A bandeira olímpica chegou ao Rio, mas, no Reino Unido, a euforia pós-olímpica não durou muito. O mundo voltou com toda força nesta semana.
A crise do euro não desapareceu. Na verdade, agravou-se. O crescimento da zona do euro é anêmico, mesmo na Alemanha, sua economia mais forte. Espanha, Portugal, Itália e Grécia continuam em recessão profunda.
A economia portuguesa se contraiu em 3,3% em relação ao ano passado e o desemprego atingiu os 15%. Na França, o crescimento está estagnado. Os 17 países da zona do euro estão à beira de uma recessão de duplo mergulho. A União Europeia, mais ampla, registra contração de 0,2%.
O Reino Unido já vive uma recessão de duplo mergulho. A economia se contraiu em 0,7%, de acordo com os dados mais recentes do serviço nacional de estatísticas. O Reino Unido também enfrenta uma alta inesperada na inflação.
O índice de preços do varejo, que inclui custos de habitação, subiu a 3,2%. Isso foi seguido pelo anúncio de que as tarifas dos trens, dos quais muita gente depende para ir ao trabalho, seriam elevada s em 3% a partir de janeiro. Isso significa que os passageiros ingleses terão 6,2% de aumento no custo de suas passagens de trem, considerada a inflação.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, Mitt Romney, após a sua viagem a Londres, a Jerusalém e a Varsóvia, escolheu o deputado Paul Ryan, de Wisconsin, infame (pelo menos entre os democratas) por seu zelo quanto ao corte do Orçamento federal, como vice na chapa presidencial republicana.
Ryan preside o Comitê de Orçamento da Câmara dos Deputados e é um dos favoritos do Tea Party; rejeita o direito ao aborto e o casamento homossexual e defende os direitos dos proprietários de armas.
As críticas de Romney aos preparativos insuficientes do Reino Unido para a Olimpíada de Londres não se provaram corretas.
No entanto seu apoio a Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, no qual ele declarou "o solene dever e o imperativo moral" de impedir que o Irã adquira a capacidade de produzir armas nucleares, e seu encontro afetuoso com o ex-presidente polonês Lech Walesa, herói da luta contra os soviéticos na Polônia e nada simpático ao presidente Obama, tinham por objetivo garantir sua base política interna.
A intenção foi focar nos judeus e nos evangélicos norte-americanos ao lado dos católicos de classe operária nos importantes Estados da região Centro-Oeste, onde não existe favorito claro para a eleição presidencial de novembro.
É uma mistura venenosa: recessão na Europa e uma campanha presidencial na América do Norte. Prepare-se para alguns meses difíceis.
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta.
Tradução de Paulo Migliacci.
Kenneth Maxwell é historiador britânico graduado em Cambridge (Reino Unido) com doutorado em Princeton (EUA). Referência na historiografia sobre o período colonial brasileiro, foi diretor dos estudos latino-americanos no Conselho de Relações Exteriores (NYC) e diretor de Estudos Brasileiros na Universidade Harvard (EUA). Escreve às quintas na versão impressa da Página A2.
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