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Economista que não economiza em palavras... Porque mesmo sem motivo eu gosto de falar.
quinta-feira, 22 de dezembro de 2016
Você já viu um chester vivo? Empresa 'esconde' bicho e dá margem a mitos
Ricardo Marchesan e Maria Carolina Abe*
Do UOL, em São Paulo
21/12/2016
16h46
Ele é muito popular na ceia de Natal dos brasileiros, mas pouco se sabe sobre sua origem e sua vida antes de chegar até a mesa. O Chester® é uma marca registrada de frango (por isso esse "R" ao lado do nome).
Ele é vendido desde 1983 pela Perdigão e foi lançado para disputar mercado com o peru da Sadia. Na época, as duas empresas eram concorrentes; hoje, ambas pertencem à BRF.
Perdigão e BRF, porém, não divulgam imagens do chester vivo, e as informações "oficiais" disponíveis sobre ele são restritas.
"A ave especial da Perdigão resulta do cruzamento das melhores linhagens de frango existentes no mercado. Graças a esse trabalho, a ave que conhecemos hoje se diferencia das demais por oferecer mais peito, ou seja, a parte nobre da ave", informou a empresa, por meio da assessoria de imprensa, em mensagem ao
UOL
.
Questionada sobre fotos, afirmou: "(...) não dispomos de imagens desta ave em granja e/ou linha de produção". Pesquisando na internet é possível encontrar algumas imagens identificadas como chester, mas não é possível verificar sua veracidade.
Ave sem cabeça e galo de 1 metro
Esse mistério todo ao longo dos anos fez surgir estranhos mitos sobre a ave. Na antiga rede social Orkut, havia até uma comunidade: "O que diabos é um CHESTER ???".
"Transgênico", "doente", "monstro", "aberração" são algumas palavras usadas para se referir ao ser em questão. Não para por aí.
"Eles criam esses pseudo animais em tubos enormes cheios de líquidos semelhantes a placenta e enfiam vários tubos nos animais para que máquinas substituam seu coração, rins, fígado etc..", escreveu um internauta. E completou: "É um bicho sem alma, sem coração... e sem cabeça!!!"
"O galo (reprodutor) tem quase 1 metro de altura. As fêmeas quase não andam quando adultas e são poedeiras cativas", afirma outra pessoa em um fórum de discussão.
"(...) eles criaram uma galinha com um peito gigante. Tão gigante que ela nem pode andar e passa a vida toda deitada esperando o abate", diz outro.
"(...) é uma ave 'doente', com problemas mentais, que come 24 horas, se desenvolve muito rápido e por isso fica grande e gordo, pronto para o abate mais rápido que os outros galináceos", segundo outro internauta.
Afinal, chester é um bicho?
Chester é um animal, mas não é uma espécie diferente de ave, como o peru ou o avestruz, por exemplo. É a mesma espécie que o frango convencional.
Segundo Elsio Figueiredo, pesquisador da Embrapa
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), é como o cachorro: existe o poodle e o pastor alemão; eles são diferentes, mas ambos são cães, da mesma espécie.
De acordo com a Perdigão, foram feitos vários cruzamentos entre frangos com características específicas até se chegar a uma linhagem maior, com mais peito, a parte mais nobre da ave. O bicho tem 70% da carne concentrada no peito e nas coxas, segundo a fabricante.
Seu nome vem de "chest", que significa peito em inglês.
É transgênico?
O primeiro "frangão" foi importado dos EUA pela Perdigão em 1979 e, um ano depois, deu origem ao chester por meio de
melhoramento genético
. O uso dessa técnica é muito comum na indústria de alimentos, segundo Figueiredo.
O melhoramento genético é empregado pelo homem há mais de 10 mil anos, desde o início da agricultura, e funciona da seguinte forma: são selecionados para cruzamento os animais ou plantas com as características desejadas --por exemplo, maior resistência a doenças, maior produção de carne etc..
A ideia é transmitir essas qualidades aos descendentes, criando uma "versão melhorada" da mesma espécie. Por exemplo, plantas mais resistentes à seca, vacas que produzem mais leite ou... frangos com mais peito.
No melhoramento, a mudança acontece por meio do cruzamento entre membros da mesma espécie ou de espécies compatíveis. É diferente do transgênico, quando a modificação no código genético precisa ser feita por meio de intervenção em laboratório.
É cheio de hormônios?
De acordo com o pesquisador da Embrapa, não são usados hormônios para crescimento do chester nem das outras aves que consumimos. Primeiramente, porque o uso é
proibido por lei
no Brasil desde 2004.
Além disso, segundo ele, "não tem sentido", porque os animais são abatidos antes do tempo necessário para que as substâncias comecem a fazer efeito. Também tornaria a criação muito cara e não compensaria.
Segundo a Perdigão, a alimentação do chester é 100% natural, baseada em milho e soja, sem "adição de qualquer tipo de medicamento, antibiótico ou hormônio anabolizante para aumentar o seu crescimento e desenvolvimento".
Os animais sofrem?
Um mito comum a respeito do chester é que, por ter o peito muito grande, o animal sofre durante a vida e não consegue nem andar.
Elsio Figueiredo afirma que o cruzamento de diferentes tipos de frango pode, sim, gerar anomalias e levar ao sofrimento do animal. Porém, segundo ele, os próprios produtores teriam interesse em evitar isso: um animal que não consegue andar direito tende a comer e beber pouca água, prejudicando seu crescimento e desenvolvimento, o que causaria prejuízo.
Concorrentes do frangão
Outras marcas brasileiras vendem equivalentes ao Chester® com outros nomes, normalmente chamados de aves natalinas ou frango especial. É o caso do Fiesta, da Seara, e do Supreme, da Sadia.
http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2016/12/21/voce-ja-viu-um-chester-vivo-empresa-esconde-bicho-e-da-margem-a-mitos.htm
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