GERAL
De férias com a família em Tamandaré.
Por aqui durante o dia tem sol, mar e cerveja. À tarde, dorme-se de ressaca do sol, do mar e da cerveja.
Mas as noites são melancólicas, de cidade de interior, onde o ponto alto é sair para comprar o pão.
Sabe nada pra fazer? Pronto, é aqui.
Eu sei que esse é o sentido original de se tirar férias, mas, fazer nada por mais de três dias pode ser prejudicial à saúde, adverte o Ministério do Tédio.
O wireless só funciona na maré alta e a tv parabólica só pega a Globo, um canal de leilão de bois, a TV Senado e duas emissoras evangélicas. Das quais, a programação do leilão de bois é, de longe, a mais interessante.
Prestes a incentivar um suicídio familiar coletivo, daqueles que acontecem em comunidades ditas religiosas nos Estados Unidos, onde o líder (que normalmente já comeu todas as menininhas do grupo) promete o céu se todo mundo tomar um veneninho sagrado, eu já podia imaginar o noticiário local: “Família recifense se mata com uma overdose da novela das oito”. Ou, “Nordestinos morrem após jejum de cinco dias sem internet”.
Antes da tragédia da vida familiar virar manchete, tive uma atitude radical: desliguei a televisão.
Após alguns espasmos da síndrome de abstinência televisiva, família cedeu ao desafio: uma noite sem tv.
Era com se tivesse faltado luz, simples assim. Um apagão voluntário na audiência.
“Faltou luz, mas era dia, o sol invadiu a sala
Fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia”, o Rappa cantava na rádio, lembrando que “é pela paz que não quero seguir admitindo”.
Fez da TV um espelho refletindo o que a gente esquecia”, o Rappa cantava na rádio, lembrando que “é pela paz que não quero seguir admitindo”.
É mais fácil do que parece. Basta seguir o raciocínio lógico:
Premissa um – O programa é ruim.
Premissa dois – Não sou obrigado(a) a assistir um programa ruim.
Logo – Aperta-se o botão do off que ninguém vai morrer porque não acompanhou o capítulo da novela até o fim.
Se ficássemos ali, olhando uns para os outros, sem fazer nada nem falar nada, já tinha sido válido.
Mas, fizemos melhor; fomos jogar, em família, Perfil (jogo de tabuleiro de perguntas e respostas) e, entre fichas, dados e duplas de jogadores animados, aprendi que Maomé morreu aos 62 anos, que Moscou foi dominada por Ivan, o terrível, e que a Chechênia fica perto da Ossétia do Norte.
Ok, essas informações não vão mudar minha vida muito menos resolver o problema da fome no mundo, mas ver a família unida dando gargalhadas ao redor da mesa enquanto a competição esquentava, foi como o comercial daquele cartão de crédito: Não tem Preço!
Amanhã tem dominó. Vai?
Téta Barbosa é jornalista, publicitária, mora no Recife e vive antenada com tudo o que se passa ali e fora dali. Escreve aqui sempre às segundas-feiras sobre modismos, modernidades e curiosidades. Ela também tem um blog - Batida Salve Todos
Nenhum comentário:
Postar um comentário