Economista que não economiza em palavras... Porque mesmo sem motivo eu gosto de falar.
sábado, 29 de junho de 2013
sexta-feira, 21 de junho de 2013
Protestar contra tudo é o mesmo que protestar contra nada
Não há, em minha opinião, nada mais assustador acontecendo hoje no Brasil do que o avanço dos fundamentalistas no Congresso Nacional. Aprovar projetos contra o direito de cidadãos de viverem plenamente sua orientação sexual, de usarem o próprio corpo da maneira que desejarem e de serem felizes ao lado do ser amado é o maior atentado à liberdade individual que pode existir. No entanto, na última quarta-feira 18 havia TRÊS manifestantes no plenário da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara protestando contra a aprovação do projeto da “cura gay”. Enquanto isso, do lado de fora, por todo o país, milhares de pessoas protestavam contra… Contra o quê mesmo?
Ao contrário do que alguns pensam, defender os direitos dos homossexuais não é pouca coisa. São brasileiros com direitos e deveres como todos nós. Mas, prestem atenção, não são só os homossexuais que os fundamentalistas ameaçam: no início do mês, a bancada evangélica conseguiu aprovar, na Comissão de Finanças e Tributação, o Estatuto do Nascituro, que prevê o pagamento de um salário mínimo às mulheres que optarem por não abortar em caso de estupro, projeto apelidado pelas feministas de “bolsa-estupro”. Se aprovado no plenário, o estatuto inviabilizaria outra conquista da sociedade brasileira, a pesquisa com as células-tronco embrionárias, liberadas pelo Supremo Tribunal Federal em 2011. Os fundamentalistas se articulam ainda contra as religiões de matriz africana.
Há mais de dez dias, a palavra “liberdade” está sendo usada a toda hora nas manifestações que sacodem o País a pretexto de exigir a diminuição das tarifas de ônibus e outras questões menos claras. Vi incontáveis faixas com “liberdade de expressão” nas passeatas. Mas não vi nenhuma falando em “liberdade de culto”, “estado laico” ou “respeito à diversidade”, que são o mesmo que liberdade, não tem diferença. Acho absolutamente decepcionante que, num momento como este, temas tão urgentes sejam esquecidos ou trocados por “inflação” e “corrupção”, para citar dois exemplos de itens genéricos bradados pelos manifestantes –ou pela mídia que tenta explicar as razões de eles estarem nas ruas.
Eu sinceramente pensei que, com tanta gente mobilizada, as pautas progressistas, tão necessárias e tão ameaçadas, fossem vir à tona: o estado laico, a questão indígena, o meio ambiente, os direitos dos cidadãos LGBTs. Que nada. O que vejo nas ruas é um festival de generalizações. Artistas divulgam nas redes sociais frases de efeito vazias: “Ou o Brasil muda ou o Brasil para”, “Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”. Essas palavras podem soar bonitas, mas não significam nada na prática. São apenas slogans escritos em uma cartolina por pessoas despolitizadas que não parecem genuinamente comprometidas com o País. “O gigante acordou” é trecho de propaganda de uísque. “Vem Para a Rua” é jingle de automóvel. Trechos do hino nacional ou de canções do Legião Urbana são poéticos porém inúteis.
Excluíram as bandeiras dos partidos de esquerda do movimento para que ele fosse “apartidário”. Ok. Mas desde que elas saíram, o volume de pessoas nas ruas aumentou e as manifestações perderam em conteúdo. Vejo gente saltando diante das câmeras de TV que nem no carnaval e assisto a entrevistas onde os participantes não conseguem concatenar meia dúzia de ideias para justificar por que estão ali. Resumem-se a dizer que protestam “contra tudo”. Contra tudo o quê, cara-pálida? É mentira que o Brasil esteja totalmente ruim para que seja preciso protestar contra TUDO. É contra a Copa? Ótimo. Pelo menos é UMA razão. Quem protesta contra tudo, a meu ver, não está protestando contra coisa alguma. Afinal, o protesto é à vera ou é só para postar no Facebook?
Uma manifestação se distingue de uma turba pelas reivindicações e pelas causas que possui. Uma manifestação sem rumo e sem causa pode se transformar facilmente em terreno fértil para aproveitadores e arruaceiros, como vimos diante da prefeitura de São Paulo na terça-feira e, na noite anterior, diante do Palácio dos Bandeirantes. Sim, eles são minoria, mas uma minoria de gente perigosa que agora já parte para saques e destruição do patrimônio público e privado. Sou totalmente contra o uso da violência em manifestações. Numa democracia, é perfeitamente possível protestar sem partir para a ignorância.
Cabe à polícia investigar quem são estas pessoas e puni-las. Aliás, a Polícia Militar brasileira tem sido um caso à parte nos protestos das últimas semanas: como é possível que os policiais sejam capazes de bater em manifestantes inocentes e cruzar os braços diante de vândalos? Será que a PM não sabe decidir quando é ou não necessário intervir duramente? Não conseguem distinguir manifestantes de arruaceiros? Que tipo de treinamento recebem, então? Isso também é feito com dinheiro do contribuinte, sabem?
(Veja no vídeo abaixo os vândalos agindo em Belo Horizonte sem que a PM de Minas Gerais mova um só dedo para impedi-los)
Sou e sempre serei a favor do povo nas ruas, batalhando por seus direitos, protestando e exigindo um futuro melhor. Isso é exercitar a cidadania. Mas eu aprendi que manifestações têm pautas. Qual é exatamente a pauta destes protestos? Se for pela tarifa, o pessoal do Movimento Passe Livre deve se sentar para negociar com o prefeito Fernando Haddad, que, a meu ver, errou em não fazer isto desde a primeira hora. Se for por algo mais além da tarifa, como sentimos, os manifestantes precisam encontrar um caminho, apresentar queixas concretas, reivindicações factíveis. Vivemos em um país democrático, não há governo tirano para derrubar. Se isso que estamos vivendo é uma “primavera”, é primavera do quê?
UPDATE: Os prefeitos das capitais concordaram em reduzir a tarifa. Vitória do Movimento Passe Livre, que conseguiu mobilizar as pessoas em torno de um objetivo. Mas e agora, como ficam os protestos contra “tudo”?
Publicado em 19 de junho de 2013Por Cynara Menezes
Com partido! Não dá pra eleger presidente por enquete do Facebook
por Lino Bocchini — publicado 21/06/2013 12:50
Com partido! Não dá pra eleger presidente por enquete do Facebook Um senhor de seus 70 anos tentava caminhar pela avenida Paulista com uma bandeira vermelha do PCO na noite desta quinta-feira. Era hostilizado o tempo todo: “Sem Partido!” era o básico. O grito era direcionado a todos com qualquer bandeira ou camiseta de partido político. Sempre gritado em coro, e de forma pausada --“Sem par-ti-dooo!!”. Mais um pouco e um de grupo recém-saídos da adolescência começa a urrar em sua orelha, bem próximo, em uníssono: “O-por-tu-nis-taaa! O-por-tu-nis-taaa!”. O militante veterano teve mais sorte do que muitos outros que tiveram as bandeiras arrancadas de suas mãos e queimadas. “Só pode bandeira do Brasil!” foi a ordem determinada aos berros e que ecoou não apenas em São Paulo, mas em muitas outras cidades do país.
É surreal. E assustador. Achei que democracia fosse outra coisa. Esses garotos só podem protestar livremente agora justamente porque esse mesmo senhor, dentre tantos outros, foram às ruas dezenas de vezes, ajudando a restabelecer a democracia em nosso país. E fizeram isso muito antes desses garotos que o xingam nascerem. Milhares de pessoas foram torturadas e outros tantos morreram para garantir a liberdade de expressão desses que agora querem proibir os outros de se expressar.
E não pode bandeira de nada. Até as do movimento LGBT foram coibidas. Afinal, lembre-se, a regra do exército de patrioteens é clara: “só pode bandeira do Brasil”. Afinal o vermelho poderia macular a micareta da juventude da TFP que ocupou a avenida Paulista --e tantas outras Brasil afora-- nesta quinta.
“Aqui é São Paulo, porra!”
Um dia antes, na quarta-feira, assim que foi anunciada a redução das tarifas em São Paulo e no Rio, cerca de 3 mil pessoas correram para a mesma avenida Paulista para comemorar. Também estive lá. Em um dado momento, o grupo todo parou em frente a Fiesp, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, um dos prédio mais emblemáticos da concentração de riqueza em nosso país. Por um segundo, me bateu uma esperança --“Vão xingar as grandes empresas”, pensei, iludido. Nada disso. Puseram a mão no peito e começaram a cantar o hino nacional, olhando para as luzes verde e amarelas da fachada, emocionados. Alguns o faziam de joelhos para a Fiesp. Literalmente.
Na boa... o que aconteceu com essa molecada? Que educação tiveram (ou não tiveram)? Em que momento da vida dessa garotada ideais de Plínio Salgado e o Olavo de Carvalho tornaram-se mais atraentes do que a rebeldia, a liberdade, o respeito às diferenças?
Pior: se o grosso da massa verde e amarela nem sabe quem é Olavo e quem foi Plínio, outros sabem muito bem: tinham grupos de ultra-direita organizados pelas ruas de São Paulo na noite desta quinta. Vários. Só pra citar meu exemplo pessoal, dentre tantos outros relatos, um elemento que tentei entrevistar leu meu nome no crachá de imprensa, me ameaçou, tentou arrancar o celular de minha mão e me empurrou quando tentei filmá-lo. Gritava exaltado, expelindo perdigotos na minha cara: “Aqui é São Paulo, porra!!”.
Criminosos à parte, estava nas ruas essencialmente uma massa que odeia partidos (qualquer um), e é contra tudo. Acham que todo político é igual –e corrupto-- e querem o impeachment de Dilma e de quem mais se lembrarem do nome. Pintam o rosto com as cores da bandeira, cantam o hino nacional louvando a Federação das Indústrias (ainda não acredito que vi isso) e nem se dão conta do absurdo da situação. Pior: acham lindo, emocionante.
E não é nada lindo, tampouco emocionante.
Acabar com partidos e tirar todos os políticos do poder é um absurdo e deveria ser obviamente uma sandice. Mas a gravidade do momento exige que certas obviedades sejam repetidas muitas vezes: se derrubarmos todos os políticos, fecharmos o Congresso e acabarmos com os partidos, quem assume a presidência, o Luciano Huck?
E as políticas públicas, serão debatidas onde, no Instagram? E depois de derrubarmos a Dilma provavelmente vamos eleger o próximo presidente por enquete do Facebook.
Os governantes que estão aí, por pior que sejam, foram eleitos. Muitos deles com seu voto, aliás. Parênteses: o senador Cristóvão Buarque (PDT-DF), na manhã desta sexta-feira, defendeu na tribuna do Senado o fim de todos os partidos. Inacreditável.
E, caro patriota, pense mais um pouco. Que tipo de gente você acha que está feliz com essa história toda? Se os diretores da Globo e da Veja e mais um bando de radicais conservadores estão marchando a seu lado, pode apostar: aí tem coisa.
Por mais jovem, descolado, bonito, bem nascido, bem vestido e até eventualmente bem intencionado que você seja, me desculpe. Sua postura é de um atraso inaceitável. Está servindo, mesmo que involuntariamente, a interesses perigosíssimos. Mais: você não “acordou” coisa nenhuma. Nessa história toda quem está na vanguarda e despertou há tempos é o tiozinho do PCO que você xingou.
Sobre os protestos no Brasil
Tenho lido varia análises daqui da Inglaterra sobre a onda de protestos no Brasil. A pessoas aqui me perguntam o que esta acontecendo no Brasil e os motivos dos protestos. O que consigo falar é sobre o que não são os protestos. Há pelo menos três grandes diferenças da onda de protestos no Brasil em relação aos protestos recentes ocorridos no resto do mundo.
Primeiro, a onda de protestos no Brasil não tem paralelo com o tipo de protesto dos “indignados” na Espanha. Na Espanha o protesto era contra as políticas de austeridade em um país no qual a taxa de desemprego está em 25%. No Brasil, temos a menor taxa de desemprego desde 2003, algo como 5,5%. Assim, o tipo de protesto que ocorreu recentemente em alguns países da Europa contra desemprego e cortes de serviços públicos não tem paralelo com o que está acontecendo no Brasil. O gasto publico e a oferta de serviços público aqui só faz aumentar e recentemente aprovamos o Plano Nacional de Educação para elevar o gasto com educação de 5% para 10% do PIB – se isso ocorrer seremos o país que mais gasta com educação (% do PIB).
Segundo, os protestos no Brasil tambem são diferentes dos protestos que ocorreram nos EUA com a ocupação do Zuccotti Park pelo movimento “Ocuppy Wall Street”. Lá as pessoas estavam se manifestando contra o crescimento da desigualdade de renda, que cresce nos EUA desde a década de 1970, e contra a influência econômica e política dos 1% mais ricos. No Brasil, ao contrário dos EUA, a desigualdade de renda vem caindo nos últimos 10 anos de forma rápida, a renda real dos trabalhadores cresceu e a pobreza diminuiu fortemente. É dificil alguém achar que o pobre de hoje está pior do que o pobre de dez anos atrás.
Terceiro, apesar da semelhança da mobilização via redes sociais como ocorreu com a primavera árabe, os protestos no Egito, Tunísia e agora Síria e Turquia são revoltas da população contra governos anti-democráticos: ditaduras. Novamente, este não é o caso do Brasil. No Brasil, temos democracia, número grande de partidos e liberdade de expressão. O eleitor tem feito escolhas por um Estado mais ativo na oferta de serviços publicos e políticas sociais. Basta lembrar que o Brasil tem uma carga tributaria elevada – 36% do PIB- porque gasta muito com política social e previdência. Os gastos sociais e previdência explicam 84% do aumento do gasto federal no Brasil de 1999 a 2012 e isso parece ser demanda do eleitor por maior proteção social, apesar dessas escolhas serem muitas vezes decorrentes da pressão de grupos organizados e de muitos não conhecerem as distorções do gasto público no Brasil. Mas será que agora o eleitor está arrependido de suas próprias escolhas? Não acredito.
Assim, o que explica a onda de protestos no Brasil? Tarifa Zero? Mas nenhum país do mundo que conheço tem tarifa zero em transporte público. Governos de paises ricos subsidiam o transporte para pessoas de baixa renda e estudantes, mas o transporte público não é de graça.
Os protestos são contra gastos com a copa? Pode ser parte da explicação. Apenas agora a sociedade pode ter se dado conta do elevado custo da infraestrutura da copa. Mas faria sentido agora derrubar os estádios? Por que não houve essa pressão quando o país foi escolhido para sediar a copa e olimpíadas.
Os protestos são contra o governo ou contra a classe política em geral? Não é claro. Ninguém sabe ao certo até porque os protestos ocorrem em várias cidades governadas pela situação e oposição. Ninguém sabe ao certo quais partidos ou grupos políticos se beneficiarão da onda de protestos, mas é claro que as pessoas tenderão a canalizar a maior parte da culpa para o governo atual, independentemente de sua real responsabilidade.
Os protestos são contra corrupção? Mas hoje temos no Brasil um Ministério Publico e uma policia federal que está investigando e punindo corruptos. Mas queremos matar os corruptos como se faz na China? É isso. Não sei.
Em resumo, não sei ao certo quais as demandas dos manifestantes e não há uma liderança dos protestos que possa negociar com o governo uma pauta de reivindicações. No entanto, ninguém sabe ao certo se e quais grupos politicos se beneficiarão dessa onda de protestos. Mas de qualquer forma é um movimento fascinante em uma sociedade que não tem o costume de grandes passeatas e protestos. É um fenomeno novo que ainda vamos levar algum tempo para entender.
quarta-feira, 19 de junho de 2013
A passeata
Por Antonio Prada > http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antonioprata/2013/06/1297427-a-passeata.shtml
Tinha punk de moicano e playboy de mocassim. Patricinha de olho azul e rasta de olho vermelho. Tinha uns barbudos do PCO exigindo que se reestatize o que foi privatizado e engomados a la Tea Party sonhando com a privatização de todo o resto. Tinha quem realmente se estrepa com esses 20 centavos e neguinho que não rela a barriga numa catraca de ônibus desde os tempos da CMTC. (Neguinho, no caso, era eu). Tinha a esperança de que este seja um momento importante na história do país e a suspeita de que talvez o gás da indignação, nas próximas semanas, vá para o vinagre.
Sejamos francos, companheiros: ninguém tá entendendo nada. Nem a imprensa nem os políticos nem os manifestantes, muito menos este que vos escreve e vem, humilde ou pretensiosamente, expor sua perplexidade e ignorância.
Anteontem, depois da passeata, assisti ao "Roda Viva" com Nina Capello e Lucas Monteiro de Oliveira, integrantes do Movimento Passe Livre. Ficou claro que, embora inteligentes e bem articulados, eles tampouco compreendem onde é que foram amarrar seus burros. "Vocês começaram com uma canoa e tão aí com uma arca de Noé", observou o coronel José Vicente. Os dois insistiram que não, o que há é um canoão, e as mais de 200 mil pessoas que saíram às ruas no Brasil, segunda-feira, lutavam por transporte público mais barato e eficiente. A posição dos ativistas de não se colocarem como os catalisadores de todas as angústias nacionais e seguirem batendo na tecla do transporte só os enobrece --mas estarão certos na percepção?
Duzentas mil pessoas de esquerda, de direita, de Nike e de coturno por causa da tarifa?
"Por que você tá aqui no protesto?", perguntou a repórter do "TV Folha" a uma garota na manifestação do dia 11: "Olha, eu não consigo imaginar uma razão para não estar aqui, na verdade", foi sua resposta. Corrupção, impunidade, a PEC 37, o aumento dos homicídios, os gastos com os estádios para a Copa, nosso IDH, a qualidade das escolas e hospitais públicos são todos excelentes motivos para que se saia às ruas e se tente melhorar o país --mas já o eram duas semanas atrás: por que não havia passeatas? Será porque a chegada do PT ao poder anestesiou os movimentos sociais, dificultando a percepção de que o Brasil vem melhorando, melhorando, melhorando e... continua péssimo? Ou será porque agora o Facebook e o Twitter facilitam a comunicação?
Se as dúvidas sobre as motivações --que brotam do solo minimamente sondável do presente-- já são grandes, o que dizer sobre o futuro do movimento? Marchará ou murchará? Caso cresça: conseguirá abaixar a tarifa? E, no longo prazo, terá alguma relevância? Mais ainda: adianta ir às ruas, fazer barulho? Ou a própria passeata extingue o impulso de revolta que a criou e voltamos todos para o mundinho idêntico de todos os dias, com a sensação apaziguadora de que "fiz a minha parte"?
Não tenho a menor ideia, estou mais confuso que o Datena diante da enquete, mas num país injusto como o nosso, em que a única certeza parecia ser a de que, aconteça o que acontecer, o Sarney estará sempre no poder, as dúvidas dos últimos dias são muitíssimo bem-vindas.
Antonio Prata é escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles "Meio Intelectual, Meio de Esquerda" (editora 34). Escreve às quartas na versão impressa de "Cotidiano".
quinta-feira, 13 de junho de 2013
Saudade do dia
Da epoca em que eu achava um absurdo o reajuste de 0,20 no ônibus, pensando no absurdo que era isso ao inves de ver que o aumento é inferior à inflaçao do periodo
#soquenao
terça-feira, 11 de junho de 2013
Parabéns pro Junim
Cris é sempre tão criativo e original nos presentes!! s2
Parabéns pra Junim (e pra Cris, que foi agorinha tb)!
Parabéns pra Junim (e pra Cris, que foi agorinha tb)!
Da caverna
Por Paulo Coelho - http://g1.globo.com/platb/paulocoelho/2013/06/11/da-caverna-2/
Joshé passou anos meditando numa caverna. Os donos do local, compadecidos com sua dedicação, enviaram um recado: iriam visitá-lo. E fariam algumas doações.
Joshé arrumou a caverna, preparando-se para a visita. Quando terminou a limpeza, desesperou-se: “Quero impressionar a Deus ou aos homens? Não quero parecer melhor do que sou”. Tornou a sujar tudo, jogando inclusive um pouco de terra no altar do deus Zyuk.
Zyuk apareceu para Joshé e disse: “assim você nunca irá melhorar. Há momentos em que precisamos da mudança. Torne a limpar tudo – e não me atire terra, mas as flores do seu coração”.
segunda-feira, 10 de junho de 2013
Saudade de dia
Da época em que meu planejamento (financeiro e nas premissas do trabalho) se baseavam num dólar a R$2,00
=(
=(
Reiniciados
Fissurado por literatura young-adult!
http://oglobo.globo.com/megazine/autora-de-reiniciados-conta-processo-para-escrever-livro-8308752
quarta-feira, 5 de junho de 2013
Culpa e ressentimento
Na primeira vez, em Antes do amanhecer, de 1995, eles eram dois jovens cheios de esperanças em relação à vida que os esperava. O romance entre eles foi um sonho de uma noite de verão. Na segunda vez, em Antes do anoitecer, de 2004, eles se encontram em Paris com o peso das suas escolhas se fazendo sentir. Ele casado, pai e infeliz. Ela sozinha, temerosa de que aquilo que sentia por ele não fosse se repetir outras vezes na vida. A conversa tornou-se séria, merecedora de mais atenção. Ao final do filme, eles não se despediram. Agora, nove anos depois, sabemos, afinal, o que aconteceu com eles – e com o amor da vida deles.
Estou falando, claro, de Antes da meia-noite, o filme que estreia no Brasil na sexta-feira (7). É a terceira parte da única série de sucesso do cinema que não está baseada em violência ou aventuras juvenis. As fantasias que Céline e Jesse nos oferecem são de outro tipo. Constituem escapismo romântico para adultos – e algo mais, que vem crescendo a cada filme.
Outras colunas de Ivan Martins
- A vida real é melhor
- Olhe para ela!
- "Trago o amor de volta"
- O mar de emoções
- Entre os olhos e o coração
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- O romantismo é essencial
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- A palavra que dói
- "Ele comia com os olhos"
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- O mar de banalidade
- Vivam os homens suaves
- E se ele não tem grana?
- Os rios dentro de nós
- Nicole e os sodomitas
- As primeiras sensações
Se você tem 20 anos, o filme pode parecer meio amargo. Se você tem 30, pode parecer que a vida não tem saídas. Aos 40, talvez tudo no filme lhe pareça bom demais. Ou você perceba que aquela forma beligerante de romance é o melhor que pode acontecer – se você optar por ser casado, monogâmico, pai ou mãe de família.
É claro que há outras opções existenciais, mas não é nesse filme que elas serão exploradas. Jesse e Celine formam um casal disposto a vencer as crises. São caretas. Estão lá para exibir os conflitos de quem fica, não de quem desiste e vai embora. Afinal, depois de nove anos de casado eles ainda se amam vertiginosamente – de um jeito que apenas o cinema permite amar.
Não vou contar o filme, mas queria sublinhar algo que, nele, me parece extremamente perturbador, e que guarda semelhança profunda com a realidade – a nova atitude de homens e mulheres no interior do casal.
No passado, sobretudo na ficção do cinema, o homem era dominante, de um jeito emocional e prático. À mulher bastava ser linda e risonha, que o sujeito cuidava do resto. Isso mudou. Neste filme, que se destina a plateias modernas, o homem é uma criatura inteligente e engraçada, quase um bufão que não faz mais do que aplacar os sentimentos exaltados e o enorme ressentimento da fêmea que ele ama.
A Céline interpretada por Julie Delpy (que ajudou a escrever o roteiro) entra em combustão espontânea a cada cinco minutos, e cabe ao personagem-marido de Ethan Hawke, o Jesse, acalmá-la e aquietá-la. Ela é apaixonada, explosiva, determinada a romper com tudo e mandá-lo às favas, mas ele não vai permitir. Cheio de amor, e cheio de culpa (afinal, ele não sabe nada sobre a casa ou sobre a vida das filhas), ele rasteja, contemporiza, seduz e se adapta. De certa forma, representa boa parte de nós.
Não vou contar o filme, mas queria sublinhar algo que, nele, me parece extremamente perturbador, e que guarda semelhança profunda com a realidade – a nova atitude de homens e mulheres no interior do casal.
No passado, sobretudo na ficção do cinema, o homem era dominante, de um jeito emocional e prático. À mulher bastava ser linda e risonha, que o sujeito cuidava do resto. Isso mudou. Neste filme, que se destina a plateias modernas, o homem é uma criatura inteligente e engraçada, quase um bufão que não faz mais do que aplacar os sentimentos exaltados e o enorme ressentimento da fêmea que ele ama.
A Céline interpretada por Julie Delpy (que ajudou a escrever o roteiro) entra em combustão espontânea a cada cinco minutos, e cabe ao personagem-marido de Ethan Hawke, o Jesse, acalmá-la e aquietá-la. Ela é apaixonada, explosiva, determinada a romper com tudo e mandá-lo às favas, mas ele não vai permitir. Cheio de amor, e cheio de culpa (afinal, ele não sabe nada sobre a casa ou sobre a vida das filhas), ele rasteja, contemporiza, seduz e se adapta. De certa forma, representa boa parte de nós.
As relações de casal modernas estão assim. Os homens lidam com mulheres cada vez mais ocupadas e ressentidas. O trabalho, os filhos, a dupla jornada, a TPM. Eles também estão cansados, mas a carga delas é pior – por isso, como Jesse, eles se curvam ao mau humor da companheira, por isso relevam e tentam acalmá-la e compensá-la. No centro da relação estão a culpa e o ressentimento, e a combinação desses dois sentimentos estabelece a dinâmica dos casais.
Exagero? Provavelmente. Aí estará você, leitora, gemendo por um marido tipo Jesse, culpado e flexível, em vez do macho cheio de direitos que tem em em casa. Mas lembre que o seu é um exemplar em extinção. Em poucos anos ele terá desaparecido e sobrarão dois tipos de homens na praça – os que dividem todas as tarefas da vida, e têm menos culpa, e os que não dividem, garantindo com charme, grana e alguma subserviência o direito a ser bem tratados. Que tipo você prefere ter em casa?
Talvez valha perguntar, também, que tipo de mulher você quer ser. A Céline de Antes da meia-noite oferece uma referência muito contemporânea e talvez um pouco triste. Ela parece viver entre a lembrança do grande amor que virou outra coisa e a insatisfação erótica e prática com a vida real, num espaço de grande insatisfação. O trabalho dela ficou em segundo plano, a realização dela também. Sobraram as filhas, o marido e ... o ressentimento.
Nos dois filmes anteriores da série, todas as possibilidades estavam abertas. Na primeira vez eles eram muito jovens e só havia futuro à frente deles. Na segunda vez, aos 30 e poucos, eles já viviam com as consequências dos seus atos e se tratava de acertar o rumo enquanto havia tempo. Agora, as escolhas foram feitas. O resultado não é perfeito, mas a vida é assim. Ela apresiona tanto quanto liberta. Novas escolhas são sempre possíveis, mas em circunstâncias cada vez mais limitadas. E mesmo as opções certas machucam. Há algo se que se possa fazer? Optar, viver – e ir ao cinema de vez em quando assistir a um bom filme...
terça-feira, 4 de junho de 2013
Alemanha abandona uso de sua palavra mais longa
O idioma alemão perdeu sua mais longa palavra graças a uma mudança numa lei de conformidade da União Europeia (UE).
'Rindfleischetikettierungsueberwachungsaufgabenuebertragungsgesetz', que significa 'lei que delega monitoramento de rotulação de carne', foi introduzida em 1999 no Estado de Mecklenburg-Oeste Pomerania.
A palavra perdeu razão para ser usada após mudanças na regulamentação de testes em gado de corte.
Na Alemanha é notório o uso de palavras compostas (sem hifens ou espaços), frequentemente para descrever termos da área científica ou do meio jurídico.
A palavra de 64 caracteres foi criada para ser usada no contexto dos esforços para combater a chamada 'doença da vaca louca' ou BSE (do acrônimo inglês bovine spongiform encephalopathy).
Mas depois que a UE pediu o fim dos testes em gado saudável nos abatedouros europeus, a palavra saiu de uso.
A imprensa alemã busca agora outras candidatos a palavra mais longa do idioma.
Entre as concorrentes, está 'Donaudampfschifffahrtsgesellschaftskapitaenswitwe', que significa 'viúva de um capitão da companhia Donau de navios a vapor'.
Entretanto, especialistas dizem que palavras tão longas como estas são raramente utilizadas e dificilmente entrarão no dicionário alemão.
A mais longa palavra que já foi incorporada no dicionário alemão é a 'Kraftfahrzeughaftpflichtversicherung', que significa 'seguro obrigatório de automóvel'.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
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