criar conflitos que não existem hoje no Brasil”
“É uma ameaça à qualidade do ensino, pois os beneficiários não conseguirão acompanhar as aulas”
“Essas iniciativas representam uma ameaça ao princípio de que todos são iguais perante a lei”
“Cotas são ruins para os próprios negros, pois eles sempre se sentirão discriminados na faculdade”
Se o assunto é: Cotas nas universidades, ação afirmativa, Estatuto da Igualdade Racial.
Seus argumentos devem ser:
“Para a biologia, a raça humana é uma só. Logo, não faz sentido falar de preconceito”
“A política de cotas é perigosa. Irá criar conflitos que não existem hoje no Brasil”
“É uma ameaça à qualidade do ensino, pois os beneficiários não conseguirão acompanhar as aulas”
“Essas iniciativas representam uma ameaça ao princípio de que todos são iguais perante a lei”
“Cotas são ruins para os próprios negros, pois eles sempre se sentirão discriminados na faculdade”
Se o assunto é: Tortura
Seus argumentos devem ser:
“Se excessos foram cometidos durante a revolução ou por alguns policiais hoje, foi pelo bem de todos ”
“Estamos em guerra. E, na guerra, somos nós ou eles”
“Esses ativistas ficam protegendo bandido. E as vítimas torturadas por eles?”
“Tortura não deveria ser crime porque bandido bom é bandido morto”
Se o assunto é: Bolsa Família
Seus argumentos devem ser:
“O pobre vai usar o dinheiro para comprar TV, geladeira, sofá e outros artigos de luxo”
“O pobre não terá incentivo para trabalhar. Vai se acostumar na pobreza”
“Não adianta dar o peixe, tem de ensinar a pescar”
“O programa não tem porta de saída” (não tente explicar o que é isso)
“O governo só sabe criar gastos”
Se o assunto é: Emprego e desemprego
Seus argumentos devem ser:
“O que os sindicatos não entendem é que, nesta hora, todos têm que dar sua cota de sacrifício''
“Os garis grevistas não pensaram na população, apenas neles mesmos''
“Sem uma reforma trabalhista que desonere o capital, o Brasil está fadado ao fracasso''
“A CLT é uma amarra que impede a economia de crescer''
“É um absurdo os sindicatos terem tanta liberdade''
“Trabalho escravo não existe no Brasil. É criação de fiscais do trabalho desocupados''
Se o assunto é: Criminalização da homofobia e da transfobia
Seus argumentos devem ser:
“Gays não querem igualdade? Por que precisam de privilégios que as pessoas normais não têm?''
“Uma lei que criminaliza a homofobia é discriminatória e vai criar cidadãos de segunda classe''
“Criar uma lei para algumas dezenas de mortos é um absurdo. E os mais de 50 mil cidadãos de bem assassinados todos os anos?''
“A Constituição garante a igualdade. Leis assim é que minam a harmonia do país''
“Os progressistas não são contra prisões? Por que criar mais um crime a ser punido com cadeia então?''
Enfim, pode ser que você não queira usar argumentos como esses para convencer ninguém. Mas, acredite, muitos deles foram usados para convencer você.