quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mineiridade em progresso


Publicação: 16/11/2011 13:43 Atualização:
Melhor maneira de terminar é voltar ao princípio. Como se a vida e a história tivessem a circularidade progressiva de uma elipse barroca: uma força impelindo para dentro e outra para fora.

Por isto, o texto final desta série está sendo escrito quando estou na estrada entre São João del Rei e Ouro Preto. Na “estrada real”, o imaginário. Não poderia haver coincidência mais sintomática. Escrever sobre Minas no âmago de Minas.

O motorista acabou de parar em Lagoa Dourada para comprar um rocambole, que só tem aqui. Em outros pontos da estrada há pastel de angu. Vou passar por Ouro Branco lembrando de uma caminhada que certa vez fiz com um bando de alucinados até Lavras Novas, onde os quilombos do passado e o turismo moderno se encontram. Tal como Ouro Preto,Tiradentes e São João del Rei e suas requintadas pousadas dando notícia de uma rica história em movimento. Estou num cenário do Brasil Colônia celebrando a República no 15 de novembro.Turistas de todas as partes contemplam o milagre mineiro. As ladeiras tortuosas testemunham o maravilhamento dos que vêm de longe.

Olho as montanhas, as fazendas, as indústrias surgindo aqui e ali. Na minha fantasia, bandeirantes continuam rasgando passagem nas florestas, índios e negros se rebelam, poetas e artistas perseguem a utopia, enquanto a voluta do século 21 engloba a tradição e a redireciona para além de si mesma numa febril internacionalização.

Talvez a elipse barroca estampada nos frontispícios e altares de nossas igrejas antigas e presente na arquitetura moderna seja mesmo a logomarca que une o antes e o depois. Essa elipse, que é tradição e progresso, é também a crescente e inevitável abertura para a vida, símbolo da mineiridade-em-progresso.

Estar no tempo certo sem perder a consciência do próprio espaço -- é o desafio que mobiliza Minas. O local e o internacional. O campo e cidade. A fantasia e a realidade. A eletrônica e o barroco ultrapassando as fronteiras e reinventando a história.

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