quarta-feira, 31 de julho de 2013

Afetos impossíveis

O que acontece quando o nosso desejo desafia a lei da gravidade

IVAN MARTINS
31/07/2013 07h48

Conheço um sujeito que se apaixonou pela cunhada. Um dia começou a pensar nela antes de dormir. Pouco depois, percebeu que não via a hora de encontrá-la nas reuniões de família. Não que fosse uma beldade, ele me disse. Era apenas uma gordinha brejeira, diferente da pálida elegante que ele namorava. De tanto desejar a mulher do irmão, começou a imaginar que ela também o queria. Achou que percebia olhares, sorrisos, raspões de corpo na porta da cozinha. Um dia, meio bêbado no almoço de domingo, na casa dos pais, teve certeza de que ela tocava os pés dele embaixo da mesa. Uma loucura. 
Como não era personagem do Nelson Rodrigues, nem a vida dele uma tragédia suburbana, num dado momento o surto passou, antes que ele tivesse tempo de fazer qualquer loucura. De alguma maneira, percebeu que, em vez paixão, o que estava sentindo era puro assanhamento - explicável, em boa medida, pelos problemas dele com a namorada. Quando as coisas recomeçaram a funcionar na intimidade dele, a cunhada voltou a ser apenas a mulher sorridente e carinhosa que sempre fora. 
Por trás dessa história inofensiva existe algo que eu chamo de “afetos impossíveis”. O alvo desses sentimentos insolúveis pode ser qualquer pessoa, mas a situação é sempre a mesma: uma fantasia amorosa invade a nossa consciência e ocupa o espaço da vida real. Em vez de mandá-la para o ralo dos devaneios inconfessáveis, nós abraçamos a aberração. Então os problemas começam. 
Há homens maduros que se apaixonam pela filha do vizinho. Há professoras que ficam obcecadas por alunos adolescentes. Há garotas transtornadas por outras garotas que nada querem com elas. Até gente enamorada do amigo ou da amiga cabe nessa definição. O que liga todos esses casos é a ausência de esperança. O que os torna parecido é o fato de esporem os caprichos do nosso desejo. 
Nós queremos tudo, o tempo inteiro. Afeto, sexo, admiração, objetos. É um milagre de sanidade que a máquina de querer que somos nós consiga estabelecer com o mundo – e com outras pessoas transbordando de vontades – alguma relação civilizada. Na maior parte do tempo, mantemos sob controle o aparato desenfreado de querer. Aplicamos sobre ele o duro princípio da realidade. Eu quero, mas Fulana não quer. Eu tenho vontade, mas não posso. Já tentamos e não deu certo. São mecanismos racionais de defesa que funcionam. Secretamente ainda queremos, mas esses mecanismos nos ajudam a socar a vontade inconfessável no porão da alma, lá embaixo, onde só entramos escondidos uma vez por ano, geralmente bêbados. 
Quando permitimos que uma vontade assim escape do porão ela vira um afeto impossível, espécie de Godzila emocional destruindo o centro de Tóquio, que somos nós. Desejo pela cunhada, paixão pelo amigo gay, o impulso de procurar aquela mulher que agora está casada com dois filhos. Que tal escrever, de novo, para aquela pessoa que trata você como lixo? Ou reatar o romance destrutivo que pôs à mostra o que há de pior em você? 
Não é preciso ser tabu para ser um afeto impossível. Cada um de nós conhece melhor que ninguém o rosto do seu mostro e os contornos do porão sombrio de onde ele saiu. São desejos sem correspondência na realidade. Autoindulgências perigosas. Situações trágicas, no sentido de que o seu desfecho é mais ou menos inevitável desde o início. Coisas que nos machucam, e, no limite, são capazes de nos destruir. Quem se concede esse tipo de fantasia está fadado a dar com os burros n’agua 9,5 em cada 10 vezes. Mas muitos insistem em tentar. 
Afinal, hoje em dia vivemos para realizar os nossos desejos. Acreditamos que a satisfação das nossas fantasias é a única forma de felicidade - na vida material e nas relações afetivas. Em vez de cultivar o senso de proporção e de realidade, agimos, na vida amorosa, como consumidores afoitos para quem tudo está disponível. Acreditamos no triunfo do desejo mesmo que ele dispute com a lei da gravidade. 
Pois eu acho que os limites existem. Cunhada não pode, filha do vizinho é demais, gente maluca não dá. Quem apenas nos faz sofrer está fora da lista, paixão platônica por amigos é burrice, dependente químico precisa de médico. Nem tudo que desejamos é legítimo, afinal. Nem tudo pode. Um dia temos de aprender a dizer não para nós mesmos e olhar os erros de frente. Aprender com as decepções. Em vez de ilusão, realidade. Em vez de devaneio, mundo real. Os afetos impossíveis resultam em boas histórias do Nelson Rodrigues – mas são histórias que ninguém quer levar na própria biografia. 
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

Nao acabaaaaaaa!

Em breve meu saco de 1,200 kg de Starburst irá se acabar :(


terça-feira, 30 de julho de 2013

O lado bom da vida

http://www.vicioempaginas.com.br/2013/05/resenha-o-lado-bom-da-vida-matthew-quick.html




segunda-feira, 29 de julho de 2013

80% de bateria..

.. No final do dia quer dizer que o dia foi puxado!!

:)

TIM rules!

Que fase a época em que se gastava mto com celular, ne! Tds favorios são TIM!!



Kairós

E mais uma semana começa, na espera do tempo correto d'Ele.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Lenda

Lenda mesmo é a volta de Chiquititas no SBT huahauhaua



Blz, ficou legal a abertura

Status de relacionamento

Você tem alguém, não tem ninguém ou nem sabe?

IVAN MARTINS
24/07/2013 09h27

Uma garota que trabalha comigo diz que alianças e anéis de compromisso saíram de moda. Agora, quando querem avisar ao mundo sobre mudanças importantes na sua vida pessoal, as pessoas vão ao Facebook e fazem uma modificação de status. De “solteiro” para “num relacionamento sério”, por exemplo. Ou de “relacionamento sério” para “em um relacionamento enrolado”. O programa oferece nove possibilidades de escolha, mas, da forma como eu vejo, as mensagens são apenas três: tenho alguém, não tenho ninguém, não sei.
Das três categorias, a que mais me interessa é a terceira. Ela parece piada, mas, na verdade, é uma descrição objetiva de fatos que muitos de nós já vivemos. Há momentos em que simplesmente não sabemos qual é o nosso status amoroso. Ontem estávamos felizes, mas, depois daquele bate-boca odioso, quem sabe o que vai ser de nós? Estávamos apaixonados há dois meses, mas eu viajei de férias e, na volta, alguma coisa esfriou - ainda somos realmente namorados? Sem falar daquela garota, daquele cara, que sai cinco, seis vezes com a mesma pessoa, dorme junto, acorda feliz, mas, toda vez que alguém pergunta, esclarece: “Somos amigos”. Haja saco.
Os relacionamentos clarificam a nossa situação existencial. Como parte de um casal, temos alguém. Se acordar com febre, se receber uma promoção no trabalho, se esbarrar numa celebridade num bar do Rio de Janeiro, saberei a quem ligar. Com quem contar também. O contrário dessa clareza é o limbo sentimental. Você liga para dividir uma notícia boa e o Fulano reage com frieza educada. Você descobre que está com conjuntivite e a “namorada” pede para você ligar quando estiver melhor. O dia foi triste, você gostaria de conversar, mas percebe que a pessoa ao lado ergueu uma barreira invisível e não quer mais se envolver com os seus problemas. Estava lá, mas saiu. Você tinha, mas parece que acabou. Quem sabe? 
As situações de incerteza amorosa machucam. Elas nos lançam numa vertigem de sentimentos negativos. Quem não sabe deprime, entristece, broxa. Como tomar decisões, mover-se em qualquer direção importante se você não sabe se estará sozinho ou acompanhado? É óbvio: quem não sabe onde está não pode decidir para onde ir. 
Vejam bem: não acho que isso seja culpa do outro. Nem sempre somos vítima da indecisão de alguém. É comum que nós mesmos estejamos perdidos em nossos sentimentos, passageiros de um relacionamento que parece ter perdido o rumo. Essas coisas acontecem. As circunstâncias viram névoa. Presos na confusão, os outros, como nós, frequentemente não sabem o que sentem, o que querem, como fazer e o que fazer. Dúvidas são uma forma louvável de honestidade, sobretudo quando são recíprocas. Mas, se você tem tudo claro e o outro vive em permanente estado de apagão, sejamos francos, talvez você seja o problema... 
Por isso tudo, eu tenho simpatia pelos status ambíguo do Facebook. Por trás do pano ralo da gracinha, “em um relacionamento enrolado” é uma confissão, um apelo, quase um pedido de socorro. Quem aciona esse botão está avisando ao mundo – e não apenas aquele malfadado ser humano em particular – que a sua vida virou um ponto de interrogação clamando para ser elucidado. Em um mundo repleto de certezas jubilosas (“noivo”, casado”, “separado”), é preciso ter coragem para admitir que você não sabe onde está. Não sabe se foi aceito. Não sabe se foi abandonado. E pior: está com medo de perguntar.
Muita gente preferiria, claro, que essas informações de natureza pessoal não fossem partilhadas na internet. Um mundo onde gente adulta não perdesse tempo discutindo com o parceiro o status de relacionamento no Facebook seria um mundo melhor. A partilha pública de sentimentos é um comportamento adolescente, movido por sentimentos adolescentes. Mas as redes sociais nos reduziram a isso, não foi? Viramos adolescentes fofoqueiros e exibidos de diferentes idades. A vida de cada um de nós tornou-se uma ópera encenada online com 24 horas de riso, fotos bem editadas, certo drama e alguma autopiedade. Além de música. Como velhos artistas obcecados por si mesmos, no futuro não nos lembraremos dos fatos, mas do registro: “Lembra da Fulana? Postei uma mensagem sensacional quando a gente acabou...” 
Se a ordem é escancarar publicamente a própria vida, se essa orgia de revelações é realmente irreversível, prefiro quem faça isso com graça e autoironia. Uma mulher com uma dúvida, talvez dissesse o poeta Leminski, é muito mais interessante. Ao menos ela convida a minha simpatia. Desperta em mim o sorriso melancólico de quem conhece essas paragens. Suscita no meu coração anterior ao Facebook a sensação de que seguimos fundamentalmente perdidos e desamparados, anunciando ao outro, ao mundo, que precisamos, com todas as forças, de quem nos resgate da incerteza. Que alguém, por favor, tome vergonha e apareça.  
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O governo é vítima de seu próprio sucesso?

Por Marcus André Melo
Analistas das mais diversas matizes buscaram no Egito e na Turquia os modelos para entender a onda de protestos recentes no país. Erraram na geografia e na explicação. A primeira analogia peca por razões óbvias - o contexto social, político e econômico é inteiramente diverso (forte crise econômica; débâcle inesperada de um regime sultanístico). O caso da Turquia é menos óbvio mas não deixa de causar estranheza. Afinal, trata-se de um governo francamente iliberal que vem implementando uma agenda autoritária no plano dos costumes: um problema recorrente desde a década de 20. Há na Turquia em comum com o Brasil pré-2010 um único fator: o dinamismo econômico. No entanto, o modelo mais adequado para entender o caso brasileiro está muito mais perto: é o Chile.
Brasil e Chile são claramente os países de melhor desempenho institucional na região nos últimos 20 anos e, nesse sentido, os protestos aconteceram onde menos se esperava. Isso sugere a imagem de ambos serem vítimas de seu próprio sucesso, devido à elevação de expectativas. Embora contenha um grão de verdade esta explicação é claramente deficiente. Não se trata de elevação mas de reversão de expectativas.
Esgotado o processo acelerado de modernização no Chile, a economia vem se mostrando com produtividade decrescente e poucas perspectivas de expansão. As famílias chilenas gastam mais de 40% de sua renda em educação - o maior percentual dos países da OCDE, por larga margem. Além disso, as expectativas de mobilidade vertical, a partir da educação, têm sido penosamente frustradas a despeito do desemprego de apenas 7-8%. O custo com educação para as famílias cresceu 60% em uma década. No Brasil, os ganhos marginais da inclusão econômica, da expansão do crédito e do boom da demanda externa também esgotaram-se. No plano das famílias, isto se reflete na inadimplência que cresceu 72% entre 2007 e 2013.
Os protestos aconteceram onde menos se esperava?
Chile e Brasil têm outras coisas em comum: na pesquisa 2013 com 24 países do Latin American Barometer, são os países onde os serviços públicos têm pior avaliação (com a exceção do Haiti e de Trinidad Tobago!). São também os países onde o Judiciário e a mídia têm sido melhor avaliados, nas pesquisas do Global Corruption Barometer (GCB), dentre os países latino-americanos (com exceção do Uruguai). O Chile e o Brasil também aparecem em rankings do IBP, como tendo as instituições de controle externo mais efetivas da América Latina. (mais efetivas do que seus similares na Espanha, França e Itália!). Seus ministérios públicos também aparecem muito bem nos rankings.
O impacto da economia no comportamento político é um dos temas clássicos da ciência política, sobre o que já se escreveram milhares de trabalhos. Os resultados nas democracias maduras são muito robustos: os eleitores votam com o bolso. Mas, nestas democracias, a infraestrutura urbana foi construída há cerca de 100 anos. As variáveis-chave, nestes países, restringem-se à taxa de desemprego e à renda real: daí se utilizar o termo genérico economic vote para designar esta subárea de literatura que trata do comportamento político.
O voto econômico, em países como o Brasil, é um voto que engloba muito mais do que renda e emprego - algo frequentemente esquecido pelos analistas. Ele envolve serviços e infraestrutura pública. No entanto, não se trata apenas de redução absoluta de bem estar - a questão fundamental é o que a literatura denomina privação relativa: a dissonância cognitiva entre o bem estar experimentado e o esperado. Ele pode ocorrer quando tanto as expectativas quanto a capacidade de realizá-las elevam-se, e esta capacidade reduz-se em um segundo momento, abrindo-se, um hiato entre as duas. Isso ocorre quando um boom econômico ocorre e se exaure. Não é a toa que o Chile e o Brasil que apresentam níveis díspares de acesso e de qualidade de serviços públicos - significativamente melhores no Chile - convirjam na avaliação, extremamente, negativa dos serviços públicos. E isto em contexto de níveis históricos de baixo desemprego em ambos países.
Na base dos protestos há, de fato, uma forte reversão de expectativas. Reversão de expectativas e não redução absoluta de bem estar, por um lado, e instituições de controle e mídia razoavelmente efetivas em detectar desmandos (mas não em puni-los), por outro, explicam grande parte da malaise institucional atual. Prima facie o "gigante acordou" como resultado de seu próprio sucesso. Isto seria verdade, se a falta de dinamismo da economia fosse resultado apenas da crise internacional ou desaceleração da China. Mas, como explicar o dinamismo de várias economias na região - vide Colômbia, Peru e México - que supostamente seriam afetadas pelo mesmo ambiente externo desfavorável? As razões da desordem devem ser buscadas nas próprias políticas de governo e no modo de gerenciamento de sua coalizão. Como explicar o declínio relativo da parcela federal no financiamento da atenção à saúde na última década, senão por decisões de política pública? Como explicar o escárnio oficial quanto às reformas institucionais e microeconômicas, preteridas em nome de uma licença para gastar? Ou o ataque contra o Ministério Público? Etc...
Contra o mal estar o governo responde com uma proposta de terapia institucional que exacerba os problemas pois aparece como uma estratégia oportunista de eximir-se da responsabilidade. Fala-se de crise de representação. Se a métrica para dimensionar esta crise for a confiança nas instituições representativas estamos no mesmo barco que as democracias maduras. Se no Brasil o cinismo cívico é elevado - na última pesquisa do GCB (2013), 81% dos cidadãos brasileiros avaliaram os partidos políticos como corruptos ou muito corruptos - ainda estamos abaixo da Espanha (84%), e um pouco acima dos EUA (76%) e França (73%). Que cinismo cívico ou corrupção não se cura com reforma eleitoral, parece ser uma lição que estes países aprenderam, já que ela não está na agenda. Curiosamente esta também tem sido a equivocada terapia proposta no caso chileno.
Marcus André Melo é professor da UFPE, foi professor visitante da Yale University e do MIT e é colunista convidado do "Valor". Rosângela Bittar volta a escrever agosto
E-mail: marcus.melo@uol.com.br


© 2000 – 2013. Todos os direitos reservados ao Valor Econômico S.A. . Verifique nossos Termos de Uso em http://www.valor.com.br/termos-de-uso. Este material não pode ser publicado, reescrito, redistribuído ou transmitido por broadcast sem autorização do Valor Econômico.

Leia mais em:
http://www.valor.com.br/politica/3208680/o-governo-e-vitima-de-seu-proprio-sucesso#ixzz2Zy4e8Yc1

Bode do dia

Participar de eventos de integraçao

Friaca

Apenas pra comparaçao:





terça-feira, 23 de julho de 2013

Versões brasileiras S2



VS

Sem citar política, Papa faz discurso revolucionário

Uma das grandes habilidades dos grandes comunicadores é a capacidade de quebrar expectativas, apresentando a seu público algo sempre novo, que impacta pela força da surpresa. Em sua chegada ao Brasil, no discurso em presença da presidente Dilma e de outras personalidades políticas brasileiras, o Papa Francisco mostrou que tem esta capacidade de surpreender, de passar uma mensagem nova indo contra as expectativas.
Todos esperavam que este primeiro discurso, feito diante das autoridades políticas, viesse recheado com uma boa carga política, direta ou indireta. Mas Francisco não falou de política. Seu interlocutor não eram os políticos presentes, mas sim o coração do povo brasileiro – ou melhor, o coração de cada brasileiro. Ao fazer isso, não desconsiderou a política, mas elevou-a a um nível quase inimaginável. Falou da maior força que move a história: o coração da pessoa, aquele lugar onde cada um de nós guarda as coisas mais valiosas que tem na vida.
Pedindo para “bater delicadamente” à porta que é o coração de cada brasileiro, mostrou a humildade e o carinho que lhe são próprios. Dizendo “não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado”, não apenas mostrou a pobreza cristã, mas se colocou na posição corajosa daquele que doa tudo que tem pelo outro. Humildade, carinho, pobreza, coragem, doação de si… Que homem público não se sentirá interpelado por estes atributos? Que cidadão não encontrará aí um caminho para a construção do bem comum?
Partindo do coração da pessoa, o Papa Francisco fez um desafio mudo a todos que querem o poder pelo poder e organizam suas vidas em função disto. E cada um que o ouviu percebeu esta incrível verdade: que o coração é maior do que o poder, pois nos torna realmente humanos, enquanto o poder frequentemente desfigura nossa humanidade.
Francisco começou sua viagem sem falar de política. Mas, não falando de política, fez o discurso político mais revolucionário que poderia ter feito.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Jovens católicos têm visões opostas às da Igreja, diz Ibope

Giovana Girardi - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - Ao se reunir com os participantes da Jornada Mundial da Juventude no Rio, onde chega nesta segunda-feira, 22, o papa Francisco verá que os jovens fiéis têm opiniões cada vez mais diferentes das defendidas pela Igreja. É o que sugere pesquisa Ibope encomendada pelo grupo Católicas pelo Direito de Decidir divulgada nesta segunda.
O levantamento, que ouviu a opinião de 4.004 brasileiros, sendo 62% deles católicos, observou concordância com temas como uso da pílula do dia seguinte (82% dos jovens católicos apoiariam total ou parcialmente a Igreja se ela resolvesse permitir seu uso) e união entre pessoas do mesmo sexo (apoio de 56% dos jovens).
A maioria de jovens católicos (62%) discorda totalmente ou em parte também da prisão de uma mulher que precisou recorrer ao aborto, independente de renda, escolaridade e região do País.
Jovens católicos também revelam apoio (total ou parcial) a mudanças na política interna da Igreja: 90% defendem a punição de religiosos envolvidos em crimes de pedofilia e corrupção, 72% aprovam o fim do celibato para os padres e 62%, a ordenação de mulheres.

Relacionamento a distância tem suas vantagens

AFP / RelaxnewsPublicação:22/07/2013 10:24Atualização:22/07/2013 10:53

Um novo estudo descobriu que a ausência pode realmente tornar o coração mais afetuoso e que os casais que vivem separados têm interações mais significativas e laços mais fortes do que aqueles que se vêem todos os dias.

No novo estudo, os casais em relacionamentos de longa distância, mantidos por ligações telefônicas, mensagens de texto, e-mails e conversas em vídeo, também estavam mais propensos a idealizar comportamentos de seus parceiros, levando a uma maior sensação de intimidade.

Pesquisadores da Universidade Cidade de Hong Kong e da Universidade de Cornell recrutaram 63 casais heterossexuais, cerca de metade deles disseram que estavam em relacionamentos de longa distância. A ideia era conhecer a comunicação típica entre eles.

Em média, os indivíduos tinham um pouco menos de 21 anos, estavam em seus relacionamentos por quase dois anos e vivendo longes um dos outros há 17 meses. Ao longo de uma semana, eles relataram até que ponto compartilhavam sobre si mesmos e como experimentavam a intimidade e em que medida os seus parceiros faziam a mesma coisa. Os resultados mostraram que os casais de longa distância afirmaram que sentem um vínculo mais estreito.

"Na verdade, nossa cultura enfatiza estar juntos fisicamente e frequente contato olho no olho para relacionamentos íntimos, mas as relações de longa distância estão claramente contra todos esses valores", disse a co-autora Crystal Jiang. "As pessoas não têm que ser tão pessimistas sobre o romance de longa distância."

"Os casais de longa distância se esforçam mais do que os casais geograficamente próximos, em comunicação, afeto e intimidade, e seus esforços são retribuídos", encerra a pesquisadora.

http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2013/07/22/noticia_saudeplena,144091/relacionamentos-a-distancia-tem-suas-vantagens-como-interacoes-mais-si.shtml

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Surge, enfim, o nome da mudança

GUILHERME FIUZA
13/07/2013 15h13 - Atualizado em 13/07/2013 15h13

A revolta das ruas produziu um milagre. Não as votações espasmódicas do Congresso Nacional, nem a revogação de aumentos das tarifas de ônibus. Esses foram atos oportunistas, que logo sumirão na poeira da história, embora tenham sido celebrados como vitórias revolucionárias. O milagre também não foi a reação do governo Dilma Rousseff, que propôs ao país um plebiscito para reformar a política. Outros governantes já usaram alegorias para embaçar o debate. Como a alegoria de Dilma é especialmente fajuta, não será comentada neste espaço. O milagre da onda de passeatas foi a reabilitação dele – o filho do Brasil, o homem e o mito, Luiz Inácio Lula da Silva. 
A opinião pública brasileira é um show. A pesquisa Datafolha que registrou queda na avaliação do governo Dilma quase à metade revelou que, hoje, a eleição presidencial iria para o segundo turno. A não ser que Lula entrasse no páreo. Aí ele seria eleito em primeiro turno. O povo, revoltado com tudo isso que aí está, puniu Dilma nas pesquisas porque quer mudança. E sua opção de mudança é Lula. Viva o povo brasileiro!

A pesquisa revelou mais. Quem teria, hoje, o melhor preparo, entre os candidatos, para resolver os problemas econômicos do Brasil? Em primeiro lugar, disparado: Lula. É um resultado impressionante. A maioria do eleitorado deve estar escondendo alguma informação bombástica. Devem ter algum segredo, guardado a sete chaves, sobre o novo Lula. Diferentemente do velho, esse aí não deve ter nada a ver com Dilma, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, José Dirceu, enfim, a turma que estourou as contas nacionais para bancar o populismo perdulário.

Não, nada disso. O novo Lula – esse que a voz do povo descobriu e não quer nos contar – é um administrador moderno, implacável com o fisiologismo. Um Lula que jamais daria agências reguladoras de presente a Rosemary Noronha, para ela brincar de polícia e ladrão com os companheiros (é bem verdade que a polícia só chegou ao final da brincadeira). Esse Lula, que hoje seria eleito para desenguiçar a economia brasileira, sabe que politizar e vampirizar uma Anac compromete o serviço da aviação. O povo foi às ruas por melhores serviços de transportes, e o novo Lula não faria como o velho Lula – aquele que transformou as agências do setor num anexo do PT e seus comparsas. Jamais.

O povo brasileiro é muito sagaz. Descobriu o que nem um sociólogo visionário descobriria: o sujeito que pariu Dilma, montou seu modelo de administração e dá pitaco nele até hoje fará tudo completamente diferente, se for eleito presidente em 2014. Quem poderia supor uma guinada dessas? Só mesmo um povo sacudido pela revolta das ruas faria essa descoberta genial. O grande nome da oposição a Dilma é Lula. É ele quem saberá levar as finanças nacionais para onde Dilma, segundo a pesquisa, não soube levar. O eleitor brasileiro é, desde já, candidato ao Prêmio Nobel de Economia por essa descoberta impressionante.

Como se sabe, Lula manteve a política econômica de Fernando Henrique – até porque seu partido não tinha política de governo, não tinha projetos administrativos (continua não tendo), não tinha nada. Para manter a militância acesa, o ex-operário assumiu a Presidência criticando o Banco Central. Auxiliado pelo vice José Alencar, inaugurou o primeiro governo de oposição da história. (Longe dos holofotes, pedia pelo amor de Deus para o BC continuar fazendo o que estava fazendo, já que ele não entendia bulhufas daquilo.) A conjuntura internacional foi uma mãe para o filho do Brasil, e ele torrou o dinheiro do contribuinte na maior festa de cargos e propaganda já vista neste país. Lançou então a sucessora, que fez campanha dizendo que o PT acabara com a inflação.

O único erro de cálculo dos companheiros foi esquecer que a desonestidade intelectual tem pernas curtas. E a conta do charuto do oprimido chegou: eis a inflação de volta. (Ao negar esse fato, Mantega foi convidado pelo companheiro Gilberto Carvalho a dar um passeio na feira.)

Mas vem aí o novo Lula, ungido pela sabedoria das massas, para salvar a economia brasileira. Qual será seu segredo? Será a substituição de Guido Mantega por Marcos Valério? Pode ser. Até porque o país não suporta mais amadorismo.

Update Top 25

Um mês após a limpeza das contagens das músicas, segue o novo ranking:

25: Vem me completar (Bruna e Keila, part. Eduardo Costa)
24: Só pra te pegar (Thaeme e Thiago)
23: Sobrenatural (Maria Cecília e Rodolfo)
22: Sogrão caprichou (Luan Santana)
21: 93 million miles (Jason Mraz)

20: Carro pancadão (Israel Novaes)
19: Vó, tô estourado (Israel Novaes)
18: Eu vou contra procêis (Humberto e Ronando, part. Jorge e Matheus, Gusttavo Lima e Israel Novaes)
17: Deste lado ou do outro (Cristiano Araújo, part. Zé Ricardo e Thiago)
16: Efeitos (Cristiano Araújo)

15: Romance (Jorge e Matheus)
14: Can't stop feeling (Franz Ferdinand)
13: Simples assim (Cristiano Araújo, part. Humberto e Ronaldo)
12: Relaxa (Cristiano Araújo)
11: Sinal disfarçado (Zé Ricardo e Thiago, part. Israel Novaes)

10: É fato (Cristiano Araújo, part. Gusttavo Lima)
09: Tá mais pra capetinha (Cristiano Araújo)
08: A bela e o fera (Munhoz e Mariano)
07: A carne é fraca (Janaynna Targino, part. Jorge e Matheus)
06: Não to valendo nada (Henrique e Juliano, part. João Neto e Frederico)

05: Você mudou (Cristiano Araújo)
04: Festa boa (Gusttavo Lima, part. Henrique e Diego)
03: Refém (Gusttavo Lima)
02: Só de pensar (Maria Cecília e Rodolfo)
01: Não demora a perceber (Jorge e Matheus)

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Ranking da secação: rivais divididos a favor e contra o Galo na final

Por GLOBOESPORTE.COMBelo Horizonte

Até que ponto é interessante para a torcida de outros clubes uma vitória ou uma derrota do Atlético-MG na decisão da Taça Libertadores? Através de enquetes, o GLOBOESPORTE.COM apurou a opinião de torcedores de 11 dos principais clubes do país sobre a final que começa a ser disputada nesta quarta-feira, no Paraguai, contra o Olimpia. E houve uma divisão: cinco a favor e seis contra, incluindo o Cruzeiro. Entre os possíveis motivos para as variações entre simpatia e antipatia, estão a rivalidade local, o apego ao técnico Cuca, a inimizade com Ronaldinho Gaúcho e até a proximidade entre torcidas.
Info_SECACAO_Atletico-MG-2a (Foto: Infoesporte)
Alguns resultados chamam a atenção pelos expressivos números a favor dos mineiros. Foi o caso do Vasco: 84% querem ver o Galo campeão. É um dos casos em que as torcidas são aliadas. Outro time carioca também manifestou grande apoio aos mineiros: o Botafogo.
- Entendo que botafoguenses e tricolores sejam contra, pois vão passar a ser os únicos entre os 12 principais clubes sem conquistar a Libertadores. Mas os botafoguenses podem estar a favor do Cuca. E o Botafogo, historicamente, é um time com ligação com futebol bem jogado nos anos 60 e que foi retomado com o Cuca, especialmente em 2007 - entende o comentarista André Loffredo, do SporTV.
Cuca, Corinthians x Atlético-MG (Foto: Marcos Ribolli)Cuca já treinou o Botafogo e pode motivar cariocas
a torcerem para o Atlético-MG (Foto: Marcos Ribolli)
Realmente os tricolores estão do lado oposto, com 69% a favor do Olimpia, time que eliminou o Fluminense nas quartas de final. Pode pesar ainda a recente briga pelo título do Campeonato Brasileiro de 2012 com o Galo.
Outros tricolores, os do Rio Grande do Sul,  também querem ver a decepção alvinegra, mas por motivos diferentes. Os gremistas, que em grande parte se revoltaram com a escolha de Ronaldinho Gaúcho pelo Flamengo em 2011, parecem dispostos a torcer contra: foram 78% dos votos para os paraguaios. Em contrapartida, os colorados passaram a apoiar o Atlético-MG.
- Pode parecer a resposta mais fácil e óbvia, mas não há como escapar dela: o fator Ronaldinho é determinante para que colorados estejam apoiando o Atlético-MG, e gremistas prefiram ver o Olimpia campeão da Libertadores. A missão recíproca de gremistas e colorados é, historicamente, torcer para que os rivais percam ou se sintam infelizes no esporte - analisou o comentarista Maurício Saraiva, do SporTV.
A torcida do Flamengo, clube pelo qual Ronaldinho jogou antes de se transferir para o Atlético-MG, alegando atraso no pagamento de salários, está do lado do Olimpia na final, mas sem uma diferença tão grande: 55%.
Ronaldinho Gaúcho jogo Atlético-MG contra Newell´s (Foto: AFP)Ronaldinho Gaúcho tem a antipatia da torcida do  
Grêmio e, assim, o apoio dos colorados (Foto: AFP)
Em São Paulo, há mais porcentagem a favor do Galo. Santos, com 83%, e Palmeiras, com 82%, torcem pelo título dos brasileiros.
- A explicação pode ser para desviar o foco dessa boa fase que o Corinthians viveu e ainda vive. Talvez tenha um pouco disso. A grande rivalidade é a local - lembra o comentarista Wagner Vilaron, do SporTV.
Corintianos e são-paulinos torcem contra em sua maioria, mas por pouca diferença - 51% contra 49% no primeiro caso, e 52% contra 48% no segundo. O São Paulo foi um dos times eliminados pelo próprio Galo, nas oitavas de final.

No caso dos cruzeirenses, não há necessidade de muita explicação: a rivalidade fez com que 89% se manifestassem a favor dos paraguaios. Torcendo a favor ou contra, os rivais do Galo assistem à primeira partida da decisão nesta quarta-feira, às 21h50m (de Brasília).

terça-feira, 16 de julho de 2013

Update Livros

Hoje é dia 16/julho, metade do ano, e minha meta de 1 livro por mês já está praticamente batida!

01. As aventuras de Pi
02. Carcereiros
03. A queda
04. 1984
05. A culpa é das estrelas
06. A soma e o resto
07. Kairós
08. Reiniciados
09. Alguém especial
10. Divergente
11. Insurgente

Villa mix beaga

Sim, eu sempre crio as maiores expectativas do mundo com os sertanejos, dai bebo e se acontece algo eu fico puto! Perdemos o 1o show por causa dos protestos (bode!) e fomos embora depois do GL pq a Pri passou mal (sempre!)

Mas no fundo, foi OTIMO!!



Bode do dia

Aula de econometria e aula na pos ate tarde!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Lendas

Ja fomos feios com borra!!!



Meus caros inimigos



Para perder um amigo nesses tempos modernos basta clicar em “desfazer amizade”
por Alberto Villas — publicado 11/07/2013 13:29
 
 
Kris Krug / Facebook
Facebook
Em tempos de Facebook, a amizade ficou mais frágil
Perdi 36 amigos em menos de uma semana. Sim, num dia de fúria entrei no computador e sai desfazendo amizades a torto e a direito, bem cedo, logo que me levantei. Era 20 de junho. Não acordei bom naquele dia, acordei meio azedo. E foi assim que exatos 36 amigos foram aos poucos sendo decapitados. Talvez uma atitude cruel demais, mas verdadeira, uma realidade para mim inevitável. Daqueles que fui enumerando ainda com a cabeça no travesseiro não sobrou um sequer para contar história.
Quando era jovem ouvia muito o Milton cantando que amigo era coisa pra se guardar do lado esquerdo do peito. Escutava também o Roberto dizendo que queria ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar. Não cheguei a tantos mas beirei os mil. Eram 783 amigos no Facebook. Agora, tirando os 36, restaram 747.
Na minha infância briguei muito e perdi amigos para sempre. Eram amigos de carne e osso que via todos os dias na minha rua, na minha escola. Num campeonato de Autorama em Brasília em que fiquei em segundo lugar, perdi o amigo campeão para nunca mais. Por puro ciúme, só porque o carrinho dele era mais envenenado que o meu. Sebastião sumiu na poeira da estrada, nunca mais tive notícias. Por outro lado, amigos fiz para sempre e até hoje estão bem guardados do lado esquerdo do peito.
Do meu time de futebol de salão do Bairro do Carmo eu me lembro de todos. Eu no gol, Paulinho, Pimenta, Nenenzinho, e Nilo. No banco, Eduardo, Claudio, Guilherme e Zé Carlos. Da minha rua, Suzana, Selma, Solange e Maria Augusta. Do Colégio Marista me lembro do Mauricio e do Osvaldo. Do Ginásio Caseb do Luiz Carlos, do Alex e do Max. Do Colégio de Aplicação nunca me esqueci do Toddynho. Do Colégio Arnaldo me lembro do Jack, do Sizenando, do Agnaldo, da Ângela Penido, do Salim. E da Faculdade de Filosofia, um monte: o Bessa, o Serginho, o Pieroni, o Aluísio, o Silvio, o Benjamin, o Tutti, a Mirtes, a Mercia, a Dora, a Bolinha, a Dinorah...
Nesses novos tempos, fiz muitos amigos no Face. Amigos novos, alguns já conhecidos, outros resgatados. Uns nunca encontrei pessoalmente, nunca vi mais gordos mas viraram amigos. Curto seus filhos, suas paisagens, seus pratos, suas viagens. Agora mesmo tem um que esta na Capadócia, outro em Gonçalves e um terceiro passando uns dias na Cidade Maravilhosa. Foi no Face que vi as primeiras fotografias do Daniel, da Maria Clara, do Joaquim, do Antônio, da Clarice, da Manu, da Isadora. É lá que venho acompanhando o crescimento deles quase que diariamente.
É claro que se cruzar na rua com um desses 36 amigos que perdi em junho, vou cumprimentar, ouvir e contar casos, quem sabe fazer as pazes e até tomar uma Heineken estupidamente gelada. Foi assim. Comecei eliminando todos aqueles que escreveram que “mentira tem perna curta e nove dedos”. Foram os primeiros a ir pro espaço. Depois foram aqueles que escreveram “fora Dilma já!” ou “chega de PT!”. Não queria mais ser amigo de pessoas que pensavam em derrubar a presidenta eleita democraticamente pelo povo.
Em seguida eliminei aqueles que chamaram Lula de analfabeto e os que escreveram “não queremos médicos cubanos por aqui”. Por fim, desfiz amizade com um que perguntou: “Onde anda o Suplicy? Nessas horas ele desaparece.”
Alguns perceberam na hora que foram decapitados e mandaram mensagens do tipo “nossa amizade de tantos anos não pode ser desfeita por divergências políticas.” Um chegou a escrever que era um absurdo deletar amigos só porque não pensam como eu. Claro, concordei com ele. Mas confesso que perdi a paciência de ler coisas do tipo “esse governo que dá bolsa miséria pra vagabundo” e, sinceramente, não queria mais ser amigo de gente que quer acabar com os partidos e fechar o Congresso.
Aos poucos sei que vou fazer novos amigos. Curtir a foto da feijoada deles no sábado, do gato brincando com o novelo de lã, do cachorro cochilando no sofá, do por do sol no Arpoador, dos pés descalços na areia branca de Ipanema. Até que a política nos separe, que eu acorde azedo novamente e vá direto no tal do “desfazer amizade”. É um pouco cruel, um pouco triste mas é verdade.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Está difícil encontrar alguém?

IVAN MARTINS
10/07/2013 09h06 - Atualizado em 10/07/2013 09h06
  
Kindle
  
Recebi ontem o email de uma amiga que começou namorar nas manifestações de São Paulo. Ela, branquinha e agitada. Ele, negro e sereno. Os dois não se conheciam até se cruzarem na porta do Teatro Municipal, como parte da mesma turma ampliada de amigos. Marcharam juntos, correram da polícia e acabaram na sala de um conhecido comum, celebrando com vinho a própria coragem. “Aí ele veio com tudo, e eu adorei”, ela escreveu. 
Em oposição a essa história feliz, li, na Folha de São Paulo, uma reportagem meio triste sobre mulheres paulistanas que não acham homens para relacionamentos sérios. Elas caem na balada, vão aos bares, frequentam a Vila Madalena, mas não encontram quem queira algum tipo de compromisso. Dizem que na noite só há playboys babacas ou caras interessados em fazer uma farrinha. Namorados em potencial, não tem. 
A diferença entre a história da minha amiga e a das moças que se queixam na Folha me parece estar na palavra “afinidade”. 
Minha amiga saiu com um grupo de amigos e foi a uma manifestação que tinha por objetivo protestar contra a violência policial. A chance estatística de esbarrar numa alma gêmea nessa circunstância é maior que numa pista de dança no Itaim. Na manifestação, as pessoas compartilham valores e estão ligadas, ao menos momentaneamente, por sentimentos comuns. Na balada o lance é outro: depois de beber e dançar, a maior parte dos seres humanos está biologicamente inclinada a fazer sexo, não a procurar um grande amor. 

Podemos dizer que na passeata, entre amigos, a seleção é feita por atração e afinidades, enquanto na noite, depois de três cervejas, os critérios são atração e disponibilidade. Afinidades têm o potencial de ligar as pessoas de maneira duradoura, enquanto a disponibilidade ajuda a fazer ligações diretas. Não há nada de errado – ou intrinsecamente certo – em nenhuma das duas, mas elas raramente conduzem ao mesmo tipo de resultado.   
Outra coisa a se levar em conta é que estamos vivendo no Brasil aquilo que eu chamaria de um período especial. Os ânimos estão exaltados e as opiniões radicalizadas. Nessa atmosfera, o que as pessoas pensam pesa ainda mais. Afinidade torna-se essencial. Você e eu somos capazes de tolerar gente com opiniões radicalmente diferentes das nossas, desde que elas mantenham alguma distância física. Mas, na nossa sala, na nossa cozinha, na nossa cama, não dá. De quem beija a nossa boca tendemos a exigir um grau elevado de cumplicidade. 

Se, depois de meia hora dançando, o bonitão da Vila Olímpia defender a repressão policial contra manifestantes ou a necessidade de bater em homens gays, você tem o direito constitucional de sair correndo e pedir um táxi. 
Por isso, eu acho feliz a forma como a minha amiga encontrou seu namorado. Num mundo cercado de incertezas, não há filtro melhor do que os amigos dos amigos. Redes humanas garantem procedência, produzem informação qualificada e funcionam como selo de qualidade. Evitam que a gente se envolva com entidades desconhecidas ou totalmente dissonantes. Uma simples olhada nos amigos conta uma enormidade sobre quem a pessoa é, o que ela faz e o que pensa. Isso não garante o futuro, mas oferece a chance de um bom começo. 
Culturas tradicionais como a indiana tentam organizar os encontros amorosos. Elas acreditam que as relações duradouras são importantes demais para serem deixadas ao acaso. Assim, as redes familiares participam ativamente nos arranjos de casamento, tentando garantir a compatibilidade de interesses e personalidade. Além de renda, claro. 
Nós não sabemos e não queremos mais fazer as coisas assim. Nosso anseio por autonomia tornou impossível delegar a qualquer grupo ou instituição a responsabilidade por nossa vida sentimental. Somos românticos, somos responsáveis por nós mesmos. Não há volta quanto a isso, e nem deveria. Mas talvez pudéssemos rever nossos critérios de busca. Se você não encontra um cara ou uma mulher legal na balada, tente um lugar onde possa fazer novos amigos. Você pode não achar o seu grande amor entre eles, mas é provável que evite outra roubada. 
(Ivan Martins escreve às quartas-feiras)