quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

The Economist e a política monetária do Brasil

http://oglobo.globo.com/pais/noblat/posts/2013/01/02/the-economist-a-politica-monetaria-do-brasil-480795.asp

A pilhéria, feita pelo jornal inglês Financial Times (24/12/2012) a respeito da gestão de Mantega, é uma conseqüência da primeira crítica oriunda de outra mídia econômica vinda da Europa quase falida. A edição impressa de 6 de dezembro do semanário inglês The Economist recomendava a demissão do ministro da Fazenda brasileira e classificava nossa economia como “moribunda criatura”.
Para além do conteúdo pontual da matéria e seus efeitos nos círculos de opinião no Brasil, o texto reflete uma posição generalizada nos circuitos financeiros. A “respeitável” publicação inglesa afirma com todas as letras. The Central Bank may be tempted to react to the latest figures with another interest-rate cut. That would be a mistake. Estão criticando Dilma por seus poucos acertos em política monetária.
Tal análise vai ao encontro dos interesses de seu público-alvo. Ao diminuir o retorno nas aplicações de curto prazo, os especuladores criticam a diminuição progressiva da taxa Selic. Isto implica em reduzir suas próprias margens de lucros. Para interpretar as razões deste ataque um pouco de teoria ajuda.
O economista francês François Chesnais afirmou que a migração de massas de capital em busca de valorização financeira deveu-se as dificuldades dos conglomerados empresariais em conseguir uma “razoável” margem de lucro na esfera produtiva a partir da década de 1970.
Por exemplo, as taxas de lucro que atingem mais de 20% no início dos anos ’60, caíram cerca de 12% em 1982 e 1983. Vamos além com este autor; a lógica rentista desta forma de acumulação provoca sangrias na esfera produtiva, e neste mecanismo gerado inclusive na base de fraudes, consiste a mãe de todas as “crises”.
Assim a rentabilidade dos detentores de capital fictício é, proporcionalmente, oposta aos direitos sociais e o poder de compra da massa salarial.
Acrescento a premissa da impossibilidade de existir equívoco quando os agentes econômicos estratégicos são dotados de informação perfeita. O chamado comportamento de manada (insuflado por textos como os aqui criticados) decorre também do tráfego de informação.
Estes rebatem dentro do aparelho de Estado - e dos organismos multilaterais – em função do mimetismo entre os ocupantes de postos-chave nos órgãos de autoridade monetária, bancos públicos e ministérios de Economia e Planejamento.
Quando o tomador de decisão não cumpre à risca o receituário publicado a favor de banqueiros e especuladores, torna-se alvo das baterias de desinformação midiática globalizada.
Bruno Lima Rocha é cientista político

www.estrategiaeanalise.com.br / blimarocha@gmail.com

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