quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Projeto estatal faz o Cazaquistão se tornar potência


DANIEL BRITO
LEANDRO COLON
ENVIADOS ESPECIAIS A LONDRES
Londres 2012Regime de treino de três turnos diários sob confinamento, naturalização de atletas, prêmios polpudos e investimento de US$ 20 milhões no esporte feito pelo presidente, no poder há 23 anos.
É a receita do Cazaquistão, uma ex-república soviética de 15 milhões de habitantes, para figurar, até ontem, no décimo lugar no quadro de medalhas dos Jogos, 15 posições acima do Brasil e à frente de tradicionais potências olímpicas, como Austrália, Cuba e Holanda.
O sucesso em Londres se deve, principalmente, ao levantamento de peso, que deu quatro dos seis ouros que o Cazaquistão levou até agora, quatro a mais do que em Pequim-2008, quando o país ficou na 29ª colocação geral.
Orestis Panagiotou - 4.ago.12/Efe
Ilyin Ilya é a grande estrela do esporte no Cazaquistão
Ilyin Ilya é a grande estrela do esporte no Cazaquistão
Os outros dois ouros vieram do ciclismo e do salto triplo. Somam-se ainda mais dois bronzes: um no boxe e outro na luta greco-romana.
E tudo sob a fiscalização de perto, em Londres, do ministro do Esporte, Talgat Yermegiyayev, e do chefe da delegação, Ilsiyar Kanagatov, homens de confiança do presidente Nursultan Nazarbayev.
No poder desde 1989, Nazarbayev se diz amante do esporte e esteve em Londres para a abertura dos Jogos.
O ministro do Esporte disse à Folha que, há dois anos, o governo decidiu transformar o país em referência no levantamento de peso, assim como no boxe, o esporte mais popular do Cazaquistão, e no ciclismo. "Faz parte de nossa cultura esse tipo de esporte. É um investimento físico e mental", afirmou Yermegiyayev.
Segundo ele, o presidente liberou US$ 20 milhões, contratou consultores da Turquia (tradicional nessas modalidades) e montou academias. Estipulou prêmios de US$ 250 mil para o ouro, US$ 150 mil para a prata e US$ 75 mil para o bronze nos Jogos. Criou ainda um regime de treinamento que lembra o modelo rigoroso adotado durante o comunismo soviético.
Por seis meses, os atletas ficaram confinados juntos. Homens treinavam três vezes por dia, e mulheres treinavam duas. "É treino. O regime é forte, afinal é Olimpíada", disse o diretor da equipe cazaque, Kairgeldy Zhanpeissov.
Questionado sobre o envolvimento do presidente no projeto, esquivou-se. "Falo de esporte, não de política."
A estrela local é Ilya Ilyin, bicampeão em Londres, com recordes olímpico e mundial no levantamento de peso. À imprensa cazaque ele disse que o presidente é seu herói.

Nenhum comentário:

Postar um comentário