quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Mais da metade do país não tem rede de esgoto, aponta IBGE


Por Diogo Martins | Valor
RIO - As regiões Sudeste e Sul são as que mais ampliaram ou melhoraram o esgotamento sanitário em todo o país entre 2000 e 2008, ao passo que neste período o crescimento populacional ocorreu mais intensamente no Norte do Brasil, área onde praticamente não houve avanço do saneamento básico ou investimentos para o provimento deste serviço. As informações constam do Atlas de Saneamento 2011, divulgado nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em termos gerais, entre 2000 e 2008, houve aumento na proporção de cidades com acesso à rede de esgoto no país, que passou de 33,5% para 45,7%, ou 3.069 municípios, de acordo com dados coletados na Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) 2008. Do total de 5.564 municípios do país, 2.495 cidades estavam sem rede coletora de esgoto.
Das cinco regiões brasileiras, apenas no Sudeste mais da metade dos domicílios tinham acesso à rede de esgoto, contingente que chegou a 69,8%. No Centro-Oeste, a proporção foi de 33,7%, pouco superior aos 30,2% do Sul e aos 29,1% do Nordeste. O Norte do país tem o pior desempenho e apenas 3,5% de seu território tem cobertura de esgoto.
Dos municípios com rede de esgoto, apenas 1.587 possuíam tratamento em 2008, o que representa 29% das cidades brasileiras. Neste quesito, a melhor taxa também é verificada no Sudeste, onde 48% das cidades têm tratamento de esgoto, enquanto o Norte mais uma vez apresentou o pior resultado, com 8%.
Os números, para o IBGE, retratam o histórico de ocupação do território brasileiro, concentrado no litoral e nas áreas de influência imediata das capitais estaduais.
Na avaliação da gerente de coordenação de geografia do IBGE, Adma de Figueiredo, as obras de saneamento básico no Sul e no Sudeste acontecem em maior número em razão de a demanda ser mais forte e mais antiga que Norte do país, onde a exploração territorial aconteceu mais tardiamente. Ela salienta que grande parte dos recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a região Sul é direcionada a projetos de saneamento básico.
O estudo do IBGE observa que, na região Norte, municípios como os de Manaus, no Amazonas; e Santarém, Belém e Marabá, no Pará, apresentam crescimentos absolutos expressivos e inexistência de rede coletora de esgoto na maior parte destas cidades e em áreas próximas a elas.
Ainda de acordo com o atlas, a ausência de rede coletora de esgoto se estende com amplitude nas cidades das regiões Norte e Nordeste, “onde mesmo as áreas que exibem números positivos de crescimento absoluto são acompanhadas de fracos resultados em melhorias de esgotamento sanitário”.
De acordo com o IBGE, o aumento populacional com ausência de rede coletora de esgoto concentra-se no cerrado central e em territórios da Amazônia, em decorrência de impactos causados por ocupação econômica de migração e da formação do sistema urbano.
(Diogo Martins | Valor)

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